Querida Betty

2. Fearless

Betty estava se arrumando para ir a universidade, quando atendeu a um telefonema de Spencer.

O empresário estava em seu carro acompanhado do professor de música.

Spencer 📲 - Elizabeth? Como vai, querida? Pensou direitinho, repensou? Leu o contrato?

Betty 📲 - Fiquei lisonjeada com a proposta, a música é um sonho pra mim, mas no momento estou preferindo deixar os meus pés no chão. Eu preciso desse diploma, preciso ajudar a minha família.

Spencer 📲 - Olha, querida, eu não vou mentir, o começo será difícil. Mas a grana que vai entrar pode ajudar bastante a sua família.

Betty 📲 - O problema não é só financeiro. Você não vai entender e eu preciso desligar. Que um dia os nossos caminhos voltem a se cruzarem.

Spencer 📲 - É uma pena, porque eu estou voltando para a Califórnia hoje. Eu sou muito insistente, não vou mentir. Então vou te mandar uma mensagem com o horário do meu voo e o endereço, assim se você mudar de ideia... Beijo, querida. [desligando]

Com raiva, ele joga o celular no capô do carro. O professor se assusta.

Spencer - Ô garota difícil, Deus me ajude a suportá-la. Você tem certeza que essa prova é hoje? E que o ônibus dela é aquele?

Professor - Absoluta.

Spencer - Ela ia fazer essa prova, no passado! Ou eu não me chamo... Deixa pra lá.

Spencer liga o carro e eles partem para a ação. Betty já estava no ônibus e Spencer se aproximando em alta velocidade.

Professor - Você vai matar a gente!

Spencer [rindo] - Para de ser frouxo, já passamos por coisa pior.

Fazendo manobras, ele acaba provocando colisões que param o trânsito. Em seguida deixa o local para não ser visto.

Spencer - Quero ver essa mimada ir de carroça pra faculdade.

Professor - Onde eu me enfiei, meu pai!

Spencer - Para de chorar e liga pro teu contato ficar de olho na Elizabeth.

Dentro do ônibus, Betty percebe que o trânsito não vai voltar tão cedo, recolhe suas coisas e sai correndo.

Ela acaba tendo a sorte de encontrar uma colega de carro e conseguir uma carona.

Alguns minutos depois, Spencer é informado que Betty chegou a tempo para a prova.

Spencer [furioso] - Vaca! Mas eu já estou pronto para isso.

Na universidade, Spencer entra escondido com a ajuda do professor e enquanto todos estão em suas salas fazendo a prova, ele toca o alerta de incêndio.

Betty - Era só o que faltava!

Professora - Virem a prova e vão até a saída da escola, não sabemos se o alerta é sério.

As salas ficam vazias, Spencer então se aproveita, entra na sala de Betty e coloca um celular em sua mochila.

Após o alarme falso, a prova é retomada. Tudo estava em silêncio quando, de repente, um celular começa a tocar. A professora segue o som até a mochila de Betty.

Betty - Não me olhe assim, eu entreguei o meu na porta.

Professora - Então vamos averiguar.

A mochila é aberta e lá estava o celular. Na coordenação, Betty é informada da sua situação.

Betty - Eu não faço ideia como esse celular chegou até lá, alguém da sala só pode ter tentado me prejudicar.

Reitora - Infelizmente, sem provas, a impressão que fica é que uma regra foi quebrada. A professora não está disposta a repor a avaliação.

Betty - Então eu vou para a recuperação? O que eu faço? Fui vítima de uma sabotagem!

Reitora - Entenda, querida, não seria justo com os demais bolsistas que você continue recebendo esse direito após quebrar as regras. Não é uma expulsão, mas a partir de agora, se quiser continue cursando nesta universidade, terá que pagar.

Na frente do prédio, Betty se senta na calçada arrasada com a notícia que recebera. Ela mexe em sua bolsa, encontra o contrato de Spencer e fica pensativa.

GRANDE VIDA - RN

Na cidade natal de Betty, sua mãe estava vindo da feira quando cruzou com Bernardo, dono de um quiosque na capital que estava chegando em casa.

Helena - Opa, Seu Bernardo! Como foi o movimento hoje?

Bernardo - Fraquinho fraquinho, só vai melhorar nas férias, mas dá pra sobreviver. Como vai sua filha? Estudando muito?

Helena - Ainda não falei com ela hoje, mas da última vez ela me disse que estava se preparando para as provas. O senhor sabe não é, foi uma benção essa bolsa, porque a fazenda não rende como antes. Já cheguei a conversar com Teodoro para vendermos e irmos morar em Recife, mas ele acredita que as coisas vão melhorar quando a Elizabeth voltar diplomada em agronegócio.

Bernardo - Quem sabe? Sua filha é muito talentosa e decidida.

Bernardo estava abrindo o portão de sua casa quando derrubou sua carteira. Sem que eles percebam, uma criança se aproxima, agarra a carteira e sai correndo. Helena grita.

Helena - Segura essa menina!

Mas ninguém a alcança. Os dois ficam chocados com a situação.

Bernardo - Isso nunca me aconteceu antes.

Helena - Uma criança roubando? Onde nós vamos parar?

RECIFE - PE

No aeroporto, Spencer estava prestes a embarcar.

Spencer - Eu não vou embora sem ela!

Ele sai da fila do embarque e quando estava prestes a deixar o aeroporto, esbarra com Betty. Ela lhe mostra o contrato assinado.

Betty - E então? Eu vou conhecer a Califórnia?

O empresário abre um sorriso.

GRANDE VIDA - RN

No final da tarde, a menina volta e observa a casa de Bernardo. Ela se aproxima acreditando não ter ninguém ao redor e quando estava colocando a carteira no correio, Bernardo a surpreende.

Bernardo - Agora você não escapa!