Capítulo único

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— Como ela está? — Ron perguntou se levantando.

— Mal, Ron, muito mal — Harry olhou sobre o ombro para se certificar que Hermione ainda estava no quarto.

— Não sei como ela aguenta...

— É só uma fase.

— E se não for, e se... Ela ficar assim para sempre? — O Weasley falou um pouco mais baixo, ambos engoliram em seco. Aquela possibilidade era impensável.

— Isso vai passar — Harry molhou os lábios e segurou os ombros do amigo — Talvez você devesse falar com ela.

— Eu? — Ronald choramingou, ambos ouviram alguns gritos de frustração de Hermione, seguido por Bichento quebrando as coisas no quarto.

— Você consegue — O moreno incentivou.

— Certo — Ron assentiu e deu alguns passos hesitantes até a porta, batendo algumas vezes antes de entrar — Mione?

Por pouco um livro não atingiu a cabeça do ruivo, batendo na parede, a milímetros de seu rosto, antes de cair no chão com um baque mudo.

— O que? — Hermione brandiu com os olhos se enchendo de lágrimas.

A garota estava sentada com as pernas cruzadas sobre a cama, sua postura estava reta e ela mantinha um biquinho acentuado pelos lábios carnudos. Ronald sentiu o coração acelerar, até brava a Granger era linda. Estava tentando pensar em algo para consolar Mione quando a morena voltou a falar, desabafando sobre seu mais recente ódio: a vida de vestibulanda.

— Eu não consigo, Ron, eu... — Ela engoliu o choro, foram meses de preparação para Enem e vestibulares, Hermione simplesmente estava esgotada — Eu vou desistir, não consigo... Eu estou perdendo a cabeça, não estou me saindo melhor, eu... Não sei mais o que fazer. É tudo tão horrível, Ron.

O Weasley hesitou por um momento antes de andar até a cama e se sentar ao lado da Granger, abraçando-a contra seu peito na tentativa de acalmá-la. Um cafuné em seu cabelo e o silêncio do quarto, a não ser pelo ronronar incessante de Bichento, fizeram com que em poucos minutos, com ajuda de algumas respirações longas seguidas de suspiros profundos, Hermione se acalmasse. Eram amigos desde a infância, mas os dois sabiam que o sentimento que compartilhavam ao ficarem tão próximos era algo além de amizade. Ron amava a garota e Mione estava descobrindo que também amava ele.

— Obrigada... Por estar aqui — A morena se afastou, achando estranha a sensação de não estar envolta pelos braços do ruivo.

— Mione, você é a pessoa mais inteligente que conheço, eu e Harry não estaríamos vivos sem você — Ronald molhou os lábios e afagou o rosto de Hermione — É só uma prova, você vai se sair bem, e mesmo se não sair, não é o fim do mundo.

— Parecesse como se fosse — fungou, desviando os olhos para as pilhas de livros e cadernos em desordem pelo quarto.

— Você sabe que eu e Harry ainda estaríamos aqui, mesmo se fosse o fim do mundo — As bochechas do Weasley coraram, mas ele segurou a mão da grifinória — Vai ficar tudo bem. A universidade não vai sair do lugar e se tem alguém que consegue passar por isso, é você. Além do mais, mesmo que dê tudo errado, você sempre tem um lugar aqui em Hogwarts, ou com Harry e o padrinho, com seus pais... Ou na Toca, comigo.

Foi a vez das bochechas de Hermione ficarem mais coradas, houve outro olhar entre eles, o quarto pareceu um pouco mais quente, mas assim que o contato visual se desfez, tudo pareceu voltar ao seu lugar. A garota suspirou baixinho.

Ron queria saber se era o único pensando que talvez, só talvez, beijar sua melhor amiga não fosse uma ideia tão ruim. "Será que ela vai me bater?" a mente do ruivo se lembrou do soco que Mione dera em Draco há alguns anos, o loiro não tinha tentado beijá-la, mas... A Granger parecia ter força no braço.

"Vamos, Ron, me beija" a morena pensou antes que pudesse se conter, sua parte racional pedia para ela ser mais ponderada, tomar cuidado com isso. Porém Hermione estava cansada de ouvir sua parte racional. Os mais recentes acontecimentos, com as provas chegando e o término de Ronald com Lavander, a fizeram querer jogar tudo para o alto. Talvez não fosse fazer isso com os estudos, mas... Fez um carinho com o polegar na mão do Weasley, seus olhos se encontraram de novo e ele finalmente percebeu.

O ruivo foi se aproximando, até os lábios de ambos se encontrarem. Olhos fechados, corpos próximos, um gato espirrando do outro lado do quarto. Quando se afastaram, nenhum dos dois falou nada. Hermione se aninhou nos braços de Ron e deitou a cabeça em seu peito, voltando a abrir um livro de álgebra. Mais tarde, quando estivesse um pouco menos estressada, a garota provavelmente tentaria convencer Ronald a entrar em uma universidade no próximo ano, não funcionaria, mas poderiam usar isso como desculpa para passarem mais tempo juntos, "estudando". Nada como surtos por causa de Enem e vestibulares para unir casais prováveis.

Pela fresta da porta, Harry espiou os amigos com um sorriso no rosto. Mione estava se preocupando demais e Rony de menos, constatou que eles funcionavam bem juntos. Deu de ombros, mais um dia no internato. Se a inspetora Umbridge soubesse que Weasley e Granger estavam no mesmo quarto... Um arrepio passou por sua espinha, iria vigiar a porta do dormitório feminino para dar mais um tempo para os dois. Era isso que bons amigos faziam, além do mais, ele bem sabia que Hermione daria medo no próprio diabo se estivesse irritada o suficiente, um calmante Weasley faria bem para a saúde de todos. 

A vida de vestibulanda - RomioneOnde histórias criam vida. Descubra agora