Havia sido ideia de Neil aquilo, segundo ele era pra Andrew não se sentir tão sozinho depois de sair da faculdade e ter sua família longe dele. Aaron estava em Chicago na faculdade de medicina, Nicky voltou pra Alemanha, Kevin estava em Seattle com seu time profissional e Neil estava em seu último ano na PSU ainda.
Andrew não se sentia sozinho, ele sentia que tinha paz agora, podia comer seu sorvete sem Kevin reclamando a cada segundo sobre ser saudável, podia sentar e ler um livro em paz sem ter Nicky tagarelando ao seu redor e não tinha mais Aaron e a líder de torcida por perto. Mas uma pequena parte dele sentia falta do idiota viciado em exy com quem ele dividiu a pequena cama do dormitório por três anos. Então talvez, só talvez, Neil tivesse razão e ele poderia ter um animal de estimação no apartamento, um gato de preferência já que davam menos trabalho pra cuidar e podia ficar longas horas sozinho sem destruir um apartamento.
Ele não contou a ninguém quando foi até o abrigo de animais na cidade, não contou a Neil que estava pensando em adotar uma bola de pelos pra deixar seu apartamento menos vazio. Não, ele apenas foi até lá e falou rapidamente com a mulher que estava na recepção, apenas falou que queria ver os gatos que eles tinham e foi encaminhado até uma das portas do lugar onde dava acesso a área dos gatos.
O lugar era um quarto grande onde os gatos podiam ficar livres, havia várias árvores pra eles e arranhadores também, os gatos estavam espalhados por todo lugar.
- Essa é a área de lazer deles, deixamos eles soltos aqui pra se sentirem mais livres e facilitar também na hora que alguém vier ver eles
A mulher - Karen? Andrew não prestou atenção no nome dela - disse enquanto eles andavam pela sala, quase todos os gatos observavam eles passando com curiosidade mas logo voltavam a fazer o que faziam antes.
- Temos alguns outros em outra ala, os recém resgatados da rua ou de lares abusivos, esses estão passando por cuidados ainda e só depois vão poder passar pela adaptação pra se darem bem com os outros. E em algumas salas tem os poucos gatos que não conseguem se dar bem com os outros e preferimos manter eles afastados pra não causar brigar e eles se machucarem
Andrew apenas balançou a cabeça afirmando, seu olhar ainda sobre todos os gatos os analisando, nenhum chamou muito a atenção dele.
A visita continuou até Karina passar por um dos quartos que tinha após a sala e ele viu dois gatos ali dentro, um deles era um gato preto que estava em cima de uma árvore alta e olhava todo abaixo dele como se não fosse nada, já o outro era laranja e estava deitado na janela tomando sol. Andrew parou na porta da sala e observou com mais atenção os dois felinos, o preto parecia arisco e analisando melhor ele percebeu que ele tinha um arranhão sobre um dos olhos dele.
- Esses chegaram aqui a dois meses, a preta não deixa ninguém se aproximar demais dela e do outro. Eles foram encontrados na rua juntos e não se desgrudam nunca
- O que aconteceu com o olho dela?
- Já a encontrarmos assim, o veterinário disse que ela provavelmente ganhou isso em uma briga de rua. Não afeta totalmente a visão dela
Andrew entrou no quarto e atenção do preto foi diretamente pra ele, o gato o analisou como se procurasse uma ameaça e chiou quando Andrew se aproximou de mais do laranja. Agora de perto Andrew conseguia ver que ele não tinha parte do rabo e sua orelha era cortada.
- Também encontramos ele assim, o preto estava protegendo ele e não deixava ninguém se aproximar dele. Foi uma luta pra sedar ambos e trazer eles pra cá para cuidados. Se alguém quiser adotar um deles vai ter que adotar os dois.
Naquele momento Andrew se decidiu. Aqueles gatos precisam de um lar, precisavam de alguém que cuidasse deles e que não os separasse mais, que respeitasse seus limites e não os abandonasse mais.
Andrew estendeu a mão, esperando o laranja se inclinar em sua direção pra poder acariciar atrás da orelha dele.
- Vou levar os dois
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A adaptação dos gatos foi demorada e complicada, a gata preta era arisca e não confiava facilmente, já o laranja vivia grudado nela, o que não facilitava pra Andrew conseguir se aproximar. Mas ele deu tempo a eles, deu espaço e deixou eles se acostumarem com a casa e com ele, sempre deixava a ração deles onde eles podiam ver, junto com as vasilhas de água, deixava as janelas abertas pra eles tomarem sol - ele colocou tela na janela pra eles não pularem - Andrew deu tudo o que eles precisavam pra ter um lar seguro pra eles.Com o passar dos dias o laranja passou a se aproximar mais dele pedindo carinho e depois que a preta viu que ele não era uma ameaça ela se aproximava as vezes também, geralmente ela se deitava no encosto do sofá quando Andrew estava sentado lá, as vezes se inclinava pedindo carinho e ele prontamente coçava atrás da orelha dela, a ouvindo ronronar e relaxar mais ali.
As coisas estavam se saindo bem agora e ele sentia cada dia mais que os gatos confiavam nele e se tornavam parte da casa e da sua rotina.
Neil soube sobre os gatos em sua próxima visita, um mês depois que eles chegaram. Andrew e Neil andavam tão ocupados que quase não conseguiam se falar durante aquele mês, então acabou que Andrew não falou sobre os gatos e deixou o namorado descobrir apenas quando na próxima visita. E o viciado imediatamente se apaixonou pelos felinos e por mais incrível que parece os felinos por ele, mas Andrew não se surpreendeu tanto, todo mundo sempre gostava de Neil e não poderia ser diferente com aquelas duas bolas de pelo.
- Você já deu nome a eles? - Neil questiona enquanto estava sentado no chão, acariciando a barriga do laranja
- Preto e laranja
- Não podemos chamar eles pelas cores dele!
- Praga e peste então
- Drew! - Neil o olha como se estivesse repreendendo ele - Vamos pedir ajuda as raposas pra decidir os nomes deles
-Achei que você fosse o expert em dar nomes - Andrew arqueia a sobrancelha
- Bom... Em dar nomes pra mim e não pra animais, não faço ideia de que nome dar a eles, então o melhor é pedir as raposas ideias
E foi assim que começou a discussão no chat das raposas sobre qual nome eles deveriam dar aos gatos, isso depois que todos pararam de babar e falar como eles eram fofos.
Era um nome pior que o outro que eles sugeria e Andrew estava quase os chamando de praga e peste mesmo, mas Neil ainda estava decidido que iria dar um nome de verdade a eles.- Esses não parecem tão ruins... King Fluffkins e Sir Fat Cat McCatterson
- São estúpidos - Andrew alega enquanto a praga se enrolava em seu colo e ele acariciava atrás de sua orelha, sabendo que era onde mais gostava.
- Podemos chamar eles de King e Sir
- Caso você não se lembre um deles é fêmea
- E daí? Kevin é homem e chamamos ele de rainha
Neil fala sem ligar enquanto peste se deitava no encosto do sofá atrás dele, Andrew olhou eles e sentiu algo se aquecer em seu peito e percebeu que era aquilo que ele queria pra sua vida.
Não tinha nada que ele quisesse mudar naquele momento, talvez só o fato de Neil ainda não morar com ele, mas isso seria resolvido em em pouco tempo.Por agora, Andrew se sentia bem com aquilo que tinha, um apartamento, dois gatos - que realmente foram chamados de King e Sir -, um namorado viciado em exy, uma família que o apoiava mesmo de longe.
Aquilo parecia um pouco como um lar pra Andrew, mas ele ainda não sabia exatamente o que significava casa.
Ele esperava conseguir descobrir em breve, mas tinha uma leve sensação de que Neil e os gatos poderiam significar aquilo pra ele.
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FanfictionAndrew nunca pensou que sua vida pudesse mudar tanto e que ele fosse gostar dessas mudanças. Mas principalmente, ele não sabia que um dia iria saber o que significava a palavra lar.