Syre

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As coisas podem acontecer por um propósito ou podem simplesmente acontecer, e não existe motivo para isso, trata-se apenas de estar no lugar certo na hora certa. Era assim que Dalila sentia-se naquele momento de sua vida: estava no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas. De repente, a luz do dia ficou mais brilhante, as pessoas caminhavam em um novo ritmo pela rua, tudo parecia um grande concerto musical. Era assim que era ser feliz? Estar em um concerto musical? O mundo inteiro parecia pequeno para seus planos.
Dalila queria tanto, era tão jovem, tinha toda a vida pela frente. Ela seria a senhora Smith? Dalila Smith? Soava estranho, no entanto ela gostava.
Caminhava pela calçada de uma cafeteria, sentiu algo tocar muito alto, como um gigante despertador. Ela parou. Todos ao seu redor seguiam normalmente, como se mais ninguém tivesse ouvido. Ela olhou para cima, tentava achar algo ou alguém mas nada viu e continuou andando. Novamente escutou um barulho alto de despertador tocar, dessa vez não parava, parecia vir do céu, não entendia o que estava acontecendo. Seu mundo todo começou aos poucos a desaparecer, tudo começava a ficar escuro, Dalila sentia seu corpo quente, tudo ficou preto e então ela abriu os olhos.
Estava deitada na cama, o celular na mesa ao lado tocava, ela o pegou com a mão direita e desligou o despertador. Tentava ainda entender aonde estava: era o seu antigo apartamento. Após alguns minutos ela sentou-se na cama, ainda era Dalila, a antiga Dalila, a única Dalila existente. Era o quarto dela com Lucia, o porta retrato da cabeceira ainda eram elas na foto. Dalila abriu suas redes sociais, lá estava Jaden, totalmente distante, ele nunca a seguiu, nunca falou com ela, ao ver fotos dele sentiu saudades e seu coração apertou, nada tinha sido real. Foi uma noite longa, um sonho intenso, só isso. Ambos estavam aonde deviam estar.
- Você não vai levantar? Vai se atrasar para o trabalho. - Lucia disse ao aparecer na porta do quarto. Era a antiga Lucia, a única Lucia que existiu.
- Eu já estou indo. - respondeu Dalila sem muita coragem.
Dalila apenas queria deitar na cama e tentar retomar o sonho, fechava os olhos e implorava que conseguisse sonhar novamente, não adiantava. A única coisa que ela conseguiu foi se atrasar. Levantou da cama e foi até o banheiro escovar seus dentes. Olhou-se no espelho, tudo era o mesmo, porque ela se sentia diferente?
- Eu vou para a faculdade tá? - Lucia a deu um beijo na bochecha, Dalila não respondeu, ainda estava tão aérea.
Ela foi trabalhar, o dia passou como uma lesma, ela viajava em um mundo distante, perdeu a conta de quantas vezes foi chamada atenção por não prestar atenção ao que fazia.
Dalila se sentia tão enganada, porque nada daquilo poderia ter sido real? Estava confusa, namorava Lucia, gostava dela, toda a parte do relacionamento delas era verdadeiro, mas agora era como se nada mais fizesse sentido.
Foi um longo dia, ao ir para casa, Dalila comprou algumas cerveja no caminho, precisaria delas para compensar o dia de merda que tinha tido. Ao chegar , Lucia estava sentada no sofá da sala, tinha duas malas perto da porta. De repente tudo parecia tão familiar, ela, ali sentada no sofá, esperando que Dalila entrasse.
- Oi, você chegou. Precisamos conversar. - o tom de voz de Lucia a incomodava, não gostava dele.
- O que aconteceu? - perguntou Dalila apreensiva.
- Eu vou embora Dalila, nós precisamos terminar, não posso mais continuar com você, preciso fazer isso, por nós duas. Sinto muito.

Lucia pegou suas duas bolsas e saiu, Dalila nada disse, abriu uma das cervejas que tinha comprado, olhou para a janela, o sol estava se pondo. Subiu para o terraço com suas cerveja e lá sentou-se para admirar o por do sol. Do jeito que sempre fez e sempre iria fazer: sozinha.

"And as the legend goes, Syre lived forever on and never and forever alone" - Smith, Jaden.

Falling For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora