Hoje Suzani veio me ver, ela estava mais sorridente do que sua última visita.
Ela me conta alegremente sobre o Estefan, um novo "amigo" que conheceu num café.
Confesso que senti ciúme, mas fiquei muito orgulhoso dela.
Eu e Suzani nós conhecemos na escola, ela era bem quieta, tinha cabelo preto curto e usava óculos fundo de garrafa.
Ela era muito fofa, ficava vermelha com facilidade (risos).
Nós viramos melhores amigos, apesar de não termos absolutamente nada em comum, mas teve uma conexão, ela aos poucos virou parte de mim.
Me lembro até hoje quando dei seu tão querido apelido, enquanto ainda estávamos na escola.- Ei Suzani, posso te dar um apelido?
- Mas é claro Mark!
- Vejamos, que tal "su"?
- Não, meio estranho (risada).
- (Risos) Verdade!, Calma deixa eu pensar...
- Vai no seu tempo.
- Então que tal Suzi?
- Parece bom, gosto desse.
- Então vai ser esse, minha pequena e fofa Suzi (abraço).
- A Mark desgruda, meu cabelo vai ficar todo bagunçado!
Era surpreende a quantidade de vezes que eu conseguia bagunçar o cabelo dela num só dia.
Depois que nos formamos ficamos um pouco mais longe um do outro, comecei a morar sozinho até.
Um dia Suzi brigou feio com seus pais, ela voltou tarde pra casa e esqueceu de avisar, isso foi só o motivo para o começo da discussão, ele falou muita marda pra ela, que com raiva mandou eles se foderem, assim eles a expulsaram ela de casa.
Suzani me ligou aos prantos me contando tudo, fiquei com muita pena da minha amiga, ela nunca teve um bom relacionamento com sua família.
Como eu já morava sozinho, chamei ela pra dividir o app até ela ter um lugar pra morar.
E assim Suzi entrou na minha vida, de uma forma totalmente inesperada.
Aos poucos começamos a fazer tudo juntos, íamos a baladas, piqueniques, cinema, bares e até almoços da minha família.
Nossa intimidade também evoluiu, logo eu comprava absorventes para ela, e ela lavava meus tênis e até cuecas as vezes.
Nós acostumamos um com o ou outro de uma forma incrível, as pessoas também reparam nisso, começamos a ser convidados juntos para festas e aniversários.
Eu comprava chocolate pra ela quando estava de TPM, ela fazia sopa pra mim quando ficava doente, e eu até preparava drinks para ela as vezes, fazia isso enquanto ela desabafava sobre os caras merda que ela saía.
Nesses dias era comum dançarmos bêbados e cantar músicas românticas até o dia raiar.
Duas pessoas que nunca encontram o amor.
Foi o que pensei, então um dia minha Suzi chegou bêbada em casa, contou-me
que descobriu que seu namorado a havia traído.
Eu a abracei com força, logo ela desmoronou sobre meus braços.
Dizia entre as lágrimas e soluços que não entendia o porque dele fazer isso com ela.- Mark eu me dediquei tanto a ele!
- Eu sei Suzi.
- Eu comprei as alianças de namoro, levava ao cinema, até paguei uma viagem prá nós passar as férias dele!
- Ele não merecia você!
- Ahh Mark, queria que meu namorado fosse igual você!
- Chato, arrogante e sarcástico??
- Não seria tão ruim se ele tivesse o outro lado também.
- Que outro lado?
- Um cara amável e dedicado, que saiba me mimar e me amar do jeito que eu sou!
- Realmente você anda muito mimada, venha sente no sofá comigo.
- E também saiba me resgatar quando eu estiver perdida nas minhas próprias tempestades, e me lembrar que depois da chova vem o arco-íris!
Depois disso ela dormiu em meus braços, e o que ela falou ficou na minha cabeça.
Foi aí que eu percebi o quanto a amava, e não só como amigo.
Eu sentia muito a falta dela quando viajava, ficava ansioso para ir pra casa e vê-la, tinha ciúme dela, e até ficava bravo quando ela dormia fora com alguém.
Depois desse dia passei a ver Suzi de forma diferente, não a adolescente quieta que conheci na escola, mas a mulher que ela se tornou.
Mas eu preferi guardar esse sentimento bem fundo, tranquei meu coração a sete chaves, não podia estragar nossa amizade que ia fazer sete anos!
Um ano se passou, ate que eu dia eu sofri um acidente quando íamos sair.
Me lembro dela pedindo pra não deixá-la, lembro de ser carregado até a ambulância .
Ela pegou minha mão, e disse que não ia me deixar por nada, eu senti que era hora, mesmo com muita dor e quase não vendo nada eu confessei:- Eu te amo, eu sempre te amei!
Ela não respondeu, senti uma sensação de arrependimento começando a se formar no meu peito, até que senti as lágrimas dela caírem na minha bochecha.
- Eu também Mark! Eu te amei desde o dia que te conheci. Eu tentei gostar de outras pessoas, eu não queria estragar nossa amizade, mas eu sempre te amei.
Com muito esforço eu abri meu olhos e procurei os dela, não havia mentira neles, era apenas um olhar de amor.
Com essa imagem na mente eu fechei os meu olhos já molhados com lágrimas de felicidade.
Eu ouvi o eco da sua voz me pedindo pra aguentar firme, e logo ela começou a implorar pra voltar pra ela, mas eu não consegui abrir meu olhos.
Hoje faz dois anos que morri, Suzi me visita uma vez por semana.
Ela senta, desabafa e até chora, eu tento consolar ela, mas não sei se ela me ouve.
Ela tinha perdido a cor, mas agora dois anos depois de tudo, está aos poucos recuperando seu brilho.
Deve ser por causa do Estefan, ele deve fazê-la feliz, e sinceramente agradeço por ele cuidar dela.
Hoje ela me trouxe uma carta, foi escrita a três anos, ela nunca teve coragem de me entregar.
Ela leu e no final continha uma pequena rima:- Graças a você eu aprendi a sonhar,
Aprendi a me amar, então por favor,
Deixe com você eu ficar e pra sempre te amar!Elas estava com um olhar triste, queria que pudesse ver minhas lágrimas.
Tirou um isqueiro do bolso da calça e me disse:- Hoje posso finalmente te deixar ir Mark! Nunca me esquecerei de você, vai ser sempre uma parte de mim e da minha história, eu sinto sua falta, todos os dias, mas como você me ensinou um dia " é preciso seguir em frente, independente da situação", hoje eu entendo porque você fez parte da minha vida.
Você né ajudou na minha metamorfose, mas como toda borboleta tenho que voar sozinha, mas vou voar com as asas que você me deu!Ela queimou a carta, e eu segui meu caminho seja lá pra onde for, e ela seguiu o dela, corpos separados mas almas unidas.
Talvez um dia eu a encontre, a Suzi que eu tanto amei.Um dia...
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Talvez um dia eu a encontre...
RomanceHistória curta. As vezes é tarde para voltar atrás...