Frio
O frio dominava as ruas de Londres pela manhã, o inverno estava para chegar e os primeiros flocos de neve no dia caíam por toda parte enquanto os londrinos começavam a acordar para trabalhar e dentre esses, um já estava de pé há algum tempo.
Um homem andava pelo Regent's park, cansado, seus passos marcavam a neve fresca, evidenciando seus passos até o parque parcialmente congelado. Foi uma noite especialmente difícil para George. Talvez a pior desde seu aniversário, onde sua mãe lhe ligou mais uma vez só para o dizer o quanto ele era uma decepção pelas suas escolhas de carreira, sexualidade e mais o que ela conseguira pensar na hora sobre seu filho querido, mas essa além de tudo foi cansativa.
George terminou sua live pelas 10 da noite, fez um espaguete simples para o jantar, tudo como sempre. Bem, até aquela maldita mensagem, tudo virou de cabeça pra baixo e seu coração tem falhado em suas batidas desde então.
A mensagem era de Clay, seu melhor amigo. Os dois se conheciam há bastante tempo e suas respectivas carreiras de sucesso na internet eram praticamente compartilhadas, tinham uma relação quase de irmãos. Porém, certas coisas mudaram naquela noite no segundo em que seu celular vibrou e ele leu em sua tela: "George, tem um minuto? É sério".
George havia sentido o peso da mensagem ao perceber que não havia um toque do Dream brincalhão, sem "Gogy" ou algum trocadilho ridículo. Na conversa que se seguiu, Dream se abriu como nunca havia antes, o contou sobre seus problemas, sobre seus sonhos. Por um lado, George se sentiu quase honrado por seu amigo confiar no mesmo, mas ele foi ficando cada vez mais triste pelo amigo e como se não pudesse ficar pior, essa conversa terminou com aquela fatídica mensagem de Clay às 3 da manhã:
"Isso foi um erro, eu não devia ter dito isso" e desde então, Dream não respondeu mais, deixando George sozinho com seus pensamentos sobre o que seu amigo havia dito, ele ouviu tão pacientemente enquanto o loiro o dizia sobre sua pressão diária, sua ansiedade, e não julgava seus conselhos como ruins, mas sua própria ansiedade falava mais alto e George rolou em sua cama a noite inteira chorando e se perguntando o porquê de tudo isso, ele havia dito algo errado? Havia soado insensível? Ele simplesmente não conseguia parar de pensar que havia magoado seriamente seu melhor amigo
E por isso, ao amanhecer, George já não aguentava mais esses pensamentos e saiu, só colocou seu casaco e saiu andando pelas ruas.
O que nos traz até aqui, onde George caminhava pela neve fofa até um banco em frente a um lago. Ele sentou no banco e lá ficou, olhando a neve cair sobre o parque e sobre si mesmo. Enquanto ele permaneceu ali sentado, George sentiu seu rosto queimar e as lágrimas voltaram a cair.
"QUE MERDA"-berrou George ao nada. Quando havia ficado tão sensível? Quando passou a se importar tanto com um cara que nunca sequer viu o rosto? E por que ele se sentia cada vez mais confuso quanto mais ele pensava em tudo isso?
"Você sabe que não é o único neste parque, por que a gritaria?"-uma voz familiar quase sussurrou atrás de si, quase como uma assombração. George então quase pulou do banco pelo susto. É claro, não é normal alguém lhe chamar no parque às 7 da manhã. Quando ele se virou, se deparou com um rosto familiar
Um homem bem agasalhado de cabelos castanhos cobertos por uma touca lhe lançava um olhar caloroso e amigável por trás da lente de seus óculos, aquele era Wilbur Gold, ou Soot, dependendo de sua intimidade com o mesmo. No caso de George, eles eram bons amigos que não se viam há algum tempo. É claro, estavam há um trem de distância um do outro, mas George tem ficado mais recluso de um tempo para cá, então, faziam algumas semanas que os mesmos não se viam
"Wilbur? O que você tá..."-George começa
"Fazendo em Londres, uma cidade que fica há uma hora de carro da minha casa? Visitando meus pais. É claro, se estiver falando do parque, gosto de caminhar de manhã, me ajuda a compor. Agora, vamos ao elefante na sala, por que você está gritando num parque público às... 7 e 38 da manhã?"-disse Wilbur checando o relógio em seu pulso e logo depois, sentando ao lado do mais velho e o olhando com o olhar gentil e ao mesmo tempo esnobe de sempre
"Clay... eu acho que estraguei tudo com o Clay... ele me mandou mensagem ontem à noite e eu acho que falei alguma coisa errada, ele não quer mais me responder e..."-George balbuciava entre lágrimas e como sempre, Wilbur escutou-o atentamente e gesticulou a frase em sua mente antes de dizer, visando não magoar o amigo
"Uau... quer dizer, uau, todo mundo sabe o quanto você e o Dream são próximos mas, eu não sabia que você se importava tanto assim do que ele pensa de você"-o mais novo disse olhando fixamente para George
Ele estava certo. Por que estava tão triste? Ele certamente gostava muito de Clay mas ele tinha seus próprios problemas e não deveria tomar para si problema dos outros, mas esses pensamentos não apagavam seus sentimentos, tampouco amenizava a dor dele
"Seguinte, Gogy, você me parece triste e muito cansado, além de que, aqui tá fazendo -5° e esse seu casaco não tá adiantando de nada visto que você tá tremendo e batendo seus dentes. Se você quiser, eu te acompanho até em casa e eu te preparo um café da manhã decente enquanto você tira um cochilo, certo?"-Wilbur falou de modo acolhedor e calmo
George sempre odiou o quão Wilbur era tão difícil de odiar, era sempre o mais prestativo, gentil e generoso o que o deixava com vontade de vomitar por três dias seguidos.
Enfim, George simplesmente não pode negar uma proposta tão calorosa. Então, os dois se levantaram e Wilbur foi praticamente obrigado a carregar um George cansado e quase apagando. Ao chegarem no apartamento de George, Wilbur o deitou no sofá, o assistindo dormir quase imediatamente. Depois disso, Wilbur se virou e andou até a cozinha para acordar seu amigo com alguma coisa para comer, pois seu conhecimento geral sobre o amigo o dizia que ele acordaria bem rabugento pela falta de sono
Quanto a George, bem, havia muito a ser conversado quando o britânico acordasse, mas pelo menos em seus sonhos, ele poderia achar conforto momentâneo
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Masks (dreamnotfound
RomanceSo you can see I'm tryin', you won't see me cryin' I'll just keep on smilin', I'm good (Yeah, I'm good) And it just keeps on pilin', it's so terrifying But I keep on smilin', I'm good (Yeah, I'm good) I've been carin' too much for so long Been...