Capítulo Um: Seja Feliz Por Nós

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Louis

– Eu vou te esperar, não importa quantos anos se passe, quantos corpos nós tocarmos, eu ainda vou estar aqui. Porque eu te amo. – Sua voz era tão doce e calma que me convenceu de que era verdade, de que seria possível. Então eu parti.

– Louis, estamos esperando sua resposta! – o padre sussurrou, me tirando da minha bolha de pensamentos.
Cinquenta passos. Ou algum número perto desse. Mas provavelmente foram cinquenta passos sobre um tapete vermelho que me levaram exatamente até o lugar de onde meus pés não conseguem se mover. Impossibilitados de me obedecerem. Me prendendo ali. Cara a cara com o meu destino.


– Amor, nós estamos esperando você. – Max sorriu gentil para mim. Foi só aí que me toquei do que estava fazendo.


Naquele momento, era eu, apenas eu, com pedacinhos do meu coração escorrendo por entre meus dedos. Abaixei o olhar. Vi meus pés cobertos pelo par de sapatos pretos envernizados e apertados, com uma aliança prestes a entrar no meu dedo.


Arrastei meu olhar sobre todos presentes na igreja, encontrando dezenas de pares de olhos vidrados em mim. Capturei a emoção de cada um dos rostos, assisti os sorrisos e rostos felizes se tornarem aflitos em uma fração de segundo.


Assisti os olhos de Gemma brilhando, confusa, mas eu sabia que ela me apoiaria. Vi Niall ao lado dela, e ele me olhava com amor, então tinham Liam, Zayn e Tristan, todos me olhando do mesmo jeito, um misto de apoio e confusão. Só faltava ele: Harry. Harry de olhos verdes e covinhas. Por um momento quis imaginar o que ele diria se estivesse aqui, e quis me apegar na ilusão de que ele ainda era real.


Então encontrei os de meus pais, não soube decifrar a expressão de Jay, enquanto meu pai me olhava com o cenho franzido, estava quase explícito o que ele queria dizer.
Virei meu rosto e encontrei os olhos de Cristo, olhando para baixo com pesar, dor, e que parecia me julgar mais que todos ali. Nesse instante, me perguntei o que eu estava fazendo ali.


Eu não sou religioso, nunca fui. Mesmo assim, estou de pé dentro dessa igreja coberta de ouro e pinturas, com Cristo me julgando, com o mundo desabando abaixo dos meus pés, e nada parece fazer sentido. Não deveria ser Max ali. Não deveria ser agora. Então por que eu estou aqui?
Em desespero, procurei pelos olhos de Lottie e Fizzy, onde encontrei a calma que precisava. Elas me encorajaram a fazer o que tinha que ser feito, e eu senti o apoio através do olhar. E então, voltamos a Max.
O mundo ao meu redor parecia estar em câmera lenta quando puxei minha mão para mim, encarando Max em total confusão. Ele parecia dizer algo, mas eu não conseguia ouvir. Senti o ar em meus pulmões ser sugado violentamente de mim, eu conseguia ouvir meu coração batendo tão rápido que eu poderia morrer.


– Eu... eu não posso fazer isso. Não posso passar o resto da minha vida com você. – Uma longa pausa. – Eu não posso – disse baixo.


– Amor, o que você... o que está querendo dizer? – Max perguntou, a expressão confusa, o sorriso gentil ainda lá. Quase não percebi quando ele vacilou por uma fração de segundo, acho que ele queria acreditar que fosse apenas uma piada. Bom, não era.


– Por favor, não me chame assim – pedi e respirei fundo. – Eu quero dizer... eu − suspiro −, sinto muito estar dizendo isso agora. Mas só agora eu consegui perceber que nós dois... não era pra ser. – Beijei a testa dele, e depois olhei no fundo dos seus olhos castanhos, não entendi o que ele queria me dizer, mas eu precisava partir.
Max permaneceu imóvel. Mas, quando comecei a me mover em direção à porta, ele me gritou e eu não sei se me arrependeria de olhar para trás, mas o fiz, e pude vê-lo sibilando “seja feliz, por nós dois”, os lábios se flexionando em um sorriso genuíno, com uma única lágrima rolando por sua bochecha. Talvez no fundo ele também soubesse que era melhor assim
Saí à passos largos do altar. Max merece ser feliz. Mas não comigo. Corri algumas quadras até conseguir pegar um táxi. O motorista me encarou pelo espelho e sorriu gentil, estava tão na cara que eu tinha acabado de fugir do altar?
O caminho pareceu uma eternidade graças ao trânsito agitado de Nova Iorque. O sinal parecia ter congelado e não ficava verde, me dando tempo para repassar tudo que aconteceu. Tempo demais.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2022 ⏰

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