O escritor que se apaixonou.

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No começo eu achei que gostava de ser admirado, achei que gostava de alguém elogiando o que eu escrevia. Por um momento eu achei que realmente gostava de ter um "fã" mas era mentira. Porque eu era fã de quem lia tudo que eu escrevia. E agora eu escrevo para essa pessoa mas, não tenho mais tanta certeza de que um dia ela vai ler o que eu escrevi e vai gostar.

Mas eu espero que um dia irei conseguir encontrar alguém que eu possa gostar tanto quanto gosto dessa pessoa, já me perguntaram o por que de querer gostar tanto de outra pessoa.

Mas é porque sei que eu nunca vou poder fazer um chá, um café ( ou qualquer coisa que essa pessoa queira beber ) para nós dois, eu sei que ela nunca vai ficar com raiva de mim porque vou contar um spoiler de um livro que eu estou escrevendo no exato momento, eu sei que nunca vamos deitar juntos em uma tarde de domingo para assistir o filme favorito dessa pessoa, eu sei que nunca vamos ler o mesmo livro e compartilhar as mesmas intensidades no mesmo momento, sei que nunca vamos andar de mãos dadas juntos.

Sei que não vou poder admirar na vida real enquanto essa pessoa come algo que gosta. Eu sei que nunca vou poder beijar essa pessoa, que nunca vou poder tentar fazer dessa pessoa a mais feliz do planeta Terra.

Afinal, mesmo se tentasse e mesmo se eu conseguisse abraçar essa pessoa e dizer pessoalmente o tanto que eu a amo, eu e apenas eu seria a pessoa mais feliz do mundo por ter ela na minha frente e em meus braços.

Sabe eu poderia dizer que universo é terrível. Poderia gritar aos céus dizendo que eu odeio cada ser Místico e Deuses que existem, por não ter me deixado junto com essa pessoa. Mas eu não vou fazer isso porque nem os Deuses, nem o universo e nem nada poderia imaginar que eu iria me apaixonar por essa pessoa.

Porque por mais que eu conheça e esteja completamente apaixonado, essa pessoa não me conhece o suficiente para estar apaixonada. Essa pessoa não sabe como eu sou e não sabe a minha personalidade, não me conhece e nunca me viu na vida, agora me pergunto como eu me apaixonei por alguém que nunca me viu, por alguém que nunca vi, por alguém que não sei se conheço de verdade, isso é um mistério.

Mas eu gosto de imaginar o como seria divertido passear com essa pessoa e discutir sobre todas as coisas que ela já leu, viu e viveu. Gosto muito de imaginar como seria a cada detalhe, por mais que pequeno, por exemplo: sobre cada vez que a gente se banharia numa chuva inesperada, cada vez que eu caíria  ou de como iria gaguejar de nervoso.

Sempre fico imaginando todos os momentos que poderiam acontecer se a gente se conhecesse na vida real. Talvez seja por isso que eu sou sempre o escritor e nunca o personagem de inspiração, talvez seja por isso que eu seja sempre o amante triste que nunca amou de verdade, talvez seja por isso que essa pessoa nunca vai me amar.

E como poderia? estou sempre atrás dos holofotes inventando o Príncipe de espada e armadura brilhantes, Feiticeiros poderosos que a protegem de um monstro horrendo que na verdade é um ser humano, sempre estou me escondendo atrás de alguém que eu mesmo inventei para fazer essa pessoa me amar um pouquinho só.

Por mais que não seja me amando e sim amando o personagem que eu criei, ter a sensação de estar sendo amado por quem eu sou apaixonado é maravilhoso.

E eu sei que são muitos os personagens que tenho que criar para a pessoa nunca desistir. Sei que não posso ser entediante e não posso deixar muito longo cada capítulo, sei que não posso usar palavras difíceis, mas por mais que me deixe com dor de cabeça tudo bem, bem... o que eu quero dizer é que está tudo bem para mim  fazer isso para não perdê-la, mesmo sabendo que ela não é minha de verdade, está tudo bem se a pessoa estiver feliz com o que leu.

Mas por mais esse sentimento me doa todo coração, a alma e às vezes a cabeça, eu nunca vou parar de escrever para essa pessoa mesmo que apenas os meus personagens sejam incríveis e essa pessoa ame apenas eles.