Mendokusē!

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(pré-genin - idade entre 10 e 12 anos)

Shikamaru estava deitado à sombra de uma grande árvore. Se alguém o visse ali acreditaria que ele estava observando as nuvens. Normalmente ele realmente as estaria observando, era um de seus passatempos preferidos, mas não hoje. Hoje ele só estava lá para se esconder do mundo e ficar longe de casa enquanto lutava para aceitar as palavras que ouvira de sua mãe. Seu corpo estava todo dolorido e clamava por cuidados, ferido pelos golpes que recebeu dela, enquanto lhe cortava a alma ao meio com o que lhe dizia. Mas ele não iria cuidar dos ferimentos agora, porque não poderia voltar para casa. Ele só ficaria ali e esperaria, enquanto revolvia em sua mente as palavras ditas por sua mãe.

Todas as vezes que seu pai saía da Aldeia em alguma missão, ele apanhava da mãe. Ela aproveitava para brigar com ele, simplesmente por brigar, lhe dando uma surra todas às vezes, sem qualquer chance de defesa, uma vez que, além de sua mãe, ela também era uma Kunoichi e, mesmo aposentada, ainda era muito forte. Então as surras eram comuns, assim como também era comum ele aparecer na academia machucado, já que seu pai saia muito em missões ultimamente.

Mas dessa vez as palavras de Yoshino haviam machucado tanto quanto a surra que levou, se não mais. Agora que a adrenalina havia abaixado, ele conseguia perceber a dimensão dos ferimentos que sofreu e, aparentemente, era pior do que qualquer outra surra que levou.

Seu corpo todo doía, seu abdome tinha um grande corte aberto que ele nem se lembrava como aconteceu. Seu olho esquerdo estava praticamente fechado pelo inchaço e, em sua boca, sentia apenas o gosto ferroso. A dificuldade em respirar indicava que provavelmente havia no mínimo uma costela fraturada dessa vez. Sem contar outros cortes e hematomas espalhados pelo corpo. Tudo devido ao uso do chakra.

— Mendokusē! – sussurrou

Bem, seria problemático explicar às pessoas seus ferimentos. Mas ele não poderia estar mais preocupado com isso no momento, porque tudo o que conseguia fazer era reviver as cenas da surra e os insultos proferidos contra si. Sua memória não o deixava esquecer um único detalhe, o lembrando das palavras ditas com tanta sinceridade e ódio por sua mãe.

— Um maldito preguiçoso inútil!!! É o que você é, seu moleque impertinente! – Esbravejou dando o primeiro soco no rosto do garoto assim que ele entrou em casa, a força do golpe o jogando direto no chão, provocando um corte nos lábios.

Ele havia voltado mais cedo da academia, pulando a prática de taijutsu, sem saber que o pai havia saído em uma missão, e isso havia sido um erro.

— Você é uma vergonha para todo o Clã!! Você não passa de um covarde que jamais será um shinobi decente! – Ela avançou ainda mais ameaçadora sobre o garoto caído no chão.

Shikamaru ouvia as ofensas gritadas pela mãe enquanto tentava se defender dos golpes carregados com chakra que eram desferidos contra si. Não havia muito que pudesse fazer naquele momento. A raiva e a força dela o machucavam a cada novo golpe, assim como as ofensas.

Shikamaru já estava cansado de ouvir aquelas palavras, afinal era o que todos diziam dele, e por esse mesmo motivo ele não colocava mais esforços em seu treinamento, ainda mais no taijutsu, sendo essa sua pior técnica. Não valia a pena de qualquer maneira. Ele era um desperdício de tempo. Mas doeu ouvir da sua própria mãe, mesmo que ela estivesse repetindo o que escutava todos os dias, o tempo todo. Mas o que ela disse depois foi ainda pior. E ele jamais deveria ter perguntado a ela.

Ela havia parado com a agressão, aparentemente satisfeita com a surra que havia dado no filho, mas seu olhar, cheio de ódio ainda o fitava caído ao chão. Era como se ela estivesse ponderando se ele seria capaz de suportar mais algumas pancadas. Mas dessa vez Shikamaru estava muito machucado, afinal, ela havia usado chakra para bater nele. Ele Nunca havia apanhado tanto como hoje da mãe, parada a sua frente a apenas alguns passos, então ainda continha o choro, porque não queria chorar na frente dela. Sua voz estava impregnada com a dor que sentia quando perguntou à mãe:

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