Vênus, não apenas como o planeta mais quente, ou como a deusa mais sensual da mitologia romana, mas também, como Kim Taehyung, um jovem amante da literatura e seus prazeres secretos, rendido pelo lado artístico do universo, e pelo que ele pode lhe o...
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Acho fascinante como tudo e todas as coisas do Universo podem se transformar em arte. Como algo mais sofisticado, uma escultura grega, por exemplo, ou algo mais simples e comum, como um fim de tarde na praia, onde os raios de sol misturam-se entre o céu e o mar pintam aquele cenário bonito. Isso vira arte sem a gente sequer perceber.
Mas em um todo, o que mais me encanta na arte é sua singularidade. Nenhuma arte é como a outra, e isso é óbvio. Um quadro, uma música, um livro... por mais semelhantes que possam ser, nunca serão iguais. Os detalhes são únicos, a criação tem um significado, o desenvolvimento tem um propósito. O céu estrelado de hoje nunca será como o de amanhã, ou o da próxima semana. Um beijo matinal nunca será como um beijo de despedida, em meio a chuva. O primeiro "eu te amo" nunca será como o último, depois de uma noite intensa de amor.
Acredito que as pessoas também são assim, únicas. Podemos conhecer centenas durante a vida, e mesmo parecidas, com certeza não deixarão a mesma marca, ou não nos ensinarão exatamente a mesma lição.
Na noite em que eu o conheci, a primeira e a última que tivemos juntos, eu tinha absoluta certeza que ninguém nunca seria como ele. Seu toque, seu beijo, seu gosto, nada daquilo poderia se comparar. Foi algo especial que tive a sorte de compartilhar, de provar, de desfrutar e me envolver; foi doce e gentil, mas também foi quente e intenso.
— Olá, boa noite. Possui reserva?
Essa foi a primeira coisa que a atendente perguntou, tirando-me de meu transe particular assim que meus sapatos tocaram o hall de entrada do luxuoso restaurante no centro de Seul. Seu tom era de desprezo, e ainda sem me encarar, ela teclava freneticamente algo em seu computador, enquanto ria maldosa. Era de minha estranheza um restaurante portado de formalidades, mas escasso de educação. Mas escolhi não dar importância para tal situação, não havia o porquê se desgastar com aquilo, afinal.
— Sim, estou na mesa de Park Jimin.
Respondi breve. Seus olhos pretos se arregalaram, formando uma expressão de pânico. Ela rapidamente se levantou e ajeitou suas vestes, um tanto atrapalhada e certamente envergonhada.
— Oh, sim. Me desculpe pela informalidade, senhor. — Gaguejou, desconcertada. — Qual o seu nome, por gentileza?
— Vênus.
Seus olhos me observaram com aquele julgamento padrão o qual eu já estava acostumado sempre que respondia perguntas simples como aquela. Um nome era apenas um nome, com um significado único, é claro, mas ainda sim, um nome. Era algo íntimo, algo que certamente tinha uma história, um significado, esse o qual poderia não ser apenas seu, mas também da sua família e de toda a geração anterior.
Enfim, críticas, críticas, e mais críticas.
— Certo. Levarei o senhor até a mesa, o senhor Park está a sua espera.
Por fim, segui a mulher pelo restaurante, desconectado de todos os julgamentos, olhares tortos, e caras feias que eu recebia naquele momento. Caminhamos até um espaço mais reservado, acredito que o mais caro também, onde pude reconhecer apenas Jimin das três pessoas que já estavam presentes. A atendente abriu a porta de vidro, fazendo um movimento de reverência, e logo estendeu a mão para que eu pudesse ultrapassá-la.