Capítulo Único

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Kuroo e Kenma se conheciam desde muito pequenos. Eles sempre foram aquela dupla de amigos que ninguém nunca entendeu muito bem como estavam juntos, mas mesmo assim estavam ali com a amizade de tantos anos. Eles eram inseparáveis e aquilo já tinha ficado bem claro para todos à volta dos dois.

Por conta disso, eles tinham uma intimidade absurda. Eles trocavam de roupa na frente um do outro, tomavam banho juntos quando mais novos, ficavam sentados um no colo do outro e mais diversas coisas que só amigos muito íntimos teriam em suas relações. Porém, uma dessas coisas sempre ficava em evidência entre eles.

Tetsuro, quando começou a entrar na puberdade, passou a flertar muito com seu melhor amigo na mais pura brincadeira. Era divertido ver como Kozume ficava sem graça e vermelho enquanto o xingava com a voz mais baixa que o normal. Ele se divertia tanto com aquilo que manteve isso durante todos esses anos, mesmo agora, eles sendo adultos, ele continuava com aquilo.

Porém, naquela altura do campeonato Kenma já tinha se acostumado com os flertes do amigo. Ele já sabia simplesmente ignorá-los ou xingar Kuroo sem reagir de forma envergonhada como antes, até porque foram anos passando por aquilo, era mais que óbvio que ele iria se acostumar. E o mais novo se acostumou tanto, que até parou para pensar um dia sobre isso e decidiu que começaria a responder os flertes com mais flertes. Ele queria ver até onde seu amigo iria com aquilo; inclusive, ele não reclamaria se fossem longe demais.

Então, depois de muitos anos de costume e autoestima melhorada, o mais baixo começou a flertar de volta com o amigo. No início eram coisas bem simples que ao menos causavam efeito em Kuroo - ou era o que o moreno queria que o amigo acreditasse -, mas depois aquilo foi se tornando algo bastante frequente e bem intenso, os flertes sendo extremamente provocativos, deixando Tetsuro vez ou outra meio zonzo pelo que saia da boca de seu melhor amigo; e naquele dia não foi diferente.

Eles estavam deitados no quarto de Kenma depois de ficarem horas jogando o jogo favorito de ambos e estavam apenas conversando tranquilamente, falando sobre suas vidas e reclamando sobre elas principalmente.

"Ai, Ken, tem sido tão difícil não ter ninguém. Saudades da faculdade, onde eu saía pegando todo mundo sem pensar em mais nada. Agora tenho uma porra de reputação pra manter e não posso simplesmente receber uma mamada de um desconhecido." Kuroo resmungava com a voz carregada de manha e com um bico igualmente manhoso nos lábios, olhando para o teto enquanto falava aquilo.

"Mas tem que ser um desconhecido pra te satisfazer, Testu?" Kenma perguntou baixinho, segurando uma risada quando viu o amigo franzir a sobrancelha, não entendendo o que ele queria dizer.

"Não?... Mas quem caralhos eu iria pegar? Ninguém que eu conheço me quer, Kenma. Eu estou perdido!" Tetsuro reclamou dramático, fingindo choro e fazendo o melhor amigo gargalhar.

"Você é tão sonso, Tetsu. Eu to bem aqui e você falando que ninguém te quer. Chega a ser decepcionante." o falso loiro disse voltando seu olhar para o teto também, mordendo o lábio inferior por conta do flerte que soltou.

"Você O QUE?" Kuroo pergunta com o rosto extremamente vermelho e os olhos arregalados, fazendo o mais baixo rir mais uma vez.

"Só to falando que eu poderia te ajudar com o seu problema." Kenma disse deitando de barriga para baixo na cama, ficando de frente para o mais alto, mas ainda em uma distância considerável.

"Brincadeira tem hora, Kozume." Tetsuro disse revirando os olhos, se deitando de novo na cama e resmungando baixinho coisas que Kozume não conseguiu ouvir.

"E quem disse que eu to brincando?" o mais novo disse olhando o amigo com uma sobrancelha arqueada, querendo mostrar que estava sendo sincero.

O mais alto ficou alguns segundos em silêncio apenas tentando raciocinar aquela situação, além de que estava tentando procurar qualquer resquício de brincadeira na fala de seu melhor amigo, coisa que ele realmente não achou. Depois de ficar um bom tempo meio em choque e receoso, ele consegue falar num fio de voz, mas claro o suficiente para Kenma agir.

Brincadeira Tem HoraOnde histórias criam vida. Descubra agora