Polyamory

Capítulo Único

Notas da autora:

Esse casal (trisal), assim como o personagem original, surgiu através de um RPG que participei. Se personagens originais ou poliamores te incomodam, não leia.

Essa fanfic pertence ao projeto Headcanon Month (@hcmonth) do Twitter.

Capítulo Único.

Alice estava nervosa.

Não porque estavam no meio de uma pandemia e a ideia de sair de casa e passar o natal com seus familiares seria repleta de preocupações como: estão todos vacinados? E se ela fosse assintomática? Como iam manter distanciamento social em uma sala de estar que não tinha nem 25 metros quadrados?

E não por causa das típicas conversas de final de ano. Ela já estava acostumada com as tias insistindo sobre ela ser uma encalhada ou precisar perder alguns quilos. Não, a questão era que ela estava em um relacionamento sério com duas pessoas, sendo que uma era uma mulher.

Então sim, aquele seria um natal bem interessante.

As pessoas no geral não entendiam o conceito de se envolver em um relacionamento poliamoroso, confundiam poliamor com poligamia, com relacionamento aberto, com traição, julgavam que era impossível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Bom, ela amava. E ela realmente tinha tentado não amar.

Foram meses, e até anos, de muito drama envolvendo Nate, Alice e Lily, tentando aceitar a ideia de que um relacionamento a três era a única solução para toda aquela situação e todo aquele sofrimento que eles estavam se afligindo. Na verdade, ela devia agradecer à pandemia por isso.

Quem diria, não é mesmo? Agradecer a uma pandemia que estava matando tantas pessoas todos os dias e que mudou a sua rotina pelos últimos quase 2 anos, mas era verdade. Se não tivesse ficado presa na cidade e os três não tivessem dividido o apartamento por esse período conturbado, talvez continuariam tentando encontrar uma solução que não existia.

Muito provavelmente Alice sairia da cidade e se obrigaria a seguir em frente, embora não tivesse muita certeza de que conseguiria fazer isso.

Podia usar a desculpa da pandemia para faltar mais um natal em família, mas com a distribuição das vacinas e o fato de que toda a sua família disse ter tomado todas as doses não colaborava para a sua desculpa.

Também não era como se ninguém soubesse que ela tinha um namorado e uma namorada. Ela podia ter sido descuidada na hora de postar alguma coisa nos status do WhatsApp, já que estava evitando o Instagram. Imaginava que àquela altura, a notícia já teria se espalhado.

Passar o natal com a família de Lily não era uma boa opção também, a irmã dela era detestável, principalmente agora que estava casada e grávida. E quanto a família do Nate, tinha Augusta Longbottom, a mãe dele, que ela não se sentia nem um pouco ansiosa para conhecer, pelo que tinha ficado sabendo por outros. Os pais de Lily e o irmão de Nate eram adoráveis, mas não valia o sufoco de ter que conviver com Augusta e Petunia por uma noite inteira.

— Por que não podemos passar o natal aqui outra vez? — Alice fez beicinho, deitando a cabeça de lado no encosto do sofá — Ano passado foi de longe o melhor natal que eu já passei na minha vida.

E era verdade. Ficar em casa de boas, sem precisar sair, sem precisar encontrar outros parentes, improvisando na cozinha. Era um clima tão diferente, tão mais relaxado, sem muitas preocupações. Se pudesse, faria assim em todos os natais, já bastava ter que comemorar tantas outras coisas com familiares e fora de casa. Pelo menos os natais podiam ser para os mais íntimos e depois, talvez, uma comemoração com o resto.