Capítulo Único

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Podridão. Nada mais além do cheiro da morte poderia ser sentido naquele maldito pesadelo.

Os cabelos louros cintilantes dos gêmeos tais como o contorno idêntico de seus rostos delicados eram iluminados por um fino fio de luz vermelha, tornando-se um destaque para a assustadora penumbra da noite banhada pela lua carmesim.

Todos os esforços de Aether foram em vão. Sua irmã o abandonou novamente.

Não importava quantas vezes Lumine havia dito "Não foi culpa sua, Nunca foi, Aether" como sua sentença final, o garoto nunca iria se perdoar. Sua semelhante havia sofrido tanto pela dor dos ferimentos fatais mistos com a vontade de se agarrar à vida, mas não havia mais esperança.

Não para ambos estando unidos.

Todo o seu corpo estava dolorido e necessitado de descanso, mas a esperança agora formada em puro desespero e confusão apenas contribuía para o aumento de sua adrenalina continuamente martelando-o para se manter disposto, alerta.

Mas, com uma onda de cansaço físico, seu interior se revirava, seus ouvidos não escutavam mais o seu redor, seus olhos começavam a embaçar e ardiam em uma maré frustrante de lágrimas salgadas que havia tentado segurar, apenas para parecer forte por Lumine, agora despejadas como enchentes sufocantes. Seu corpo, não obedencendo mais sua vontade de agir, finalmente se entregou ao solo e seus braços fraquejaram ao tentarem por um puro instinto segurar o corpo gélido da garota.

Os dois, então, caíram ao chão. Derrotados.

Aether ainda lutava contra seu corpo incapacitado, arrastando-se pelo chão infértil por causa de inúmeras guerras travadas, apenas para se aconchegar ao lado da irmã que teimava em acreditar estar apenas temporariamente inconsciente.

- Eu imploro, não me deixe de novo - buscava palavras em meio à loucura que sua cabeça acumulava, sua garganta estava ressecada e sua voz saía em um doloroso rasgo de tantas tentativas falhas de chamar o nome de Lumine. - Os céus não suportarão sua constelação ausente. Eu não suportarei!

Seu último clamor por uma resposta, antes de colocar o rosto no contorno do pescoço da garota, como se buscasse uma fonte de conforto, para então perceber a cruel realidade. A realidade fria e imóvel.

Nunca se achou forte o bastante. Não como Lumine. Será que ele poderia ter feito mais? Com certeza sua irmã o teria feito por ele. Sua fortaleza foi desmoronada, pois seu suporte havia caído.

Por que a corda do destino não tomou sua vida junto da dela? Por que ela, sendo a pessoa mais forte que conhecia, não aguentou apenas mais um pouco, apenas até Aether ter sido capaz de dizer que a amava? Quem lhe dera, ele se sentia um tolo. Estava aos prantos, ancorado ao corpo frio de alguém que nunca mais iria acordar novamente.

Sua coragem havia se esvaído, assim como suas forças. O silêncio, e nada mais que o som e toque suave do vento na pele dos dois companheiros chamava atenção no momento. Agarrando a mão pálida de sua irmã pela última vez, ele adormeceu.

Talvez, ao menos nos seus sonhos, eles ainda estarão juntos.
















Espero que tenham gostado e que minha escrita não seja tão ruim assim como eu penso :))

Eu tenho uma tara em escrever coisas assim, mas eu odeio ler tristeza quando é outro escritorKKKKK>:(

É isso, uma one shot da madrugada. Até a próxima.

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