The Beach

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Algum tempo depois...

Thomas estava sentado no seu escritório, todos já haviam ido embora, exceto os seguranças, que sempre o rondavam. New York parecia vazia, perdida em meio as trevas que inundavam a noite, e barulhenta com a chuva batendo violentamente na janela bem à sua frente. Olhou no calendário estampado na tela de seu computador: 28 de fevereiro 22:38. Estava perdido nos próprios pensamentos, recostado em sua cadeira, fitando a chuva lá fora. Sentia saudades, queria seu único amigo por perto, mas não havia maneira para o fazer. Thomas sabia que desde que o conhecera, não o conseguia tirar da mente, era como se ter um amigo mudasse completamente suas prioridades, e não era bem aquilo que ele tinha em mente. Talvez estivesse dedicando tempo e foco demais naquilo, precisava focar em outras coisas, e estava determinado. Imaginava se era tão presente na vida de Newt quanto ele era na sua, porque literalmente qualquer coisa o fazia pensar nele, e Thomas considerava aquilo muito, muito estranho.

Mandou um e-mail marcando uma consulta com sua antiga psicóloga, precisava de terapia. Não fazia ideia do que estava fazendo e que rumo estava dando exatamente pra sua vida. Iria para o Texas no dia seguinte, e era isso que estava corroendo sua mente como um rato traiçoeiro. Detestava muito mesmo a ideia de estar tão perto de Newt e não ir vê-lo. Quer dizer, nada além dele mesmo o estava impedindo. A verdade era que não sabia se pioraria as coisas, tinha quase certeza que não conseguiria sair de lá sem levar Newt consigo. Contudo, resolveu decidir quando estivesse lá, e marcou sua consulta para o dia 04/03, que era quando retornava.

Estava prestes a comprar uma empresa de aviação cuja sede ficava no Texas, e precisava resolver tudo pessoalmente, afinal, foi isso o que sempre fez. Viajava o mundo comprando e vendendo ações e empresas, qualquer possibilidade de lucro ele agarrava sem hesitar, e era isso o que o tornava mais e mais rico, era inteligente, perspicaz, sua mente estava a mil anos além do seu corpo e ele sabia disso.

Pegou o elevador, subiu até a cobertura e entrou no helicóptero, a chuva deixando seu terno levemente úmido. Colocou os fones, apertou os cintos, ligou o rádio e partiu para casa. Nos dias mais perigosos, era os que Thomas mais se propunha a realizar coisas estúpidas, e essa era uma delas. A adrenalina o fazia se sentir vivo, e principalmente lembrar-se do que realmente valia a pena na vida. Sabia que nada aconteceria, era um piloto experiente, e sabia exatamente como funcionava e acontecia as coisas.

Quando chegou em casa, nenhuma mensagem de Newt, e sabia que não deveria esperar, então tomou um banho e dormiu, preparando-se para os próximos longos dias que o esperavam.

@newtsangster
[07:34] – Bom dia Tommy, como está?
– Tenho prova de Análise de Circuitos hoje, me deseje sorte.

Thomas acordou com os barulhos de notificação, sempre esquecia de deixar o celular no silencioso.

– Bom dia Newt, acordei agora. Boa sorte, tenho certeza que vai se sair bem.

Thomas adorava aquela matéria, poderia ser professor se quisesse. Adorava a ideia de um dia poder ensinar e ajudar Newt.

– Desculpe se te acordei Tommy, não foi minha intenção.

– Na verdade foi até bom, eu esqueci de colocar um despertador e daqui uma hora tenho um voo marcado.

– Legal, tá indo pra onde?

– Pro Texas, em Austin.

– Sério? Não brinca! Vai estar tão perto de mim... Mas então, vai fazer o que lá? Deixa eu adivinhar, negócios dos quais você nunca fala?

– Exatamente. Vou ajeitar as coisas por aqui, assim que der nos falamos.

– Boa viagem Thomas.