Sam
Há oito anos
— Mamãe, por favor, não vai embora — eu agarro uma das pernas da minha mãe, sentindo as lágrimas molhando o meu rosto sem conseguir acreditar que a mulher mais importante da minha vida está indo embora.
— Olhe pra mim, querido — ela pede se agachando a minha frente e segurando meu rosto entre suas mãos. — Eu vou voltar, nunca vou deixar você e seu irmão.
Meu irmão, Adam, está ao lado do meu pai com os braços cruzados e irritado, em nenhum momento vi ele chorando pela minha mãe e não entendo por que ele está bravo.
— Mas suas malas — digo com a voz fraca apontando para três malas enormes, esperando para serem levadas para fora, perto da porta de entrada.
— Não vou morar mais aqui com vocês — antes que eu possa falar ela completa. — Mas virei te ver todos os dias.
— Promete? — pergunto, porque preciso que ela prometa, mamãe nunca quebrou uma promessa, então não vai quebrar essa também.
— Eu prometo. — Ela beija minha testa e com dificuldade leva as malas para o carro, com um último olhar na minha direção minha mãe vai embora em meio a tempestade.
Meu pai me pega nos braços e beija minha cabeça com carinho me apertando contra ele, como se a qualquer momento eu fosse embora também.
— Nunca vou deixar vocês dois. — Ele abraça o meu irmão com o braço livre. — Nunca.
— A mamãe disse que vai voltar — falo sabendo que ela não vai quebrar a promessa.
— Eu sei, meu amor.
— Melhor a gente voltar a dormir — meu irmão diz e sem muita demora meu pai me leva de volta ao quarto e me deita na cama.
— Boa noite, filho. — Ele limpa minhas lágrimas com cuidado e coloca a coberta sobre mim.
— Boa noite, papai.
Ele sai e deixa uma fresta da porta aberta porque sabe que tenho medo do escuro, sem demora volto a dormir esperando o dia em que poderei ver minha mãe de novo.
♪
Meu pai disse que só faz cinco dias que minha mãe foi embora, só que parece que faz muito mais tempo, porque ela ainda não voltou pra me ver, quando pergunto ao meu irmão quando ela vai voltar ele diz que não sabe, mas ele nem chama mais ela de nossa mãe, é sempre Ember.
Todo mundo na escola fica me olhando estranho e dizendo que sentem muito toda vez que vê a mim e a meu irmão, ele sai andando rápido e me leva com ele mesmo eu não entendendo o que está acontecendo, já cansei de perguntar pra ele e meu pai o motivo de tudo isso, mas ninguém nunca me responde.
Entro na sala de aula sem muita vontade, eu não gosto muito das aulas de matemática e todas às vezes que tentei não entrar na sala alguém me dedurava para a professora. Me sento a carteira de sempre, no fundo da sala e tiro os meus materiais da mochila para esperar a aula começar.
— Eu sinto muito — uma menina, que não conheço, me diz com uma expressão de tristeza?
— Pelo o quê?
— Como assim? Sua mãe não te deixou?
— Claro que não — falo um pouco alto demais, o que chama a atenção de quase toda a turma que me olham da mesma forma que a garota. — Minha mãe não me deixou.
— Querido, se acalme, nós sabemos que é difícil pra você — a professora diz e eu simplesmente não consigo entender nada.
— MINHA MÃE NÃO ME DEIXOU.
Saio correndo da sala sem ligar de deixar minhas coisas para trás, só quero que parem de me olhar desse jeito. Quando vejo já estou no gramado, do lado de fora da escola, me sento no chão sem saber o que fazer.
Por que as pessoas acham que minha mãe foi embora? Ela ainda vai me visitar, ela prometeu.
Fecho os olhos e espero que a raiva passe, estou com raiva de todo mundo por fazerem isso com a minha mãe, até parece que ela iria assim e nunca voltaria, eu sei que ela me ama e vai voltar para nosso jantar de domingo, é nossa tradição, papai cozinha, enquanto eu e meu irmão tentamos ajudar e ficamos fazendo bagunça e minha mãe fica em um canto com um sorriso nos lábios fotografando tudo e antes de dormir nós colocamos as fotos em um álbum de família.
— Você tá bem? — Olho para o lado e aquela garota da sala está me encarando e parece realmente preocupada. — Me desculpe, não queria te deixar triste.
— Não tô triste, só com raiva.
— Por quê? — ela se senta ao meu lado a espera de uma resposta.
— Porque todo mundo fica falando que minha mãe foi embora.
— Ela não foi?
— Não, quer dizer sim, mas ela disse que vai voltar.
— Ah, eu não sabia disso. — Ela começa a arrancar pequenos tufos de grama. — Me desculpe.
— Tudo bem, você não sabia.
— Meu nome é Mandy — ela diz de repente.
— Eu sou o Sam.
— Gosto do seu nome.
— Por quê?
— Acho bonito.
E então ficamos algum tempo sem falar nada, Mandy fica observando alguns pássaros voando ao nosso redor e fecha os olhos vez ou outra apreciando o canto deles, enquanto eu reparo em seu cabelo curto com algumas mechas pintadas de azul e em suas bochechas coradas pelo calor.
— A gente pode ser amigos se você quiser — Mandy fala ainda com os olhos fechados.
— Eu quero.
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A Última Canção - (Resilience Livro III) [DEGUSTAÇÃO]
RomanceSam Moore, teve uma infância complicada por causa de erros que uma pessoa que ele ama cometeu, mas graças ao seu pai ele enfim libera perdão e ajuda seu irmão mais velho nessa caminhada. Apesar de tudo, a música nunca foi sua válvula de escapa, mas...