Capítulo 2

72 13 3
                                    

ERICK

Você, você de novo, é ele, novamente estou o vendo em meus sonhos, porque essa sensação, diferente das outras vezes eu estou apenas observando ele, parece que ele não consegue me ver. Sinto que ele está procurando alguma coisa, mas o que será? Até onde eu sei sempre acabo sonhando com ele de costas falando comigo, mas agora ele corre.

Eu quero gritar com ele, mas não consigo, não consigo entender o que está acontecendo, a chuva começa a cair e eu começo a correr atrás dele, a rua a minha volta está turva é tão diferente de antes, parece que não é o mesmo lugar, mas ao mesmo tempo parece que já estive aqui antes também.

Corro, corro, corro, mas não consigo alcançá-lo, viro a rua e sinto um disparo e uma dor no peito. Desabo no chão e você para chorando me olhando. Eu te olho e finalmente te vejo, eu te conheço, mas ao mesmo tempo sinto que não.

Porque você não me ouviu, eu disse que era para você ir embora. Eu disse. O olho, seus olhos refletem os meus, e digo sussurrando com as forças que me restam: eu te amo para todo o sempre....

_ Erick acorda, o avião pousou, você está bem? Nunca te vi assim antes, você estava falando dormindo e olha, você está todo suado e não sei como porque aqui está um frio.

_ Ah Beatriz, eu tiveram sonho, o mesmo de sempre, mas ao mesmo tempo tão diferente. Eu estava correndo para encontrar com o cara, mas estava chovendo e como sempre levei um tiro e morri.

_ Eu tenho um medo quando você fala isso, parece que quando encontrar esse cara, você vai ser feliz, mas vai morrer em seguida. Não sei se quero que você encontre esse homem se ele existir assim.

Saímos do avião e logo vamos para o carro, no caminho penso bastante no que a Beatriz me falou, realmente a conexão de todos esses sonhos é a minha morte. Já me vi morrendo tantas vezes que já perdi a conta. Desde novo tenho sonhos estranhos, como se tivesse vivido em outros tempos e sempre acaba com isso. Um tiro. Uma dor no peito, mas eu realmente quero conhecer a pessoa que me faz sonhar. Quando era mais novo perguntei para minha mãe e ela disse que nossa família tinha uma espécie de conexão espiritual, mas que quando se casou com meu pai, ele a proibiu e com o tempo os sonhos que ela tinham foram parando, ela sempre me disse para ter cuidado, que ela sempre sentia que eu iria falecer muito cedo.

Quando sai de casa, ela ficou com o coração mega apertado tanto que mantenho contato com ela até hoje.

_ Erick do céu, se você não me responder eu vou tirar você do mundo dos sonhos com um tapa. A gente já está quase chegando e você passou a viagem toda em silêncio. Nem acredito que finalmente estamos chegando em Ponte Nova, olha eu espero que seja um lugar lindo, porque já sei que não tem nenhuma diversão como no Rio.

_ A gente vai ganhar bem, vamos recomeçar e ainda vou está longe do traste do meu ex. O que é uma vantagem. E você vai conhecer caras novos, aposto que logo vai está se divertindo horrores. Só tenha piedade dos homens do interior. - sim, minha amiga sempre foi empoderada e sempre soube o que queria, ou seja, ela sabia quando queria namorar, ficar ou apenas se divertir, mas os caras sempre teimavam em se apaixonar por ela.

_ Não vou lhe prometer nada. Você sabe que eu não tenho culpa né? - diz ela rindo e eu gargalho junto e noto que está tocando a faixa nova do álbum do Jao, um canto que nós amamos.

Eu vou te amar como um idiota ama
Vou te pendurar num quadro bem do lado da minha cama
Eu espero enquanto você vive
Mas, não esquece que a gente existe

_ Como eu amo essa música, nossa! Pior que eu sempre amo como um idiota.

_ E eu não sei? Depois sou eu que preciso ouvir seu choro, já falei homem a gente que usa bem usado, mas não, você vai lá senta e gama. Pelo amor né? E nunca vi vai ter dedo podre assim lá longe, aposto que você sempre teve ele.

Pior que ela tem razão eu sempre tive dedo podre para homens. Desde o primeiro garoto que amei e que terminou muito mal. As vezes eu acho que não nasci para o amor.

_ Chegamos finalmente! - diz Beatriz e eu percebo que realmente chegamos, a placa avisa e eu sinto uma sensação tão diferente, ela continua dirigindo, vamos morar no centro comercial da cidade, pois ela fica perto de ambos os trabalhos. Alugamos um apartamento de dois quartos e pagamos alguém para arrumar nossos móveis. Ou seja, evitamos toda essa parte porque não queremos ter mais trabalho, tudo graças a minha amiga que pensou em tudo.

Beatriz vira a rua e meu coração começa a disparar, é uma sensação de pertencimento, mas é estranho pois nunca pisei em minas, que dirá aqui.

Beatriz continua dirigindo e ela passa pela segunda rua, o gps marca que estamos há minutos de onde vamos morar, uma casa passa pela janela e eu não consigo acreditar.

_ Para o carro, Beatriz. Para esse carro pelo amor de Deus. - minha amiga me olha sem entender e pisa no freio.

_ O que está rolando?

Abro a porta e saio, eu preciso olhar isso direito e percebo o motivo. Eu conheço essa casa, ela está caindo aos pedaços, mas eu conheço ela, eu conheço essa rua. Meu coração dispara e me viro em todas as direções. Não pode ser.

Beatriz sai do carro e chega ao meu lado.

_ O que aconteceu? Nunca ti vi assim.

Seguro as lágrimas que do nada começam a querer cair e digo para minha amiga:

_ Eu conheço essa rua, eu conheço essa casa, eu sei que você vai achar que estou louco, mas eu já vivi aqui...

Lembranças do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora