Pendurei o molho de chaves na parede e me ofereci para guardar o terno de Toni. Ele o tirou e me entregou, mas eu estava ocupada demais olhando para todos aqueles músculos sob o tecido da camisa branca que ele usava por baixo.
Ele pigarreou baixinho e um sorriso travesso se formou nos lábios que eu começava a desejar.
— Vou pendurar seu terno — Falei com a voz baixa. — Fique à vontade.
Ele assentiu e se sentou no sofá. Guilherme correu para o quarto e pegou nas mãos o scrapbook que eu o ajudei a montar.
Ele parou na minha frente, na porta de seu quarto e sorriu, ansioso.
— Ele vai adorar, filho! — Baguncei seu cabelo castanho e beijei sua testa.
Gui correu para a sala e eu ouvi uma exclamação engraçada vindo de Toni. E então eu soube que ele havia amado.
Estávamos trabalhando naquele scrapbook há meses. Guilherme reuniu todas as fotos que conseguiu da carreira de Toni. Fotos antigas dele jogando na seleção da Alemanha, e da sua carreira no Bayern, além de fotos pessoais que imprimimos de suas redes sociais.
Guilherme era fã de duas coisas: futebol e super heróis. Eu sempre acreditei que ele unia as duas coisas, e achava que o Toni era uma espécie de super herói com uma bola.
Aquele era mais um motivo para eu estar temerosa com a aproximação dos dois. Eu não suportaria ver meu filho magoado ou desapontado com o ídolo.
Decidi tirar aquele vestido, pendurei a jaqueta no cabide e guardei as botas. Coloquei meu macaquinho de domingo e calcei meu mocassim de couro marrom meio velho.
Quando cheguei à sala, os dois estavam rindo, Toni contando alguma curiosa história sobre sua passagem no Bayern de Munique e Guilherme com os olhos vidrados.
Pigarreei para anunciar minha chegada, e Toni pousou os olhos em mim. Ele parecia feliz, e aquilo fez meu coração disparar.
— Ei, macacão legal — Ele disse quando me aproximei do sofá.
Era azul-claro e desbotado, e uma das alças estava solta propositalmente para parecer cool e descontraída.
— É um macaquinho — Corrigi enquanto me dirigia à cozinha e comecei a tirar os ingredientes de dentro da geladeira.
Comecei a cortar o alho rapidamente e senti ele me observando.
— O que foi? — Perguntei.
— Você quer ajuda? — Ele ofereceu ainda segurando o scrapbook nas mãos.
— Não, mas obrigada. — Minha cozinha era bem pequena, no estilo cozinha americana. A pia ficava atrás do balcão que me dava a visão da sala, que eu dividi em duas, sala de estar e sala de jantar. — Podem continuar o que estão fazendo.
Sua boca entortou-se de leve num sorriso e eu quase cortei meu dedo.
(...)
A preparação do macarrão foi bem rápida, e assim que terminei de colocar a mesa, anunciei que o almoço estava pronto.
Na noite anterior eu havia preparado uma pequena lasanha de berinjela e hoje requentei e coloquei na mesa.
Toni e Guilherme se sentaram bem próximos e os dois repetiram o prato duas vezes. Toni não parava de falar que aquele era o macarrão mais gostoso que já comera na vida.
— Filho, por que você não tira a torta da geladeira? — Sugeri e Gui foi até a cozinha empolgado.
— Ele é incrível. — Toni murmurou quando Gui estava longe.
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Um Homem de Sorte
RomanceNina conhece Toni Kroos em um momento muito difícil de sua vida. Ela está sozinha em Madri com o filho, tentando se adaptar à nova vida e tentando superar a perda de seu namorado, pai de seu filho, que morreu há alguns anos. Aquele não era o momento...