(A foto da mídia é como o Élio está.)
A ligação havia terminado, sua mão tremia e seus olhos estavam encharcados, como teve a coragem de ligar para anunciar o tal casamento depois de tudo que eles viveram juntos? Os beijos, os toques, as palavras, não valiam nada para Oliver?
- Babaca! Ele é um puta de um babaca! Sem sentimentos! - Se expressou gritando assustando seus pais que estavam na cozinha, eles sabiam de tudo e sentiram pena de seu filho, ele não merecia sofrer amorosamente dessa forma cruel.
Caminhou até a lareira meio desnorteado com a situação toda, se sentou perto dela e ficou encarando o fogo enquanto o calor da fogueira o aquecia, mas ainda se sentia frio, sentia seu corpo congelar, precisava do calor de seus braços, mas agora quem iria receber seria outra pessoa, uma mulher em que apostava ser melhor que o próprio Élio.
No próximo verão, estava no dia em que eles receberiam o novo aluno. Élio encarava da janela para ver quem era o sujeito, e deixou seu livro cair em cima de seu próprio pé ao observar a figura de Oliver, não era possível que ele tinha voltado.
Oliver não tinha mudado nada, continua com a barba rala, seus cabelos loiros e seus olhos penetrantes. Mas já o mais novo havia mudado bastante, usava roupas mais escuras, deixou seu cabelo crescer e seus olhos estavam mortos.
Se abaixou pegando o livro, o garoto ficou tão abalado com a situação que nem sentiu seu pé doendo com o tombo. Se sentou na cama e retirou os sapatos, estava relendo a divina comédia, um livro interessante podemos dizer, mas bem complicado de ler.
A Divina Comédia é basicamente a história da conversão de um pecador ao caminho de Deus. Os versos sublinham a necessidade de se seguir o caminho do bem e da ética.
O protagonista é o símbolo do ser humano vulgar e representa o cidadão comum, que tem dúvidas, hesita, é tentado pelo mal.
Ao mesmo tempo, Dante não se vê exatamente como uma criatura humilde e, no Canto IV (do Inferno).
Estava tão interessado com sua leitura que não viu Oliver entrando em seu quarto. Lentamente fechou a porta e encarou o menor obcecado no livro em suas mãos.
- Hey, seu pai disse que eu era para dormir em seu quarto novamente, Elio.
- Eu não ligo, se vire com ele, mas no meu quarto você não vai ficar, muito menos próximo de mim.
Entendeu que o garoto estava frustado, caminhou até ele e passou sua mão em seu rosto, Élio não recuou mas virou para o outro lado, deixando seu corpo ainda de frente para o maior.
- Me chame pelo seu nome que eu te chamo pelo seu.. Oliver. - Sussurrava no ouvido de seu "companheiro", ele negava com a cabeça não querendo escutar o que Oliver estava dizendo.
- Oliver, Oliver, Oliver... - Fechou os olhos esfregando seu nariz no pescoço branquinho sensível do outro.
- Você está tão bonito com esse cabelo longo, esta uma gracinha, meu bem. - Continuou sussurrando seu nome no ouvido do garoto o que fazia-o tremer.
- Élio.. - Sussurrou bem baixo mas o suficiente para que Oliver escutasse.
- Você sabe que nós não podemos, você que escolheu se casar, escolheu me deixar sozinho, não se faça de vítima.
Afastou o corpo do maior e guardou seu livro, Oliver estava com um ponto de interrogação na testa, se aproximou do garoto mas o outro só se afastava.
- Eu não sou casado, não deu certo, eu fiz aquilo pra tentar te esquecer, nós não daríamos certo.
Élio arregalou seus olhos, sentiu seu odio batendo e apertou sua mão contra ela mesma, não estava acreditando nas palavras do Homem a sua frente.
- Mas nós podemos recomeçar, você já é maior de idade, nós podemos ficar juntos.
Oliver se aproximou e agarrou rapidamente o garoto antes dele conseguir escapar, ele se debatia enquanto apertava mais forte. Deu beijos em seus cabelos grandes para ver se ele se acalmava em seus braços.
- Me solta! Que caralho. - Seu perfume acalmava Élio, fechou seus olhos e se rendeu agraçando o maior que acariciava seu rosto.
- Me desculpe por fazer isso com você. Eu não poderia namorar com você, eu não poderia entrar em um relacionamento com você! A sua família é perfeita e eu sei que nos apoiaria, mas a minha não, Élio. A minha me detonaria e cortaria totalmente os laços comigo, eu infelizmente não poderia destruir tudo por você.
- Eu me mataria por você. - Oliver arregalou os seus olhos pela fala do menor e o encarou, o garoto saiu dos seus braços e suspirou olhando em seus olhos - Eu era louco por você, e você me abandonou desse jeito, eu não quero ficar perto de você, vai embora por favor.
- Seus pais chamaram minha esposa para vim junto, ela não pode vim no horário em que eu cheguei mas, irei busca-la com seus pais em 10 minutos.
- Então vai, por que perde tempo comigo?
Oliver sem saber o que falar apenas sai do quarto descendo as enormes escadas batendo de cara com os pais do mais novo, ele apenas suspirou e deu um sorrisinho saindo da casa junto aos mais velhos.
Mais de noite, estava tendo um jantar, Élio não conseguia comer então ficou trancado no quarto enquanto seus pais, oliver e sua "bela esposa" comiam e se divertiam.
Élio abraçou seu travesseiro chorando como se não houvesse o amanhã. Sua respiração ofegante, a brisa da noite e seus olhos vermelhos, os soluços ficavam cada vez mais altos e seu corpo tremia por conta do frio que estava fazendo. Ele não estava entendendo, era verão? Por que estava fazendo frio.
Seus pais nem se preocuparam em saber se estava com fome, estava com sede, estavam preocupados em alegrar Oliver e sua esposa, não ligavam pro própio filho e isso estava fazendo a cabeça do menor.
O choro ia cada vez abaixando mais, até que sentiu seus olhos pesarem e seu sono vim.
Escutou a porta sendo aberta e um carinho em seus cabelos ondulados e grandes. Abriu seus olhos rapidamente encarando seu pai e sua mãe em sua frente.
- Filho, poderia tocar um piano para a gente? - Seu pai deu um sorriso fraco, Élio pode sentir seu sangue ferver e se levantou bruscamente.
- Eu fico o dia todo sem comer, a noite toda sem comer, e vocês nem se interessaram em ver se eu estava com fome ou precisando de um ombro pelo o que aconteceu! Ai nem mais nem menos vocês chamam as duas pessoas em que me fizeram chorar por meses e ainda mandam eu tocar piano?! Saem do meu quarto, agora!
Seu pai levantou junto com ele e o puxou fortemente pelo braço olhando em seus olhos, dava pra sentir a raiva em que o maior estava sentindo, apertou mais ouvindo Élio gemer de dor e tentar recuar.
- Na próxima vez em que você tratar eu ou sua mãe assim eu vou te bater tanto que você vai precisar ir pra porra do hospital. - Nunca tinha escutado seu pai xingar ou ficar tão raivoso com ele dessa forma, teve medo desse seu "novo" pai.
- Deixa ele..Por isso é uma decepção. - Sua mãe disse antes de sair do seu quarto ao lado do seu marido, Élio sentiu as lágrimas querendo descer novamente mas apenas suspirou sentando na cama.
Oliver abriu a porta assustado dando um grande susto no menor. Andou rapidamente e se sentou ao seu lado, Élio não aguentou e desabou no choro sento abraçado pelo loiro.
- Eu escutei tudo, sinto muito pelo tratamento de seus pais e.. Sinto muito pelo o que eu disse hoje mais cedo, eu acabei sendo rude com você. - Élio não teve coragem de dizer nada, apenas concordou com a cabeça e o abraçou de volta.
- Eu ainda uso sua blusa.
- Eu pensei que tinha jogado fora.
- Eu não teria coragem de fazer uma coisa dessas com uma roupa preferida. - O loiro sorriu grande ao escutar o que o cacheado havia dito, talvez o amor dele merecesse Oliver enfrentando seus pais pela sua sexualidade e pela sua forma de amar.
- Eu te amo, Élio.
- Eu.. Também te amo, Oliver.
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cmbyn
Romance"Como você vive a sua vida é da sua conta. Só se lembre: nossos corações e nossos corpos são dados uma única vez."