J A N T A R.

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AGNOLETTO E EU ENTRAMOS EM CONSENSO, mesmo inconscientemente, de não tocarmos no assunto do beijo pelos próximos dois dias que se passaram. Estranhamente, ela não falou comigo durante os ensaios, nenhuma frase de duplo sentido ou flerte descarado, nem mesmo alguma arrogância comigo ou qualquer outro membro de sua equipe. Nada. Absolutamente nenhuma palavra. Entrava silenciosa, saía silenciosa.

Tive que me segurar para não perguntar a Soyeon o que estava acontecendo porquê, pelo pouco que vi desde a primeira vez que nos encontramos, Soojin não parecia ser o tipo de mulher calada, ela gostava de impor sua opinião em cada aspecto de seu trabalho, mesmo quando não fosse solicitado.

O beijo não saía da minha cabeça, quando saí correndo daquele banheiro e peguei meu equipamento com Miyeon, fui direto para casa. Me enchi de rémedios, tentava de tudo para que meu corpo se acalmasse. Era irritante, totalmente irritante, mas eu sinceramente preferia passar a noite toda dopada do que ter de lidar com as consequências de meu distúrbio sexual na manhã seguinte.

Acreditem, sei do que falo, não seria a primeira vez acordar na cama de uma desconhecida pela manhã.

Por isso, tomei minhas precauções. As pílulas, elas não são cem por cento eficazes, é claro, mas ajuda bastante saber que eu não precisaria procurar por uma estranha para satisfazer parte de meus desejos por um simples beijo com Soojin.

Naquela sexta-feira eu fui pra cama com certo alívio por estar sendo ignorada pela toda poderosa e, ao mesmo tempo, sentia um peso estranho em meu estômago. Eu sei, ter ela me ignorando completamente e me deixando fazer meu trabalho era o que eu mais queria desde que a conheci, e quando eu o consegui, me incomodei.

Era visível para qualquer um que Agnoletto me ignorava na cara dura. Então, na madrugada de sexta para sábado, quando recebi uma ligação em plena quatro da manhã, vocês não imaginam a tamanha surpresa que tive.

Quando atendi, não procurei olhar o visor ou qualquer coisa do tipo, só estava irritada para um caralho com o fato de alguém me ligar às quatro da manhã.

- Quem é que está me ligando às quatro da manhã? - eu atendi, frustrada ao máximo para conseguir ser gentil seja lá com quem estivesse do outro lado da linha.

Houve um minuto de silêncio, uma risadinha abafada e a respiração calma saindo do outro lado da ligação.

- Ei, fotógrafa. - ah, não... Aquela voz...

Quase que de pronto, me sentei na cama e tentei manter meus olhos abertos ao máximo.

- Não anotou meu número em seu telefone pessoal? Puxa vida, estou me sentindo chateada de verdade!

- Agnoletto? - eu perguntei, apenas para ter certeza do óbvio.

- Quem mais seria, docinho?

É claro que é ela! Revirei os olhos, limpando a garganta para que minha voz estivesse mais clara.

- O que aconteceu? Por quê está me ligando às quatro horas da manhã? - perguntei afobada, ouvindo a risadinha dela do outro lado.

- Estava dormindo?

- Bem, sim? - olhei para o teto do quarto com incredulidade.

- Ah, sinto muito. - é o que ela diz, mas sei que não sente. - Estou ligando porquê você deve me encontrar em meia hora, te passo o endereço por mensagem.

Pera , o quê?!

- Como assim te encontrar? - minha voz saí esganiçada. - São quatro horas da madrugada, Soojin!

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