Início

838 84 187
                                    

Aviso:

Esse capítulo contém gatilho de violência gráfica e estupro não gráfico. Devidamente sinalizado com 🔽

A lua cheia traz boa sorte. Foi o que a mãe de Meng Yao sempre disse e ele sempre tentou acreditar, mas era lua cheia quando ele fez dezesseis anos e seu padrasto o vendeu para o bordel.

Ele era um menino bonito, alto e com lábios rosados fofinhos. E, talvez porque ele era assim, seu padrasto achou que era melhor vendê-lo para um bordel ao invés de deixar que ele fizesse os exames nacionais.

Meng Yao nunca iria esquecer do pedido que ele fez para aquela lua cheia enquanto recebia seu primeiro cliente. Ele também nunca esqueceria que nunca foi atendido e que precisou aprender - muito rapidamente - que colocar um sorriso no rosto e receber todos os homens que o queriam, significava menos chance de apanhar na cama.

Durante os últimos dez anos, ele usou sua beleza para sobreviver, economizando os poucos bens que ficavam com ele depois das "despesas" mensais que a matrona viria cobrar. Tudo que Meng Yao queria era ser livre, nem que fosse para morrer de fome.

Mas, não importa o quanto ele desejou, em todas as luas cheias, a sorte nunca veio para ele.

-
🔽

- Efeminado nojento. - O homem segurou o rosto macio e corado com uma mão, a outra se apertando em torno do pescoço do prostituto. - Achou que enganaria e ficaria sem punição?

Meng Yao estava com a visão nublada, suas saias levantadas até a cintura enquanto o cara batia seus quadris contra ele, indignado e bêbado. A mão de Meng Yao tinha desistido de segurar o pulso do homem e agora tateava tentando alcançar a lamparina.

A dor entre suas nádegas era crua e insuportável, o cheiro do sangue subiu e ele sentiu que iria morrer ali. Não era a primeira vez que um cliente o confundia com uma mulher ou que o escolhia apenas para descontar o ódio por ser gay.

Se ele ao menos pudesse chegar até a lamparina e usá-la para bater nesse homem, ele poderia respirar. Seus dedos continuam se esticando, ele luta para conseguir um pouco de fôlego, um tapa estala no seu rosto, suas pernas chutam o ar e as pontas do dedo alcançam o metal.

A lamparina rola e se espatifa no chão com um barulho alto. O querosene se espalha fazendo um rastro e o fogo começa, alto e fedorento. O homem solta o pescoço dele, no susto, saindo do meio das suas pernas com um puxão seco e alcançando um travesseiro para apagar o fogo.

Meng Yao rola pra fora da cama, puxando o ar em grande golfadas, ficando de quatro para tentar levantar, mas escolhe tentar engatinhar até a porta.

O homem consegue abafar o fogo e pega Meng Yao quando ele já está na porta, puxando pelos cabelos. Um grito escapa de Meng Yao ao ser erguido, ele bate as mãos contra a porta.

- Onde você está indo? Paguei caro, só vou sair quando te ensinar uma lição. - A voz é engrolada e uma camada de cuspe cai no seu rosto.

- Socorro. - Meng Yao não vai argumentar com esse tipo, ele só precisa sair dali. - Madame Chen! Madame Chen, socorro!

- Calado cachorrinho idiota, eu vou te comer até que você aprenda a querer outra vida.

🔽

Depois disso, Meng Yao é arrastado para cama enquanto luta, ainda gritando o tão alto quanto consegue. Seu rosto é empurrado para o travesseiro e ele pensa que vai morrer antes que alguém entre, antes que alguém escute seu sofrimento. Meng Yao não se lembra se é noite de lua cheia, provavelmente falta um ou dois dias, mas ele faz um pedido mesmo assim.

Meia Lua Onde histórias criam vida. Descubra agora