Capítulo 04: Intenso

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— O que diabos é você?

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O que diabos é você?

O medo é refletido em minha voz enquanto me esforço para manter alguma distância, encolhida ao máximo no banco do carro. Tento pensar com clareza, respirar devagar e normalizar as batidas alucinadas em meu peito. Não consigo, não quando eu tenho aqueles olhos assustadores e de íris vermelhas a me queimar, não quando eu me vejo tão claramente refletida neles: assustada feito um bichinho encurralado.

É como estou me sentindo, de fato. Não importa quantas vezes Sasuke repita que não vai me machucar, não acredito, não confio. As promessas podem ser tão vazias quanto quem as fazem.

O silêncio se arrasta, insuportável e longo, uma agonia que parece não ter fim. Sasuke se ajeita no banco, finalmente levando seus olhos para longe e mirando algo para além da janela. Acompanho o movimento das mãos grandes a deslizar pelos fios negros e em desalinho, um gesto nervoso, reconheço. Faz-me lembrar que, alguns instantes atrás, eram os meus dedos se enroscando nos fios suaves enquanto nos beijávamos com todos aqueles sentimentos malucos e sensação de reconhecimento a nos envolver. Seu toque em meus lábios, o aperto em meu quadril... Droga!

Esbofeteio-me mentalmente, irritada com o rumo dos meus pensamentos traidores. Á luz disto, Sasuke solta uma lufada de ar pela boca, as mãos sendo fechadas em punho, como se travasse uma batalha interna. Provavelmente se decidindo entre acabar ou não com o agoniante suspense.

Engulo o nó preso em minha garganta, esperando ansiosa, temerosa também.

— Eu... — ele hesita em me tirar do escuro. Não é fácil para ele, eu posso perceber. Então fico atenta, em alerta também, apenas ouvindo e evitando tirar conclusões precipitadas. — Eu não queria que você soubesse de maneira tão imprudente, sem aviso ou qualquer preparação. Não foi assim que eu planejei te contar. Mas foi e ainda é impossível manter algum controle perto de você. Seu cheiro, sua pele, seu corpo... Estão me enlouquecendo. Tê-la tão perto depois de tanto tempo, deixa meus sentidos à flor da pele. — Suspira pesadamente, os olhos fitos na janela.

O dia começa a ganhar ares noturnos, mas essa é a menor das minhas preocupações.

— Sakura, Je suis un vampire. — Levo um longo momento para compreender o que sua voz sussurrada disse. Busco desesperadamente uma tradução para suas palavras, testando repetidas vezes em minha mente atordoada. — Eu sou um vampiro.

Ele está me encarando agora, os olhos de volta aos negros profundos, tensos. O choque de sua revelação faz o mundo a minha volta desaparecer. O ar vai escapando dos meus pulmões, as batidas no meu peito calando e minha cabeça ficando em branco.

— Diz alguma coisa!

Eu sou incapaz de murmurar algo decente. Nem forças para rir, gritar ou desmenti-lo eu tenho. Vampiros? Não, recuso-me a acreditar. Isso não existe. Não no mundo real, aqui, agora. Eles fazem parte da ficção, onde não há limites para a fantasia e o sobrenatural. Mantenho-me na esperança de que a qualquer momento ele irá rir da minha cara e finalmente me dizer a verdade por trás desta quarta-feira insana.

Destinada - (Sasusaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora