A garota do príncipe

Um

— Faça uma boa viagem! — Exclamou Catarine ao me abraçar no aeroporto.

— Tem certeza que não quer ir comigo? — Perguntei.

— Isso seria impossível, Eva. Você sabe disso não sabe?

Ela tinha razão, era impossível da minha melhor amiga me acompanhar, nem eu mesmo sabia como eu tinha entrado nessa história, em menos de uma semana minha vida tinha mudado tanto que nem eu mesmo acreditava. Lá estava eu embarcando para Tohre.

•°•°•°• alguns dias antes •°•°•°•

Era uma noite de sábado, eu estava desolada por não consegui superar o término do meu relacionamento, havia dois meses e eu ainda me sentia culpada por ter sido tão tola de acreditar no Estevão e em todas aquelas mentiras. Eu estava acompanhada dos meus melhores companheiros, uma panela de brigadeiro caseiro e uns vídeos de comédia no YouTube.

— Você deve superar isso! — Catarine falava, ou melhor berrava. — Eva, você ainda ama aquele cafajeste?

— Não. — respondi convicta, era verdade, eu não o amava, hoje eu tinha mais ódio, muito ódio dele e de tudo que me lembrava ele, ódio de mim também por não ter visto que era uma tremenda armadilha. — Eu só não consigo superar o fato...

Minha voz ficou presa. Catarine ficou em silêncio, ela sabia que eu precisava falar tudo que eu tinha guardado pra mim esses meses todos. Respirei fundo.

— Eu não consigo superar o fato de eu ter sido tão idiota, ele me fez vender meu carro, vender meu apartamento, pedir demissão do meu emprego, achando que a gente ia começar uma vida nova em Belo Horizonte.

Haviam dois meses que eu morava na casa de Cat, ela tinha me dado todo apoio possível. Tanto emocional, quanto financeiro. Eu fazia alguns bicos para pequenas empresas que desejavam alcançar o mercado internacional, mas ainda era pouco, não era o suficiente para me manter. Eu havia espalhado dezenas de currículos, mas nada concreto parecia surgir.

A dor de ter sido uma idiota me consumia. Eu sabia que tinha que reagir, mas eu simplesmente não conseguia, existia dentro de mim aquele vazio que não passava. Aquele vazio do término, o vazio da solidão, a sensação de saber que não receber um telefonema de surpresa. Eu ainda não tinha me acostumado a minha vida de solteira. Ainda juntando o fato de ele ter me tirado meu emprego, meu carro, meu apartamento, minha autoconfiança,  eu me sintia completamente oca por dentro.

— Ele foi um filho da P... com você, mas lembra que ele não te merecia. Você é linda, olha só esses olhos e esse cabelo, você parece uma artista, qualquer cara daria tudo pra estar do seu lado... — Cat, me tirou dos meus pensamentos.

— Obrigada por tentar me animar. — Eu disse me acomodando na cama.

— Eva, não pense que estou falando por que quero ser legal. Eu estou falando isso por que é a verdade. — Ela disse.

— Sabe, Cat, saber que ele agora está passando férias na Grécia, com a vadia da Daniele me deixa louca. Ver todas aquelas fotos que eles tem postado juntos me deixam super estressada.

— Eu também não esperava por isso dela. — ela disse. — Ela tinha tinha os trambiques dela, mas o que ela fez com você foi muito desleal.

Daniele era a minha antiga colega de quarto, ela sempre tinha demostrado ser uma pessoa ambiciosa, que gostava de coisas caras e de homens ricos, mas ela parecia ter escrúpulos, ela sempre se manteve longe dos namorados das amigas. No meio dos meus pensamentos olho para Catarine que parecia ter tido a melhor ideia de todas.