A garota do príncipe

Sete

Finalmente depois de 9 horas de vôo estávamos na Europa. Estávamos a menos de trinta minutos de Tohre. O coração batia forte. Tinha vontade de roer as unhas, minhas pernas balançavam sozinhas. Tentei me distrair olhando em volta. Aaron ajustava o relógio.

- Que horas são agora em Tohre?
- perguntei pra mudar o foco.

- São vinte e duas.

Ótimo, havia dormido tanto no vôo que essa deveria ser mais outra noite em claro.

- Está ansiosa? - ele perguntou.

- Muito. - admiti me encolhendo um pouco.

- Tenha calma. Eu estou com você. Tohre é um lugar bom. Não tem tanto sol e praias como o Brasil, mas somos um país hospitaleiro. Essa será sua casa nos próximos meses.

Eu apenas assenti. Não sabia o que falar. Eu tinha caído nessa história, sem ter muito tempo para pensar. Tinha medo de me arrepender por ser tão precipitada.

Tohre era mais lindo que nas fotos que Aaron havia me mostrado, eu pude constatar isso mesmo a noite. Pazifik Erde era maravilhosa, dava para ver ao fundo uma imensa cadeia de montanhas, a vista daquele pico deveria ser linda. Acho que daria para ver a Áustria e talvez até a Itália.

Não tive muito tempo para me contemplar a vista. Logo tive que embarcar um carro rumo ao palácio real. As ruas estavam iluminadas, haviam pessoas nas ruas, elas pareciam esperar pelo carro, muitos olhares curiosos vinham na direção do carro.

- Essas pessoas estavam esperando a nossa chegada. - ele comentou. - As pessoas estão curiosas para saber quem é você, Eva.

- Mas eu não sou ninguém... - Pensei alto. - Não há motivo para curiosidade.

- Você é a garota do príncipe. - ela disse mostrando a tela do tablet.

Havia uma matéria sobre mim. A pessoa que escreveu me chamava de linda e me descrevia como tendo olhar amável e sereno. A matéria mostrava uma foto minha abraçada ao príncipe Aaron. E dizia que eu ainda não levava muito jeito com os holofotes, mas que eu parecia muito promissora.

- Eva, você não é mais uma pessoa comum. Acredito que nunca mais volte a ser uma garota comum. - Aaron me alertou.

Eu era a garota do príncipe. Eu nem tinha mais meu nome. Eu só queria que eles me chamassem pelo meu nome, queria continuar a ser quem eu era. Fiquei calada organizando os meus pensamentos, não sei se algo no meu rosto chamou a atenção do Aaron, ou se foi algum suspiro meu.

- O que foi? - ele perguntou.

- Sem ofensas, eu não gosto do título de garota do príncipe.

- Como gostaria de ser chamada? - ele perguntou.

- Eva. Eva está muito bom.

Ele riu do meu comentário. - Mein Liebling, faça você o seu próprio nome. Você terá muito tempo para isso, eu estarei ao seu lado para ajudá-la.

Eu não sabia o que era "Mein Liebling" mas supus que deveria ser algo carinhoso. Isso me fez pensar em outra coisa, como eu iria me comunicar com as pessoas? Eu sabia falar um pouco de inglês, mas sabia que Tohre falava alemão e italiano, não sabia se o inglês era um idioma oficial daqui.

- Aaron, como eu vou me comunicar com as pessoas? Digo, eu só falo português e um pouco de inglês.

- Nós temos dois idiomas oficiais, mas cerca de quarenta por cento da população também fala inglês, Na capital Pazifik Erde esse número sobe para cinquenta por cento. Além disso, você terá aulas de italiano e alemão. Alemão por ser a língua materna de Tohre e italiano por ser língua oficial do príncipe.