Clarisse ajeitava seus belos e finos vestidos em seu armário, olhava cada um e lembrava de cada momento vívido com eles, eram várias lembranças de bons momentos, claro que também tinham os ruins, não poderiam faltar esses.
A Soberana tinha uma afeição cansada, um olhar levemente aborrecido como se não estivesse satisfeita com algo, a mesma queria desabafar mas ninguém era confiável o bastante para ouvi-la, nem mesmo seus filhos, que estavam crescendo, os homens da família achavam que tudo estava em perfeito estado e as mulheres, que eram poucas, não podiam opinar já que suas opiniões não eram válidas.
-Querida?
Claris soltou o cabide amadeirado e deixou o vestido azul marinho com detalhes prateados cair em seus braços quando ouviu seu marido, fazia tempo que não se chamavam por apelidos, eram apenas por seus respectivos nomes e nada mais, mas ali estava ele a chamando de querida.
A morena se virou lentamente e viu a figura masculina pela qual era apaixonada, os olhos de Angus estavam fundos por conta de suas olheiras e seus cabelos levemente bagunçados. Um breve sorriso surgiu nos lábios da mulher, que logo repousou o vestido sobre a cama e andou até o seu amado.
-Você está péssimo!-Ajeitou seu colarinho, o deixando perfeitamente reto e bem arrumado.
-Eu sei, estou cansado.
Segurou o rosto da amada e selou sua testa calmamente, a mesma segurava o antebraço do marido e acariciou levemente o local, logo o moreno soltou-se da esposa e foi até a grande janela que dava vista para o jardim atrás da residência da família real.
-Muitos problemas estão surgindo ultimamente...Não estou sabendo lidar com tudo de uma vez.
Sua voz arrastada mostrava o cansaço que o homem sentia, mostrava o quanto queria que aquele momento ruim acabasse, se sentia incapaz de manter aquele reino em pé, mas aquele era seu dever até sua morte ou até nomear um de seus filhos o herdeiro do trono. O problema é que não achava nenhum dos filhos apropriados para vocação de Vossa Majestade, nem mesmo tinham um comprometimento sério com alguma garota da nobreza, apenas mulheres da vida, ou como o rei dizia "prostitutas", que iam e vinham uma diferente por noite.
-Talvez deva descansar e deixar isso de lado por um tempo.
A voz calma da mulher de cabelos acastanhados fez o coração do marido acelerar, não ouvia sua esposa falar aquilo a bastante tempo, sabia que ela tinha razão e que o certo seria esquecer um pouco aquilo, mas era complicado.
-Eu queria...queria poder descansar, Claris...mas tem a guerra, essa crise e os nossos filhos que pouco se importam com a própria imagem!
-Querido...-Ela suspirou, se aproximando enquanto segurava o seu vestido majestoso, assim como sua beleza sem igual.-Nossos meninos estão crescendo, estão conhecendo o mundo, dá uma chance para eles, principalmente ao Eydan...ele te admira.
-Se me admirasse, ele se preocuparia com o seu título e o seu dever como príncipe, Genevieve.
Ele suspirou, virando de frente para a morena, fechando e pressionando seus olhos os abrindo novamente, sorrindo falsamente e deram continuidade a tal discussão.
[•••]
" Príncipe Eydan, o que dizer sobre o desejado filho do rei? Bom, eu o classificaria como irresponsável, festeiro, bagunceiro, mulherengo e fora das rédeas do seu pai, talvez o bebezinho da mamãe. Okay, eu vou parar de falar sobre Eydan e partir pro felizardo. "
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Estilhaços em Ruínas
RomanceUm casamento conturbado, um reino em ruínas, nada como uma traição pra apimentar a vida. Era essa a vida da família real Van Houten.