Há um tempo atrás, havia uma mulher que sempre se sentava ao mesmo banco do parque. Lá ela poderia ver tudo. Seus olhos capituravam árvores e flores e seu coração capiturava palavras e universos de seus livros.
Até que certo dia, pronta para virar uma página, ela avistou uma rosa, tão perto de si, pairada sobre o banco em que ela sentava. Ela ignorou aquilo, embora a achasse tão bonita quanto as outras.
No dia seguinte, o mesmo aconteceu. Ela avistou uma rosa tão linda quanto o reflexo do céu no mar, quanto o canto dos pássaros, a sintonia de um concerto. E ela não se preocupou novamente.
No dia seguinte, outra rosa fora posta ao seu lado. Mas então a mulher se perguntou de onde aquilo vinha. E, novamente, ela não fez nada sobre aquilo. Ela apenas ignorou saber de novo, embora achasse característico e distinto.
Durante semanas, fora assim. Uma flor pairada ao seu lado a cada vez que ia se sentar.
Mas então, até que em fim, houve um dia que ela impremeditadamente se atrasou para a sua rotina, e ela pôde avistar um homem perto do banco, depositando uma rosa fresca. Ela esperou até que ele estivesse quase distante e resolveu se sentar. De longe, ela o mirou. Ele tinha um sorriso quase triste nos lábios, mas ela foi incapaz de não sorrir também.
No outro dia, ela tocou a rosa.
No próximo dia, a cheirou.
No próximo, a levou consigo.
No quarto dia, após sorrir novamente para o homem e ter certeza de que ele lhe deixava flores, ela revolseu perguntá-lo o motivo. Sua voz quase quebrada a respondeu:
"Temo de que você seja tão delicada quanto as rosas. Temo de que seja tão linda quanto suas cores. E temo que seja tão frágil quanto elas. Então as deixo sobre o banco, em um lugar onde possam estar longe de onde fico. Assim jamais as destruirei. Assim, tão longe, bonita sempre estará a rosa."
No dia seguinte, a mulher sentou em um banco diferente do qual sempre se sentava, e não houveram mais rosas. Mas houveram sorrisos.
No dia seguinte, ela se sentou mais longe ainda, quase tão distante da árvore onde o homem sempre lhe sorria.
E a cada vez ela se sentava mais longe, até que não o pudesse ver mais.