Há muito, muito tempo atrás... quando nem mesmo o Sol era conhecido como uma estrela, a Lua não era vista como um satélite e os deuses nem sequer cogitavam ser superstições... Quero dizer, há tanto tempo, que nem estrelas eram nomeadas como tal; cada canto dos universos brilhava com formatos e espécies diferentes, coisas que jamais poderemos imaginar e cores que seríamos incapazes de ver nem se fechássemos os olhos o mais forte possível.
Nesse tempo, um ser misterioso, alto e geba, pulou para fora de seu planeta e flutuou para o mais longe que alguma vez conheceu, e acabou caindo de ponta cabeça em um universo completamente diferente do que era acostumado.
Seus olhos foram astutos contemplando o mundo, e, logo à frente, após recuperar-se de sua queda, vira o que achou ser o algo mais bonito que já havia visto em toda a sua vida.
Fagulhas cintilantes brilhavam ao redor do que tinha formato delicado e meigo, enquanto giros e palmas tomavam o ar ao seu redor. Edhump, como o nomeei, ficara encantado com aquilo. E mesmo que não entendesse muito bem o que havia visto, sua corcunda reclinada o levou até aquela moça que tão feliz parecia.
Naquela noite, Edhump aprendeu o que era dança.
Na noite seguinte, descobriu o que era um beijo.
Na outra noite, o que era amor.
E na quarta, Ed teve que aprender o que era uma despedida.
Seu tempo estava acabando naquele mundo. O grande relógio marcava o seu tempo restante. Ele foi avisado. Não pertencia àquele mundo, não poderia ficar, embora tivesse tido seu coração roubado.
"Amo-te tanto! Não sei se conseguirei partir sabendo que jamais ver-te-ei novamente!" Disse Edhump.
"Não te preocupas. O amarei eternamente dentro do nosso eterno." Respondeu Rosé.
"Eres tão bela, temo por absoluto que jamais encontrarei algo tão bonito aí por fora. Não quero deixá-la."
"Não te preocupas. Amar-te-ei em outras vidas e em outros mundos. O conhecerei no tempo além." Assegurou-lhe novamente.
E Edhump deixou aquele mundo. Flutuou novamente para o tão longe, agora conhecido, confiando nas palavras de sua primeira e insubstituível amada.
Quando voltou para seu próprio mundo, Ed percebera menos cores, menos seres, pouca dança e pouca graça. Não havia sua Rosa Dançante. Mas Ed cumpriu sua promessa, e a amou dentro do infinito eterno que conhecia.
Dozentos milhões de anos se passaram e, na Terra, um homem velho humano, emocionado com a apresentação no palco à sua frente, guardara palavras que tocaram profundamente seu coração.
"Eres tão linda como se fosse de outro mundo."
"Eres impossível como se tivesse caído dos céus..."