Vendido

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O mundo não é um lugar bom, ou melhor aqueles que residem nele. O sofrimento sempre foi uma escolha, a dor sempre foi causada por uma escolha. Tudo poderia ser resolvido, não poderia? Não, nem tudo poderia. Há coisas que não tem explicação. Há situações que ocorrem sem nenhum nexo. O que é o amor? O que é a dor? O que é o sofrimento? Se tudo isso são escolhas, quem em sã consciência escolheria dor ou sofrimento?

Não há uma resposta de como resolver o problema que há no nosso mundo, não há uma resposta para uma pergunta como "Por que uma mãe faria isso?"

Tudo isso anteriormente escrito provém de uma história que será contada, aqui e agora. Não somente a dor irá existir, mas é nela que iremos ver as mudanças daqueles que as sentem e também a mudança desses mesmo que encontram alguém que os salve dessa situação. A dor é presente, mas sempre há cura...

Em uma cidade pequena, em uma casa onde só se podia ouvir gritos, essa história começa. A casa é simples, suas paredes de madeira não conseguem segurar a brisa gelada da noite por ter frestas demais. Seu telhado tinha buracos que eram reparados com grandes sacos pretos de lixo. A vida daqueles que ali vivem não é fácil, mas nada explica o que foi feito a seguir.

Dentro da casa havia uma mãe e seu filho. Uma leoa, alta, magra pela fome que sentia diariamente, suja pela falta de água para se ter higiene. Com ela, havia três lobos cinzas, todos com ternos belos de marcas caras, sapatos sociais que refletiam todas as luzes do local, de tão limpos. E ali há uma discussão um tanto quanto estranha.

- Cadê a criança que será vendida? - perguntou um dos lobos que estava um pouco mais a frente dos outros dois.

- Ele está aqui em algum lugar, deixe-me chamá-lo. - disse a leoa com um pouco de medo no olhar, mas com um sorriso no rosto. - Venha cá meu filho, venha ver quem nos visita. - dizia com a voz doce e melódica, como uma verdadeira mãe que se preocupava em encontrar o seu filho.

A criança se escondia em um ponto escuro da casa, estava com medo do que ouvira, com medo de sua própria mãe. Então permaneceu escondida, mesmo com o chamado daquela que já o fez tão feliz.

- Venha querido, por favor, ajude a sua mãe. - dizia ela com o mesmo tom de voz, porém, dessa vez um pouco mais triste que anteriormente. - Por favor. - quase sussurrou.

Nesse momento a criança se lembrou de algo, em sua mente passou uma imagem de sua mãe que o procurava sem descanso quando havia se perdido na floresta perto dali. E quando o encontrou ela esboçou um belo sorriso, ele a amava. É claro que a amava, ela era sua mãe. Relutante, porém preocupado com as palavras que sua mãe havia soltado anteriormente, a criança se moveu lentamente, saindo do lugar onde estava escondida.

- Mamãe? - chamou por ela. - Eu estou aqui. - disse de forma gentil se expondo para todos ali presentes.

- Nossa... - disse baixinho um dos lobos.

- Ele realmente é... Exótico. - disse o lobo que estava mais a frente e logo se aproximou mais da criança para examiná-la. - Tem certeza que ele nasceu assim? - perguntou.

- Sim. - respondeu a mãe rapidamente. - Desde o momento que saiu de meu ventre, sempre fora exatamente como é... Diferente. - disse após uma leve pausa.

O lobo se aproximou mais da criança, aproximando-se o suficiente para olhá-la em seus olhos. O canídeo estava admirado em como a criança era diferente de todos os leões que já vira em toda a sua vida. E há sentido nisso, afinal, a pequena criança à sua frente possui características incomuns para qualquer outro de sua espécie. Seu pêlo corporal era um tom preto, porém, ao refletir da luz se tornava um belo azul oceano igualmente a sua juba. Contudo, havia algo ainda mais raro, seus olhos, não haviam pupilas para se olhar, ou melhor, todo o seu globo ocular era negro como a própria escuridão. E para os olhos daquele lobo curioso, isso era belo e valia milhões. Já para os outros dois, isso era assustador. E é claro que isso o faria ficar assustador, ninguém nunca havia nascido assim.

If I Could... (Yaoi - Gay Furry)Onde histórias criam vida. Descubra agora