Que Kuroo era persistente, ele sempre soube, mas estava se superando com Tsukishima. Tinha algo no loiro, no modo como seus olhos pareciam sempre monótonos com uma pitada de perversidade, no jeito que as mãos se moviam graciosamente, nas palavras ácidas e divertidas que saltavam de seus lábios que Tetsurō simplesmente não conseguia ignorar. Tinha sido cativado pelo maior e não sabia nomear quando exatamente se descobriu apaixonado por ele. E este era um fato que nem se quisesse poderia negar, pois estava estampado em sua feição. Usava toda e qualquer oportunidade para falar do loiro - nem mesmo a atendente da padaria o aguentava – e sorria tão verdadeiramente que seus olhos brilhavam. Contava os minutos para ver o outro e suspirava apaixonado perdido nas próprias lembranças. Sentia todo seu corpo formigar com singelos toques e sua mente se tornava uma confusão de sensações que necessitavam de mais e mais de Kei. Aos poucos fora envolvido pela aura misteriosa e eletrizante do homem de cabelos claros, se apegando aos detalhes que aprenderá admirar, derrubando cada muralha por ele erguida.
(...)
Era uma terça feira. Lá estava ele esperando Kei, encostado no carro, um Dodge Charger 70 que depois de muito juntar dinheiro havia conseguido comprar. A noite estava serena e uma brisa leve acariciava as suas bochechas, mas a calmaria da noite em nada combinava com a agitação em seu peito. Não era para estar tão nervoso, mas sempre ficava. Passava as mãos excessivamente pelos cabelos, mordia a parte interna da bochecha e seu coração batia tão rápido que temia sair pela boca a qualquer instante. Patético. Se sentia como um colegial ansioso para o primeiro encontro, apesar de que, talvez em moldes ditos normais, esse era o primeiro encontro que tinham. Afinal da última vez fora Tetsurō atendendo um pedido egoísta de Tsukishima, levando uma garrafa do melhor whisky que tinha.
Kuroo olhou para suas mãos. Não havia trazido a flor como havia prometido que faria, mas por uma boa causa. Tetsurō queria ver os comentários sórdidos que Tsuki faria e depois a reação quando visse a Selenicereus. Sorriu bobo imaginando o cenário em sua mente e mal percebeu que o outro tinha chegado, apenas quando ouviu a voz grave de Kei é que Kuroo voltou a realidade.
– Oi, vamos? – como sempre as palavras pareciam limitadas, como se cada sílaba fosse minimamente controlada, pensada e planejada. E ele estava lindo. Lindo não era bem a palavra que Kuroo usaria, mas para ele não existia palavras o suficiente que pudessem descrever a beleza de Tsukishima Kei.
Os olhos focaram em cada mínimo detalhe, Tsuki vestia uma camiseta branca simples que deixava tatuagens por todo seu tronco até às clavículas visíveis, calças de couro um tanto justas nas coxas magras, jaquetas de mesmo material que contrastava com a sua pele clara, usava colares prateados, anéis e em suas orelhas haviam alguns piercings que Kuroo nunca havia reparado, e que, volte e meia refletiam pela luz dos postes. Nas mãos como sempre havia um cigarro pela metade que vez ou outra ele colocava por entre os lábios. Tsukishima parecia um modelo alternativo desses de capa de revista que arrancava suspiros por onde quer que passasse. E o detalhe que Kuroo mais amava eram os óculos que usava, cuja armação estava quebrada. Como se fosse um ponto para Tetsurō lembrar de que o homem à sua frente era real e não fruto dos seus sonhos.
– Uau... – começou, sorrindo – Você está lindo, Vossa Alteza. Creio que este humilde plebeu jamais chegará aos seus pés – Tetsurō fez uma reverência exagerada e abriu a porta do carro para o outro entrar.
O loiro, como de costume, apenas revirou os olhos, um sorriso quase imperceptível permeou os lábios por alguns instantes. Eles tinham isso de Vossa Alteza e plebeu desde que Kuroo havia acatado os pedidos de Kei em plena madrugada – o whisky – desde que brincou como o rapaz era arrogante em tratar as pessoas à sua volta semelhantes a um monarca soberbo. O loiro jamais admitiria em voz alta, mas se divertia.
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selenicereus.
FanfictionEssa é apenas uma pequena parte da história de um plebeu perdido no mundo e de um rei tirano perdido em si mesmo. - a arte da capa provisória foi feita por Margareth Mee, uma botânica apaixonada pela Selenicereus.