um.

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CHAN

Me deitei, cobrindo meu corpo com o cobertor que havia pego no guarda roupa.

Ajeitei meu travesseiro e esperei o sono vir, mas não foi o que aconteceu, talvez a insônia tenha atacado novamente.

Escutei um canto baixinho do outro lado da parede, me permiti escutar aquela voz tão doce que cantava aquela música triste todos os dias.

take me to the rooftop
i wanna see the world when i stop breathing
turnin' blue
tell me love is endless
don't be so pretentious
leave me like you do

Dei algumas batidas na parede, o fazendo se calar.

— Desculpe-me, vizinho. — Ele sussurrou. — Já está tarde, desculpe atrapalhar seu sono.

— Sua voz é bonita. — Murmurei, sonolento.

— Obrigado? Você consegue me ouvir bem?

— Sim, a construção do prédio é um pouco antiga, eu penso.

— Com certeza.

— Não se desculpe por cantar, sua voz é muito bonita para ser escondida. Aliás, está tudo bem?

— Sim, e com você? Mas, por que pergunta?

— Estou bem, obrigado. Você parece meio... triste?

— Eu já me acostumei, vizinho.

— Você não deveria se acostumar com a dor.

— Acho que assim fica mais fácil para lidarmos com ela.

— Não. Assim fica mais fácil para acharmos que estamos lidando com ela, enganar a si mesmo não irá te fazer se sentir melhor.

— Uau. Você é psicólogo?

— Me formei faz pouco tempo. — Gargalhei.

— Então, temos praticamente a mesma idade?

— Eu tenho 24.

— Eu tenho 23.

— É, temos.

— O que você acha do curso de psicologia?

— Legal? Eu aprendi bastante coisas novas, como lidar com pessoas, sentimentos, e isso pareceu bem mais útil do que eu imaginava. O que você faz?

— Eu danço.

— Dança? Achei que você era cantor.

— Não. Eu trabalho em uma academia de dança do pai de um dos meus amigos.

— Isso parece ser divertido.

— E cansativo, mas é ótima a sensação de ter seu corpo sendo levado pela batida de alguma música.

— Eu entendo, deve ser encantador. Você se chama...

— Lee Minho. Sou o Minho, e você?

— Bang Chan.

— Acho que já ouvi de falar de você pelos corredores do prédio.

— Bem ou mau?

— O primeiro comentário que ouvi sobre você foi de uma pré adulta frustrada porque levou um fora. E o segundo foi de uma senhorinha do primeiro andar que me disse que você era um jovem muito educado e prestativo.

— Ela é um amor de pessoa.

— A senhora ou a pré adulta frustrada?

— A senhora. Eu aprendi a correr mais rápido por conta da pré adulta frustrada.

— Ela é tão ruim assim?

— Horrível. Perdi as contas de quantas vezes disse "não" para ela.

— E o que ela disse em todas?

— Que não desistiria. Eu já afirmei que eu sou gay, ainda sim ela não desiste.

— Que mulher insuportável.

— Pois é, mas uma hora ela cansa. — Olhei para o relógio. 23h40m. — Você está com sono?

— Um pouco, o dia foi meio cansativo hoje. E você?

— O mesmo. Hoje atendi mais pacientes do que o esperado.

— Então, merecemos um descanso digno, não?

— Merecemos.

— Boa noite, Chan.

— Boa noite, Minho.

listen before i go - minchan (shortfic) Onde histórias criam vida. Descubra agora