listen before i go - minchan (shortfic)

dois.

CHAN

Era um pouco mais cedo quando ouvi sua voz.

if you need me
wanna see me
better hurry
'cause i'm leavin' soon

Dei três batidas na parede, que logo foram respondidas com um oi.

— Você continua triste, Minho?

— Um pouco, Chan.

— O que aconteceu? Quer desabafar?

— Eu perdi meu emprego. — riu baixo. — Meu namorado me traiu, meus amigos se afastaram de mim... Minha vida está um caos.

— Por que eles se afastaram de você?

— Porque eles me avisaram sobre o Hyunsoo, mas eu não os ouvi. Estava tão cego de amor, que não pude perceber que estava em um relacionamento abusivo.

— Eu já estive no seu lugar, e te entendo completamente. Quando você se apaixona, passa a não poder mais ver sua vida sem essa pessoa, e acha que sem ela não irá sobreviver.

Minho suspirou pesadamente, fungando uma outra vez.

— Começa a pensar que seus amigos querem te ver afastado de alguém que você ama, quando na verdade eles querem te alertar, mas você não vê maldade ali porque aquele lugar um dia já foi seu lar. Porque um dia, o Hyunsoo foi alguém especial para você, que lhe tratou bem e cuidou de você.

— Eu deveria tê-los escutado antes, agora os perdi.

— Você passa a transformar a obsessão dele em preocupação, porque você acha que é assim que as coisas funcionam, já que uma pessoa apaixonada não pode ver maldade no seu parceiro.

— Por que é tão difícil ter notado antes? As brigas, os afastamentos, as chantagens emocionais, os gritos.

— Porque você fez sua mente acreditar que aquela era a forma dele te amar. Você transformou o relacionamento abusivo em amor para não se machucar mais, mesmo já estando quebrado por dentro.

— Eu sinto falta deles, Chan.

— Eu entendo, mas não quero que pense que você os perdeu para sempre. Eles precisam do tempo deles para absorver toda a confusão que a vida de vocês se tornou. Só o fato deles tentarem te alertar até o fim, já significa que você os terá para sempre.

— Você acha isso?

— Acho. Eles não iriam te abandonar no momento que você mais precisa, mas acho que agora, você precisa de um tempo para si, sabe?

— Um tempo para mim?

— Isso, Minho. Para absorver tudo, colocar os pensamentos no lugar e cuidar de si mesmo, coisa que eu sei que você não fazia antes.

— Uau, você está literalmente me dando um banho de água fria.

— Às vezes é necessário.

— Desculpe lhe incomodar, Chan.

— Não é incômodo algum, quando quiser desabafar, é só chamar ou bater aqui na porta de casa.

— Obrigado, de verdade. Eu te digo o mesmo.

— De nada, Minho. Esqueça que eu sou um psicólogo a partir de agora, tudo bem? Teremos relação de amigos, assim você terá mais liberdade para desabafar comigo e eu poderei te ajudar.

— Eu tentarei não me lembrar disso, prometo. — Rimos juntos.

— Você já comeu?

— Não, você já?

— Eu acabei de cozinhar algo para almoçar, você quer vir aqui?

— Não iria incomodar?

— De forma alguma, eu posso tentar te distrair.

— Então, eu aceito.