Capítulo 1

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Você já parou para pensar que talvez as pessoas ao seu redor estejam vivendo mais do que você? De que talvez o simples medo de se arriscar te impeça de encontrar momentos de felicidade e prazer? Tudo bem que não é legal se arriscar demais ou desejar tudo o que as pessoas tem, mas eu queria viver mais. Pelo menos eu tenho esses pensamentos a todo momento. Na maioria dos lugares que frequento vejo a alegria  contagiante, do riso fácil, das mesas cheias de bebidas e comida, das inúmeras fotos que são  tiradas para serem postadas nas redes sociais... Tudo isso é demais ao meu ver. Estaria mentindo se eu disser que não sinto inveja dessa vida agitada, dessa aglomeração, da felicidade, dos prazeres ainda não descobertos.

Não  sou tão feia como devem estar imaginando. Disso eu tenho noção. Até  que sou bem ajeitada, me visto bem, mas só tem um único problema... a minha timidez é o que me atrapalha. Ainda me pergunto como é que eu fui capaz de arrumar um emprego onde tenho que lidar com muitas pessoas, de lidar com situações completamente malucas. O contato visual  é constante. Sempre tenho que respirar fundo para encontrar um pouco de calma.

Parece bobo, mas ser uma pessoa tímida me atrapalha em muitos aspectos da vida. Enquanto a minha colega de quarto é bem agitada  e sociável, sou completamente o oposto. A admiro por ser tão  boa com as pessoas e obviamente com as suas conquistas  amorosas. Ela não  é do tipo que se apega fácil, mas faz tudo o que sente vontade. E digo  mais, a cada final de semana  é um homem mais lindo do que o outro que aparece na porta do nosso apartamento. Isso é tentador demais.

Ah como eu queria ter a vida dela! Já tentei sair algumas vezes com alguns rapazes, mas eu já devia saber que sou fadada ao fracasso. Meus encontros não duraram mais do que vinte minutos. E tudo isso por que? Porque sou incapaz  de manter uma conversa sem fazer com que a pessoa ficasse entediada. Foi o  começo e o fim de uma vida agitada.

Clarice estava se aprontando para mais uma de suas aventuras noturnas. O vestido roxo que delineava a  sua cintura fina era lindo demais. O único  detalhe era que o vestido era mais curto do que eu poderia imaginar. Clarice sabia muito bem como provocar o sexo oposto. Para deixar qualquer um louco de tesão bastava ela cruzar as pernas.

— Mel?

— O que foi? — indaguei enquanto me sentava no sofá  pronta para maratonar minhas série favorita.

— Tem certeza de que não quer vir comigo? Eu posso ver se ele tem algum amigo disponível.

Franzi a testa diante daquela sugestão.

— Nós  duas sabemos como tudo vai acabar se sairmos juntas. — me dava por vencida — É melhor eu continuar focada nas minhas séries  e você vai se divertir.

Clarice deu a volta e se sentou no sofá  ao meu lado me encarando  com muita atenção.

— Mel, essa sua timidez vai ter  que ceder um espacinho de vez em quando. — começou  ela — Precisa viver perigosamente... necessita de um cuidado com a sua amiguinha lá embaixo.

Eu já  estava ficando vermelha só  de ouvi-la falar de algumas obscenidades.

— Para com isso, Clarice. — rebati — Estou muito bem.

— Não  está não. Eu sei o quanto o desejo de ser tocada te consome. Os filmes água com açúcar são  somente para te ajudar a manter algum controle. — Clarice já me observava com luxúria — Eu posso te ajudar a relaxar um pouco.

— Como assim, Clarice? Está ficando doida? — estava ficando doida ao imaginar algumas cenas desconexas.

Ela sorria divertida.

— Posso me ajoelhar agora mesmo, deslizar sua calça  lentamente. — ela se aproximava cada vez mais do meu corpo, o calor aumentando — Beijar cada centímetro  da sua pele exposta e cair de boca na sua intimidade. Te chuparia até  você esquecer seu nome.

Eu devia estar no inferno e não sabia. As palavras de Clarice me deixaram acesa. Eu consegui visualizar ela me fazendo um oral bem gostoso... Não  posso acreditar numa loucura dessas. Como quem acaba de levar um choque me afastei de Clarice.

— Vai se tratar, garota! Você  gosta é de pênis.  Até  parece que ficaria com mulher. — tentava justificar.

Ela ria divertida.

— Como você  é inocente! — exclamou ela se levantando — Eu não me importo com  esses detalhes, baby! Só  quero ser feliz e fazer as pessoas felizes. E eu faria isso pela minha amiga.

O celular dela apitou com a chegada de uma mensagem. Provavelmente  sua companhia  a aguardava na portaria. Não era todos que subiam até o nosso apartamento.

— Tá bom. Vai aproveitar o seu passeio.

— Como quiser! Mas eu vou fazer com que você tire a teia de aranha da sua amiguinha e tenha orgasmos.

— Só  encontrar o homem que vai ser capaz de quebrar a parede da timidez e tudo se resolve.

Clarice foi até o quarto e logo voltou com a sua bolsa em mãos.  Um mero capricho.

— Melhor não brincar com fogo. Ele pode aparecer sem que  você espere e bagunçar a sua vida e a sua cama.

—Tchau Clarice!

Praticamente a expulsei. Quanto mais continuássemos nessa conversa, mais difícil  seria para manter a sanidade e o controle. Ela me ouviu e saiu do apartamento. Clarice  era completamente louca. De vez em quando tinha que freia-la. Mas Clarice tinha razão, eu precisava mudar um pouco, afinal havia  algumas coisas que o meu corpo me exigia. Nem sempre tudo se resolveria com um banho  gelado.

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⏰ Última atualização: Jan 27, 2022 ⏰

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Date com Jay ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora