Capítulo 1

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Finalmente as tão esperadas férias. Não que eu não goste da escola, muito pelo contrario, sempre amei a escola; as pessoas é que são o meu maior problema.

Falando assim parece drama ou um puta exagero da minha parte,mas na verdade não é não.

Hoje em dia as coisas já são bem melhores, mas nem sempre foi assim. E tudo isso por eu não estar dentro dos 'padrões da sociedade'. Pura inveja de gente mal amada!

Muita gente fala que eu não sou tão gorda, e realmente eu não sou tanto quanto os 'mal amados' me fizeram achar durante boa parte da minha infância, mas conforme eu fui crescendo, fui indo em vários médicos e testei vários tipos de métodos para perder peso. Nenhum funcionou com 100% de eficácia. Com o tempo eu também fui aprendendo a me vestir bem, o que ajudava bastante.

Minhas amigas Any e Grazy diziam que eu exagerava muito e que eu tinha um verdadeiro corpo de violão, por ser gordinha mas ter as curvas definidas (elas por serem magras com cinturinha fina, se denominam de violino).

Eu não tenho a barriga retinha como algumas modelos plus size, mas a minha também não era muito diferente, só tinha um volume a mais. Minhas coxas são grosas coisa essa que nunca foi motivo de vergonha, nunca tentei esconder elas como muitas meninas fazem. Bunda também nunca foi problema, na verdade as vezes eu nem a acho tão grande (mesmo com minhas amigas falando que tenho uma bundona). Apesar de tudo, eu tinha minhas curvas definidas, o que inclui minha cintura o que fez com que eu sempre chamasse atenção, tanto positivas quanto negativas, e era um saco ter que aturar isso todo dia, tantos olhares indecifráveis, nunca sei se estão pensado mal ou bem (apesar de eu não me importar nem um pouco com a maioria ali, ainda era chato e sinceramente incomoda para um caralho).

Então apesar de amar estudar e zoar com meus amigos, eu estava precisando de um descanso, o que eu não sabia, era que descansar era a ultima coisa que eu faria durante aquelas férias.

Assim como a maioria dos adolescentes hoje em dia, eu tinha sim problemas psicológicos, e minha auto defesa era o sarcasmo, as piadas com absolutamente tudo, bloqueios emocionais (o que eu chamava de DESLIGAR A HUMANIDADE por culpa de uma série de vampiros que eu amo, e sinceramente se parece muito), e varias outras manias minhas. Porém tinha uma em especial, que chega a ser meio engraçada e até útil as vezes; eu tenho uma séria mania de mudar e criar coisas o tempo todo.

Umas das coisas que eu mais faço por culpa dessa mania, é mudar meu cabelo e meu quarto, mas por hora vamos nos focar no cabelo.

A primeira vez que eu pintei o cabelo com tinta de verdade (já tinha pintado com umas coisas que saiam na água), foi no meu aniversario de 12 anos. Fiquei tão feliz quando minha mãe chegou com a tinta vermelha em casa, mal sabia ela que aquele era só o inicio de um ciclo vicioso e sem fim.

Vermelho, marsala, preto, preto azulado, mexas azuis, nuca azul, azul com roxo (uma das minhas combinações favoritas) e a partir de hoje, inteiramente azul. Se era pra todos me olharem e me julgarem, que eles pelo menos fizessem isso com motivo.

Sempre amei ser o centro das atenções (pois é, sou um pouco contraditória as vezes), o que era de se notar, então pintar o cabelo de azul foi libertador, parecia que eu tinha nascido com a cor de cabelo errada, azul era a minha cor, a que me fazia sentir um pouco mais normal, depois de tantas cores e tantas tentativas de achar uma cor que fizesse eu me sentir mais eu, finalmente tinha achado a cor certa.

Depois de tirar varias fotos com meu cabelo novo, eu, Any, mamãe e papai, pegamos nossas coisas e fomos para a casa de campo, que era uma herança da família da minha mãe.

Any é minha melhor amiga e minha vizinha, por isso sempre ia com agente para praticamente todos os lugares. Seus pais viajavam muito a trabalho então ela praticamente morava comigo. Depois que minhas irmãs Violeta e Izabelle (Io e Belle) terminaram a faculdade e se mudaram, papai e mamãe fizeram um quarto de estudos/biblioteca pra mim e um quarto de "hospedes" (o quarto só é de hospedes 5% do tempo, os outros 95% é o quarto da Any) onde eram os quartos das meninas.

A casa ficava perto da praia e era tipo um fazendinha. Aquele era o melhor lugar do mundo, era onde eu e minhas irmãs (o que inclui a Any) tínhamos vividos as aventuras mais incríveis do mundo sem ao menos sair do lugar. Em uma parte mais afastada da casa tinha uma grande arvore, ela devia ser bem velha levando em conta o seu tamanho e o tamanho de suas raízes, que já haviam saído do chão criando confortáveis assentos. Sempre que possível, eu pegava algum livro, água e lanches, subia o mais alto que eu conseguia, me deitava nos galhos largos e só descia quando acabava o livro, ou quando anoitecia. Ás vezes eu e as meninas acampávamos em baixo da grande árvore ou deitávamos lá para ver as estrelas e conversar.

Estava tudo normal, na mais perfeita paz e harmonia de sempre, até a noite cair, foi ai que tudo começou, ai que minha vida virou de cabeça para baixo de uma só vez.

Kalliope e a descoberta de BuwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora