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"E tudo que eu preciso é ser atingido pelo seu amor elétrico" __________
O ano era 1995.
As noites eram iluminadas e a música alta ecoava pelas ruas, as pessoas festejavam e dançavam dentro dos bares e casas de festa e alguns levavam a festa para a calçada. Entre eles estava eu, sentado na cadeira de madeira de um dos bares tomando uma bebida e cantarolando a música que tocava, as pessoas dançavam animadamente mas não sentia a mesma vontade, queria apenas apreciar aquela noite iluminada.
Até ver ele.
Chittaphon Leechaiyapornkul era o jovem estrangeiro que muitos olhavam com nojo, não era comum na nossa pequena cidade ter muitas pessoas de fora, na verdade você poderia contar nos dedos, no meu bairro havia apenas dois. Chittaphon e eu.
Havia muitas diferenças entre nós e não precisava conversar com ele para notar isso, eu vivia no meu mundinho fechado e com poucos amigos, quanto mais quieto menos seria notado pelas pessoas e menos chances de ouvir os insultos por conta da minha origem, já Chittaphon dançava e distribuía sorrisos para todas as pessoas, ele era o destaque por onde passava e iluminava o ambiente com seu brilho único, não importava quantas ofensas recebesse ele nunca deixava de ser assim.
Foi o que fez me apaixonar por ele, admirá-lo de longe era meu hobbie favorito, vê-lo aproveitando as festas de finais de semana, vê-lo saindo para trabalhar numa segunda de manhã cantarolando alguma música que gostasse. Chittaphon era doce com todas as pessoas, uma pessoa carinhosa e cheia de afeto.
Naquela noite, enquanto o via dançar, um amigo seu o cutucou e apontou para mim com um sorriso no rosto, eu entrei em choque e pensei em mil possibilidades para o que estava acontecendo. Então, Chittaphon se aproximou e se sentou na cadeira à minha frente e abriu um dos seus lindos sorrisos.
— Meu amigo mencionou que você não parava de me olhar, por acaso está interessado? — Meu rosto devia estar vermelho já que o seu sorriso aumentou mais — Não tenha vergonha, meu querido, seja sincero.
— E-Eu e-estou — Queria me bater por ter gaguejado naquele momento, o tailandês se levantou e estendeu a mão na minha direção
— Dance comigo.
Eu fui levado para o meio da multidão de pessoas que dançavam animadamente a música, eu não sabia dançar então fui guiado por Chittaphon todo momento. As pessoas olhavam, os cochichos estavam presentes mas nossa atenção estava voltada para um ao outro e aquele ritmo que havíamos criado juntos.
Não havia mais nada lá além de nós dois.
— Já está ficando tarde — Comentei ao ver que já havia passado das duas da madrugada — Tenho que ir.
— Poxa, podemos nos ver outro dia — Ele fez um bico adorável e se despediu.
Eu caminhei para fora do bar e vi que estava chovendo, eu nem ao menos prestei atenção quando a chuva e os trovões começaram, só sabia que estava muito ferrado e que chegaria em casa encharcado.
— EI — Me virei para trás e vi Chittaphon se aproximando, mesmo que não tivesse nada para se proteger da chuva.
— Você está se molhando.
— Qual o seu nome? — Ele pergunta ignorando o meu comentário.
— Hendery.
— Hendery, eu gostei bastante de você — Ele voltou a sorrir e se aproximou aos poucos de mim.
Assim que nossos lábios se tocaram só pude ver o raio rasgar o céu e sendo seguido pelo estrondoso barulho do trovão, eu me sentia eletrocutado pela aquela sensação deliciosa de ter nossos lábios unidos um ao outro. Me sentia eletrocutado apenas de estar junto com Chittaphon.
Nós tínhamos um amor elétrico.
— Eca, vocês sempre foram grudentos — O pequeno YangYang de apenas 7 anos diz jogando seu travesseiro no meu rosto.
— Não diga assim, eles são fofos — O pequeno Chenle de quatro anos ri e abraça o seu ratinho de pelúcia.
— Agora vão dormir, meninos — Chittaphon riu e beijou a bochecha dos dois meninos antes de sair do quarto ao meu lado — Amor elétrico é uma ótima definição para o nosso amor.
— Claro que é, e eu amo ser eletrocutado — Digo o puxando para um beijo.
