Prólogo

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24 de Janeiro de 2012, Boston, Massachusetts, EUA.

"Love You Like a Love Song" da Selena Gomez tocava na rádio do carro onde se encontram Mary e a mãe, cantando juntas.

Mary estava feliz pois hoje completava dez anos e sua mãe te levaria ao parque de diversões, sentia que iria se divertir muito naquele dia, mesmo que tivesse medo de ir em quase todos os brinquedos que fossem mais acima do chão. Sempre teve medo de altura.

A música havia chegado ao fim. Ela lembrou do pai e desejou que ele estivesse ali, a deixaria ainda mais feliz e segura. Mas tinha que aceitar a realidade, seu pai nunca mais voltaria.

A mãe de Mary estacionou o carro quando elas chegaram ao Edaville Family Theme Park, fazendo a menina sair de seus devaneios.

ㅡ Querida, fique no carro. Vou comprar os ingressos.

Mary viu a mãe se afastar e, repentinamente, um zumbido estridente ecoou a fazendo tapar os ouvidos e fechar os olhos. Mary havia sumido do banco de trás do carro milésimos segundos depois, como num truque de mágica.

24 de Janeiro de 1995, Cambridge, Massachusetts, EUA. Dormitório estudantil de Harvard.

ㅡ Aish! Eu não entendo esses cálculos. ㅡ Minsung sentido-se frustrado, suspirou. Levantou da cama, pegou a carteira em cima da escrivaninha e foi em direção a porta na intenção de comprar algo para comer. ㅡ Eu gostaria de desaparecer.

E assim que foi dito, o mesmo zumbido ecoou nos ouvidos de Minsung o fazendo desaparecer naquele instante restando somente a carteira de couro preta que foi de impacto com o chão.

24 de Janeiro de 1946, Plymouth, Massachusetts.

A ruiva olhava seu reflexo no espelho que havia em seu quarto verificando se a longa trança não havia folgado e seu vestido de noiva não estava amassado.

Ela sorriu inocente ao ver que estava tudo ok.

ㅡ Estou pronta para casar.

ㅡ Florence! ㅡ ouviu a mãe chamar. ㅡ Venha logo! Está na hora de irmos para igreja.

ㅡ Já vou, mamãe!

Florence olhou pela última vez seu reflexo de expressão animada antes que o zumbido invadisse seu quarto e ela desaparecesse.

24 de Janeiro de 1980, Boston, Massachuetts. Jornal Global de Boston.

Não acredito que o filho da puta do nosso chefe promoveu o Kellan sendo que a minha matéria era claramente mais interessante do que a dele. Bronzeamento artificial feminino? Sério?! ㅡ sentou na cadeira, bufando. ㅡ Aposto que é porque ele é homem.

ㅡ Shii... Fale mais baixo, Diana! Se te pegam xigando o chefe... ㅡ a loira aproximou da outra. ㅡ Confesso que achei o artigo do Kellan muito interessante, pele bronzeada está super em alta! Eu estava querendo fazer, não tenho tempo para pegar sol por isso sou muito branca e os homens hoje em dia estão preferindo mulheres bronzeadas, como as brasileiras.

ㅡ Sério, Veronica? Até você? ㅡ suspirou ㅡ Isso é de fato uma lástima. Um jornal que já foi sério publicando coisas tão sutis. ㅡ levantou. ㅡ Todos os homens que se danem! Vou tomar um café.

Diana saiu em disparada até a máquina de café. Sua mão estava tremendo de tanto estresse.

Ela soltou o ar ㅡ que nem percebeu que prendia ㅡ quando chegou até a máquina prateada. Pegou um dos copos de plástico e apertou na máquina de café. Diana ouviu um zumbido que parecia não cessar porém ela havia sumido antes mesmo que o café chegasse na metade do copo.

24 de Janeiro de 1960, Centro de Boston, Machassutts.

ㅡ Queremos pretos na Universidade! ㅡ Frederick gritava levantando seu cartaz que dizia "Não ao racismo na Universidade!" em meio a multidão. ㅡ Queremos pretos na Universidade!

ㅡ Frederick! Eles vão atirar bomba de gás. ㅡ avisou o amigo, ao seu lado.

Os militares começavam a se aproximar com o escudo prontos para atirar nos protestantes ㅡ que ao perceberem, começavam a recuar com medo.

No momento de tumulto ninguém além de Frederick havia ouço o zumbido e nem percebido que o mesmo tinha sumido.

24 de Janeiro de 1692, Massachusetts Colonial.

A mulher preta estava amarrada num tronco de uma árvore e em torno dela haviam quase todos os habitantes de Salem observando o julgamento da moça.

ㅡ Me soltem daqui. Vocês vão pagar por isso! ㅡ Zuri gritava em puro ódio.

ㅡ Zuri Biohó, jovem escrava que foi vista praticando bruxaria... ㅡ o padre começava a falar, sendo interrompido por alguns dos que observavam e gritavam "Queimem a bruxa!"

ㅡ Aquilo são ervas medicinais! Issso é uma injustiça! Eu sou uma curandeira.

ㅡ Você é uma bruxa e merece queimar no fogo no inferno assim como seus ancestrais. ㅡ disse o padre antes de sinalizar para que os dois servidores de Deus ao seu lado aproximassem as tochas em chamas do tronco, assim fazendo com que ela começasse a incendiar. No entanto, antes que o fogo chegasse a queimar os pés da acusada, ela fechou os olhos ao ouvir o zumbido e desapareceu.

24 de Janeiro de 1975, Boston, Machasusetts.

ㅡ Isso é um absurdo! ㅡ estressou-se ao terminar de ouvir "Bohemian Rhapsody" pela primeira vez na rádio.

ㅡ O que houve, Almerinda? ㅡ a amiga lhe entregou a xícara de chá es sentou na poltrona de frente para a morena.

ㅡ Essa nova música do Queen. Como é que um gayzinho de merda desses faz sucesso? O mundo já foi menos promíscuo.

ㅡ Eu concordo com você. Homens foram feitos para mulheres e mulheres para homem. Esses que desrespeitam a vontade de Deus irão todos para o inferno.

ㅡ Preciso ir ao toallet. ㅡ colocou a xícara na mesa de centro e levantou.

ㅡ Não preciso nem dizer onde é, você já é de casa.

Almerinda concordou com a cabeça e foi em direção ao banheiro. Chegando lá, ela molhou seu rosto na pia de mármore branca.

O zumbido invadiu o banheiro fazendo com que Almerinda tapasse os ouvidos e gritasse. Milésimos de segundos depois o banheiro estava vazio, Almerinda havia sumido.

24 de Janeiro de 2015, Boston, Massachusetts.

O moreno colocou a sua carta de despedida em cima da cama antes de colocar a mochila nas costas e descer na corda de lençóis pela janela.

Eu vou ser livre para ser quem eu sou! ㅡ sorriu ao colocar os pés no chão.

Ele pegou o celular do bolso e mandou uma mensagem para o namorado: "Saí de casa. Vamos nos encontrar no metrô" 24 de Janeiro, 23:45 AM.

Jacob ouviu o zumbido antes de desaparecer.

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