Há séculos atrás, uma tribo vivia na região, caçando, colhendo e fazendo o possível para sobreviver naquele ambiente. Neste local, o esqueleto que é hoje, uma vez foi um simples caçador humano chamado A-Tempestade-Que-Chega, pois pelo o que consegue lembrar de seu passado, disseram para ele que ao nascer, soltou um berro tão alto que espantou alguns pássaros ao redor e a vila inteira pensou que algo horrível tinha acontecido, mas que por sorte era apenas um bebê fazendo escândalo na tenda do xamã.
Durante seu crescimento, ele foi treinado para ser um guerreiro e lutar contra outras tribos, afinal elas estavam sempre em conflito entre umas às outras e novos guerreiros estavam em demanda para os campos de batalha. Assim, vivendo nessa sociedade focada na guerra, A-Tempestade-Que-Chega treinava arduamente para ser um grande guerreiro, assim como todos os homens da tribo, através de pesados exercícios para separar os mais fortes, enquanto os mais fracos simplesmente morriam durante o processo. Com muito sofrimento, ele conseguiu passar por esses exercícios vivo, e assim, faltava apenas mais uma coisa para se tornar um guerreiro completo: caçar uma grande besta selvagem.
Geralmente os novos guerreiros eram mandados caçar o líder de um grupo de javalis ou lobos, mas para A-Tempestade-Que-Chega, ele foi mandado para matar um urso-coruja por um guerreiro renomado da tribo como vingança por ter matado seu filho durante uma luta no treinamento. A morte de jovens em treino não era algo incomum, como mencionado antes, era um processo para separar os mais fracos através da morte deles, seja por exaustão ou em combate. O azar de A-Tempestade-Que-Chega foi ter matado o filho de um guerreiro com influência na tribo.
Então, sem escolha, ele partiu para a floresta em busca de um urso-coruja, sabendo muito bem que seria a morte dele. Ele poderia simplesmente ter ido de frente contra a criatura em um combate direto, como era tradição, mas decidiu tentar usar armadilhas para enfraquecer o animal. Após rastrear a toca do animal, A-Tempestade-Que-Chega montou uma série de armadilhas para o urso-coruja usando do que podia encontrar em meio a selva, e o esperou sair de sua toca.
Quando o urso-coruja saiu da toca, A-Tempestade-Que-Chega jogou uma pedra contra a criatura para atrair a atenção dele, que acabou acertando uma de suas armadilhas e quebrando-a. Mas não tinha problema, pois o animal vinha na direção dele e iria ativar mais algumas que armou. Pedaços de afiados de madeira voaram, sacos de pedra caíram e o animal ficou um pouco ferido com as armadilhas, restava agora partir para cima do bicho e tentar matá-lo.
A batalha foi longa. A-Tempestade-Que-Chega tentava acertá-lo com com sua arma e ao mesmo tempo correr entre as árvores para desnortear a criatura, mas ainda assim acabou recebendo vários cortes das garras do urso-coruja, ficando gravemente ferido. Exausto dessa batalha, decidiu simplesmente juntar o resto de suas forças para um golpe furioso contra o pescoço do animal, e com um sonoro "crack", o urso-coruja caiu morto.
Sem tempo para descansar, pois precisava tratar de suas feridas e provar que conseguiu concluir a tarefa que lhe foi dada, ele cortou a cabeça da besta que acabou de abater e seguiu de volta para a sua vila. Ele não sabe quanto tempo de caminhada foi, mas pareceu uma eternidade; indo a passos extremamente lentos, deixando um rastro de sangue por onde ia, ele conseguiu chegar até a sua vila, para a surpresa de todos.
O ser ensanguentado olhou ao redor e viu que todos estavam olhando para ele em choque. A grande quantidade de feridas e o seu estado físico eram algo horrendo de se olhar, mas ele só se importava de achar uma pessoa: o maldito guerreiro que o mandou para morrer, e na sua visão turva, ele o viu.
A-Tempestade-Que-Chega apontou para o guerreiro, queria destruir a honra dele inteira ali com muita coisa que tinha pensado durante sua caçada, mas não tinha forças para falar. Então, ele jogou a cabeça do urso-coruja no chão e cuspiu nela. Após isso, jogou sua arma na frente dele, pegou nas próprias bolas como um último sinal de completo desrespeito, e com um sorriso no rosto, caiu no chão, sem nem ter tempo de ver a reação do guerreiro.

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Frank, o esqueleto
FantasyIsso era o backstory the um personagem de RPG, talvez eu desenvolva mais e crie mais aventuras além do RPG que eu tive. Ou talvez não. Não prometo nada.