「🍪」

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「🍷」

Jimin poupava esforços para esconder as lágrimas e os soluços que ecoava no pequeno apartamento. No balcão de mármore claro chorava em pura angústia ao que fazia bolotas de massa e gotas de chocolate, as distribuindo pela assadeira rasa.

Passava da uma da manhã quando o ecrã, à alguns centímetros acendeu numa notificação; era seu melhor amigo e colega de residência avisando que logo chegaria pois a noite com o paquera da vez fora arruinada. Jimin tampouco deu atenção ao aparelho.

Continuando concentrado em seus biscoitos açucarados e suas lágrimas salobras, o jovem mergulhado em pura melancolia e paixão soltou um longo suspiro seguido de mais um soluço. Queria se acalmar, esse era o objetivo dos biscoitinhos, mas era impossível quando seu âmago se contorcia numa enorme tristeza por um amor não correspondido.

Tinha acabado de por a receita no forno, cronometrando o tempo de cozimento num mini-relógio verde, e se escorar no balcão, de costas para a sala de estar e entrada do pequeno lar. Quando ouviu a voz mais querida de sua existência soar não muito longe:

— My love?

— Oi, meu bem. — é o que Jimin lhe responde, num murmúrio.

— Não viu minha mensagem. O que aconteceu?

Taehyung notou assim que viu o melhor amigo fechar o forno, cambalear até o balcão, e responder-lhe com a voz cansada de tanto chorar. O seu querido e amado loiro não estava radiante como de costume.

— Ah, devo ter me distraído com os biscoitos. — justifica. — Foi mal. Porque veio mais cedo? Jungkook fez algo?

Se refere ao paquera de Taehyung, este que nos últimos minutos descobriu que Jungkook era homem casado que já não aguentava a picuinha da esposa e vinha mantendo a traição há alguns dias, enganando não só a mulher como também usando Taehyung.

Tae fez pouco caso, sempre viu o grandíssimo canalha que o homem era; apenas aproveitou o fato de que Jungkook era bom de cama e supriu suas necessidades do momento. Mas, claro que não se agradou nem um pouco ao saber que fazia parte de uma traição.

Isso não é assunto para agora. Por fim Taehyung mente:

— Não, não. Só lhe dispensei de vez, cansei da ladainha daquele bolsonarista de quinta. — constata, tentando e com sucesso arrancar um riso fraco de Jimin.

Jimin continua como está; de costas para o amigo de cabelos negros ondulados. Mas sente sua aproximação, ele senta-se num dos bancos de bar e simplesmente fica ali, observando suas costas e talvez o pompom que se forma no topo da cabeça graças a chuxinha envolvida nos fios.

— O que lhe fez chorar? — a pergunta soa baixa, cautelosa. Ao ver o amigo soluçar baixinho Taehyung sente o gosto do desespero e da curiosidade na ponta da língua.

Seria capaz de estripar o que ou quem fez seu pequeno sol sentir-se triste.

Se não soubesse que era ele mesmo.

— N-nada. Fique tranquilo, my love. Estou bem. — tenta parecer convicto. Só tenta mesmo.

— Ji... Por que não me conta, hm?

Jimin se sente acuado nos últimos dias, não faz ideia do motivo, mas o fato de ser apaixonado pelo melhor amigo desde os dezessete anos de certa forma lhe deixou... inseguro. Há meses moram juntos, há anos nutrem essa amizade excepcionalmente bonita e confortável; e desde que passou a amar Taehyung não apenas como amigo, aceitou aquilo.

Aceitou o sentimento, não a falta de reciprocidade.

E naquela semana, quando viu seu amado saindo diversas noites para pertencer a outro homem que não ele... Ah, aquilo lhe atingiu. Jimin se sentia inconformado com todo o caos dentro de si. Como poderia ter ciúmes do melhor amigo? Como poderia ser tão egoísta assim? Deveria ficar feliz por ele, não? Era seu melhor amigo! Não podia amá-lo dessa forma.

Entre vinho e biscoitos.Onde histórias criam vida. Descubra agora