[one] . what could go wrong?

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Aquela manhã começara deveras peculiar, como se o universo tivesse outros planos para ela e estivesse trabalhando para que desse certo. Era rotineiro ou Nica acordar super tarde, comer uma tigela de cereal e ir para a sala assistir qualquer bobagem que estivesse passando na TV, ou sair junto com sua irmã mais velha para o trabalho da mesma, onde Nica ajudava em algumas coisas e ganhava uma grana com aquilo – não era muito, mas estava fazendo o que podia para arrumar dinheiro. Não fazia muito tempo desde que havia sido despedida de seu último trabalho, tudo por culpa de uma cliente mimada, é claro. Ela trabalhava em um restaurante, nenhum cargo muito superior, apenas limpava o chão, ajudava a organizar o local que vivia cheio e lavava os pratos. Estava tudo indo bem no dia em que fora demitida, até uma fotógrafa chegar ao local, junto de seu filho pequeno, para tirar algumas fotos dos pratos mais famosos do restaurante.

Se Nica ao menos soubesse que naquele dia tudo estaria acabado.

Como toda criança bagunceira, o menino não parava de correr pelo estabelecimento, corria de lá para cá enquanto a mãe fotografava e Nica levava os pratos prontos até ela. Em certo momento, a fotógrafa pediu para ela esquentar um dos pratos ao que Nica informou que não poderia fazer aquilo, pois estragaria a comida. Mesmo assim, a mulher insistiu de forma grosseira e Pierce teve de obedecer, com medo de que a mulher saísse de lá super estressada e simplesmente detonasse o restaurante na mídia. Nica assim o fez, esquentou a comida na panela e a pôs no prato novamente, mesmo com seus colegas de trabalho – os cozinheiros – lhe dizendo que não deveria fazer aquilo. Com o prato quente em mãos, saiu da cozinha e o levou até a mulher; foi quando o menino, que ainda corria e bagunçava pelo local, correu até Nica, esbarrando com tudo nela. O prato foi ao chão, Nica se queimou feio no pulso e o menino saiu sem nenhum arranhão.

É óbvio que o chef não colocou a culpa nela, ele tentou dar algum tipo de lição de moral no menino dizendo que ele deveria ter educação, porém a mulher com seu cinismo começou a reclamar, dizendo que seu filho poderia ter se machucado e que o chef não tinha direito de falar alto com a criança. Nica ficou apenas de canto, observando tudo, o pulso doendo e ardendo, porém segurava as reclamações sobre, não queria mais problemas.

Então por que a pobre Nica foi despedida se o chef não colocou a culpa nela?

A fotógrafa colocou, e essa mesma mulher era bastante influente na mídia. Bastou uma ameaça de que acabaria com a reputação do restaurante, que o homem optou por demitir Nica, mesmo que ela tenha sido a única vítima da situação. Então, a partir daí, Nica tem feito o possível para ganhar dinheiro, até porque suas contas não se pagariam sozinhas e odiaria que sua família ajudasse como se ela fosse uma pobre coitada. Ela até podia ser pobre, mas coitada não!

Naquele dia, Nica acordou bem antes do despertador – o que fora uma grande surpresa para ela – comeu algo saudável de café da manhã ao invés de uma tigela de puro açúcar em formato de bolinhas, e se encontrou com disposição para dar uma passada no trabalho de sua irmã. O táxi que pediu lhe deixou de frente para o local, Nica saiu do veículo após pagar o taxista e dirigiu-se até a entrada da empresa, os dedos finos e já vermelhos nas pontas apertavam a borda de seu próprio casaco, a mulher seguiu até o escritório da mais velha, rezando para que ela não estivesse se pegando com sua própria secretária lá dentro.

Bom, não adiantou muita coisa, pois assim que viu que Jill não estava onde deveria estar, ela soube o que se passava dentro do escritório de Barb. Nica se apressou para bater três vezes na porta dupla de madeira, na intenção de interromper o que quer que estivesse acontecendo.

Após alguns segundos sem resposta, a voz abafada de Jill lhe gritou para entrar, e assim o fez.

— Nica, que bom te ver!

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