[five] . sweet dreams

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A grama em seus pés descalços fora uma sensação bastante bem-vinda, o céu estava límpido e tudo o que conseguia escutar era o barulho que faziam as folhas das árvores balançando por conta da ventania fresca. Nica viu-se sozinha em um campo florido, apenas ela e a natureza, nada mais, nada de pessoas estragando tudo, ou qualquer outra coisa. Caminhando mais um pouco, sentindo o sol queimar gentilmente sua pele, ela avistou um belo e grande lago com uma água tão cristalina que era possível ver o que havia debaixo da superfície.

Não chegara muito perto, mais alguns passos e decidiu sentar-se para apreciar a vista.

Mas de repente tudo ficou escuro.

Ao fundo conseguia escutar alguns barulhos extremamente irritantes, como se estivessem dentro de sua própria mente e que aumentavam mais e mais. Um ela reconheceu como sendo o de seu despertador tocando, o outro parecia alguém batendo panelas bem perto de seus ouvidos.

Tudo ficou claro e o barulho mais alto, suas pálpebras se abriram lentamente e ela encontrou-se confusa ao avistar uma criança ruiva ao pé da cama com duas panelas nas mãos, batendo uma contra a outra. Então lembrou-se da onde estava e do papel que exercia.

Era Glenda, lhe olhando da mesma forma esquisita que fazia desde que a conhecera.

— Eu já acordei... — Sua voz sonolenta era clara, Nica sentou-se na cama ao desligar o alarme e olhou para ela. — Céus, eu já acordei!

Por um instante, a menina parou e permaneceu lhe encarando, porém não demorou muito até voltar com a batucada.

Nica grunhiu e voltou a deitar, forçando o travesseiro contra o rosto. O outro gêmeo adentrou o cômodo ao ouvir as panelas batendo.

— O que tá fazendo?

— Não tá vendo? Acordando ela.

— Eu já estou acordada! — Nica exclamou com a voz abafada pelo travesseiro.

— Mamãe disse pra não acordar ela, Glenda.

— Com as panelas. — Respondeu como se fosse óbvio.

— Ela disse com ou sem. Me dá!

Glen tentou sem sucesso tirar as panelas das mãos de sua irmã, aquilo ocasionou em uma briga onde ambos começaram a gritar pelas panelas e puxar da mão do outro. Nica previa os dois saindo no tapa a qualquer momento e por mais que não quisesse levantar e lidar com aquilo em pleno domingo de manhã, teria que separá-los.

— Elas são minhas, seu fedido! — A menina gritou, puxando os objetos.

Glen ofegou e as puxou de volta.

— Não são suas, e eu tomo banho!

— Já chega, meu Deus! — Nica saiu da cama em um pulo e segurou Glen com os braços, o deixando de pé do outro lado do quarto e bem longe de Glenda. — Vocês realmente querem brigar essa hora da manhã? E Glenda, me dá essas panelas.

A menina escondeu as duas atrás das costas, Nica chegou mais perto e ela continuou ali, na mesma posição e com a mesma expressão de antes.

— Me dá logo essas panelas!

— Não são suas.

Nica fechou os olhos e respirou fundo, tentando não perder a paciência logo cedo.

— Eu vou contar até três...

— Glenda, dá logo. — Glen disse em tom de sussurro. — Anda!

— Um... Dois...

E antes que pudesse chegar ao três, a ruiva sorriu abertamente e saiu correndo com as panelas uma em cada mão, aproveitando que seu irmão deixara a porta aberta ao entrar. Nica se assustou e se pôs a correr atrás da menina, gritava para que lhe entregasse as malditas panelas e Glenda apenas ria e continuava a correr. E céus, como era uma criança boa de saúde! Ambas correram por quase todo o primeiro andar e Nica já estava quase passando mal e sem ar ao correr tanto, mesmo sabendo que não podia fazer aquilo.

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