Breathe Deeply - Drarry

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Draco.

Imunodeficiência Combinada Grave.

Uma doença que percorre meu corpo e me faz ficar preso em casa há mais de 16 anos. Nem me lembro a última vez em que conversei com alguém além de minha mãe e Bella, minha tia e médica que cuidava de mim.

As únicas coisas que eu poderia fazer eram compor, ler e correr no jardim de casa; sempre tão entediante.

— Como está meu paciente favorito? — perguntou Bella, adentrando em meu quarto. — Sabe que ficar sentado imaginando uma vida que você não pode viver só vai piorar tudo, não sabe?

— Só queria poder ser uma pessoa normal, Bella.

— Eu sei, meu amor, mas não podemos arriscar. Agora melhora essa sua expressão facial e me mostra uma das suas composições — ela disse se sentando na minha cama.

Bella elogiou minhas letras e logo foi embora, dizendo que depois voltaria. Olho pela janela e percebo que já estava anoitecendo. Foi quando vi uma movimentação na casa ao lado; provavelmente novos vizinhos. De novo. Já deve ser a décima família que se muda para a casa ao lado, mas nenhuma fica por muito tempo pelos boatos ruins sobre a casa vizinha (no caso, a minha) e o menino que nunca sai dela (no caso, eu). Evitei dar tanta importância a isso, até por que não mudaria nada na minha vida. Provavelmente se mudariam depois de algum tempo, assim como todos os outros.

Desci as escadas e fui até a cozinha, onde minha mãe já se encontrava. O cheiro das panquecas que dona Narcissa fazia era maravilhoso como sempre, simplesmente as melhores do mundo. Nos sentamos à mesa e comemos normalmente, com poucas falas entre nós.

Bella me fez prometer que eu iria me alimentar direito e dormir no horário certo, então logo, logo eu iria para a cama. Eu não sou uma das pessoas mais obedientes do mundo, mas eu respeitava bastante a Bella, e não queria decepcioná-la.

Antes de dormir, pego meu caderno e leio inúmeras vezes os últimos versos que escrevi. É a primeira música de romance que eu tento escrever, mas minha criatividade realmente não está colaborando; talvez seja porque eu nunca me apaixonei de verdade. Não faço questão nenhuma, no entanto, não parece algo tão necessário como dizem.

— Que saco! — fui até minha estante pra ver se conseguia alguma inspiração. Não sei ao certo quanto tempo fiquei parado a encarando, mas escolhi meu livro favorito, como sempre: "A Cinco Passos de Você". E como sempre, chorei mais do que achava ser fisicamente possível.

Passei horas alternando entre ler e ouvir músicas. Os novos vizinhos eram bem barulhentos, o que era estranho pra mim, que estava acostumado com o meu silêncio. Consequências de sempre estar sozinho., afinal eu sempre estava sozinho.

Por instinto, fui até a janela para olhar, e foi aí que eu o vi. Na janela em frente à minha. Lá estava um belo rapaz, parecia ser alto, bem musculoso, com um formato do rosto meio redondo e maxilar marcado. Seus lábios eram carnudos e rosados, e seu  cabelo, castanho e com leves ondas bem definidas, que tampavam um pouco o rosto. Não pude deixar de perceber também  seus olhos levemente caídos, porém bastante chamativos devido à cor brilhante que se destaca com seu rosto pálido. Talvez azul ou verde.

Ele estava acertando uma bola de basquete numa cesta, no canto do quarto, repetidamente.Ele era tão lindo que eu poderia o observar por horas; e realmente o fiz. Até que ele parou e olhou pela janela. Merda, ele deve ter me achado um psicopata maluco. O garoto me encarou por um tempo, mas no fim acabou dando um tchauzinho com as mãos e deu um sorriso, por sinal, o mais bonito que já vi em toda minha vida.

Em seguida, ele saiu do quarto, para a minha infelicidade. Voltei a tentar compor algo e dessa vez, ironicamente, eu consegui algo.

— Merda, já tá tarde! Bella vai me matar quando perceber minhas olheiras.