O céu sem nuvens e puramente azul emoldurando o Sol de uma manhã de verão disputava o primeiro lugar de coisa natural mais bela daquele dia com o canto dos pássaros e a paisagem de uma floresta repleta de verde. A brisa que pairava por ali, embora gélida, não era capaz de refrescar os ânimos de um certo estudante de arquitetura que passava por ali acompanhado de seu namorado secreto.
— Não sei onde estava com a cabeça quando aceitei ser guiado por você. Ainda mais pra um lugar que nem conheço. — Aquele que carregava uma bolsa azul estampada com a inicial branca de seu nome recheada de comidas de piquenique reclamou enquanto marchava a passos cansados sob o calor do Sol.
— Ei! — O aluno de engenharia respondeu manhoso. — Eu só queria passar um tempinho com o meu namorado! É pedir demais? — Perguntou fofamente desapontado.
— Tsc! — Estalou a língua e comprimiu os lábios, percebendo que estava magoando o outro. — Não podia, pelo menos, ser um lugar mais fresco? — Tentou diminuir seu nível de irritação, mas ainda sem ceder.
— Não levei a frescura do local em consideração, já que você já leva toda a frescura do mundo em você! — Vociferou o desafiando para mais uma disputa de insultos que, no léxico daquele casal, era sinônimo de troca de amor e carinho.
— Fresco é você!
— Você que é!
— Você é fresco e maluco! Essa sua lógica sem sentido!
— Sou maluco por você! — Sorriu e o ergueu pela cintura, avançando em seu pescoço e bochechas.
— Pat! Para, Pat! — Se debatia e o afastava com os braços enquanto reclamava — Você tá suado e fedendo!
— Suado e fedendo... sei. — Pensou alto e desgostoso, colocando o outro de volta no chão. — Não lembro de você reclamando disso na última noite da nossa lua de mel.
— Pat! — Olhou ao redor assustado.
— Quem vai ouvir a gente aqui?Pran percebeu sua preocupação exagerada mas continuou olhando para os lados por precaução.
— Não posso te abraçar na faculdade, porque namoramos escondido. — Começou sinceramente magoado. — Não posso te abraçar em casa, porque nossas famílias se odeiam. E nem em um passeio romântico na floresta posso te abraçar, porque estou suado e fedendo... — Abaixou a cabeça e pôs as mãos na cintura pensativo. — É melhor irmos embora. — Disse pegando o cooler com alças, o qual trazia bebidas refrescantes para o passeio, e dando meia volta, mas parou quando teve o braço puxado pelo namorado.
— Pat! — O mais baixo dos dois precisou de alguns segundos para ordenar as palavras em sua mente. — Desculpa, tá? Você organizou esse passeio surpresa todo sozinho só pra passar um tempo sozinho comigo e eu tô sendo um babaca com você. Me desculpa?
— Como se eu conseguisse ficar bravo com você, Covinhas! — Se virou e beliscou as bochechas de seu amado que revirou os olhos de primeira, mas cedeu e sorriu aliviado ao ver que o namorado não estava mais magoado.
— Vem, vamos continuar! — O chamou, já a alguns passos à frente.
— Sabe mesmo pra onde está indo? — Continuou a caminhada.
— Sei disso tão bem quanto sei que te amo, namorado!
— Caraca! — Sorriu descrente. — Não se cansa de dar em cima de mim mesmo?
— Geralmente, não dou muito em cima das pessoas. Mas, com você, dou em cima, em baixo, dos lados, dentro, fora, nas diagonais...
— Para! — Riu e o acertou com um soco leve.
— Já está corando, Covinhas? — Sorria de orelha a orelha, ao passo que o outro fechou a expressão.
— Não estou.
— Awn, está sim!
— Não, não estou!
— Admite que está!
— Essa é a cara de quem está corando? — O encarou falsamente sério, lhe mostrando o rosto desafiador.
— Pode corar, baby! Eu amo ver seu rosto corando mais do que amo ver ele quando você perde!
— Hum... — O lançou um olhar indiferente. — Pelo menos não me preocupo mais com o que eu perdi.
— Como assim? — Parou de andar. — O que você perdeu? Os fones de ouvido de novo? Precisa tomar mais cuidado! Cadê a capinha deles que te dei pra não perder mais?
— Serve essa? — Lhe mostrou o objeto pendurado em seu pescoço. — Não foram os fones que eu perdi.
— E o que foi então? Eu te ajudo a procurar! Foi agora? — Começou a olhar pelo chão em busca do que quer que fosse.
— Não, não, Pat! — Sorriu e o impediu de continuar a procurar os fones na grama. — O que eu perdi foi há alguns meses. Talvez até anos.
— E o que foi? Talvez eu possa te ajudar a achar... foi o seu violão? Eu já te entreguei!
— Não é o meu violão, mas você já achou essa coisa sim!
— Já? E o que é?
— O que eu achei que tinha perdido há muito anos foi o meu coração, mas fico feliz em saber que esteve com você por todo esse tempo e que ainda vai ficar por muito mais!
— Oh! — O mais musculoso dos dois pôs as mãos no peito e se jogou no gramado. — Tão, tão, tão, fofinho! Assim vai acabar comigo! Por favor, faça mais isso!
— Gostou, né?
— Claro! Como não iria gostar? Passou a semana toda pensando nessa, não foi?
— A semana toda a sua bunda! Não falo mais também!
— Calma, Covinhas! — Se levantou continuando a rir. — Não fica assim, vai? Um dia, você vai ser tão bom em flertar quanto eu!
— Ha! — Desdenhou — E quem disse que você é bom nisso?
— O seu rostinho corando sempre que flerto com você! — Beliscou novamente as bochechas do namorado que estapeou suas mãos.
— Eu sou bom em flertar!
— Claro que é! — Concordou debochadamente. — Sim!
— Claro que sou!
— Aham...
— Sou melhor que você!
— Vamos apostar, então! Até o final do dia, quem flertar mais e melhor vence!
— Combinado! — juntaram os punhos e Pat continuaria a caminhar se não fosse seu pulso sendo puxado. — Ah, ah, ah! Espera... — Pran juntou suas mãos e entrelaçou os dedos. — Agora sim! Namorado!
— Primeiro movimento: Senhor Covinhas!Durante os minutos seguintes subindo uma ladeira e andando por entre árvores, Pran pensou em quais frases poderia usar para ganhar aquela aposta. Sabia que não era bom em flertar, pelo menos, não tanto quanto Pat, mas não daria o braço a torcer.
— Namorado! — Chamou por Pat com o máximo de manha que pôde. — Estou cansado e com calor! Pode me dar alguma bebida refrescante, por favor?
— Hm? — Levou alguns segundos para entender e decifrar que aquela cena era, na verdade, uma tentativa de flerte de seu namorado. — Ah! Claro! — Na mesma velocidade que abriu um sorriso, colocou o cooler no chão e procurou por uma garrafinha de chá gelado, a preferida de Pran. — Aqui está, baby! Quer que eu te dê na sua boquinha?
— Sim, por favor, namorado! Estou com tanto calor! — Disse se sentando com suas calças jeans azuis e tênis Converse pretos em uma pedra e tirando a camisa clara de botões que vestia por cima de uma camiseta listrada de preto e branco.
— Deixe-me servir você então, namorado! — Se aproximou e derramou parte do conteúdo na boca do amado dono de seu coração. — Está gostando, namorado? — Perguntou animado, já com seu plano maquiavélico em mente disfarçado por seu sorriso luminoso.
— Sim, namorado! Está muito bom! Obrigado! Me sirva mais, por favor? — Pediu abanando as mãos perto do rosto, na intenção de aliviar o calor que sentia.
— Com prazer! — Repetiu o ato, porém entornou propositalmente sobre a camisa do mais baixo.
— Pat!
— Gostou, querido? — Sorriu encarando o rosto enfezado do antigo rival.
— Vem aqui! — Falou sério.
— Eu não. Vem você! — Se recusou rindo como criança se preparando para brincar de pega-pega.
— Você vem!
— A distância é a mesma! Vem você!
— Você que pediu! — Se levantou e correu atrás do outro.
— Ei, Pran! Para!
— Vem aqui! Você vai ver!
— Era só uma brincadeira! — Gargalhava enquanto fugia.
— Seja homem e pare de correr!
— Ou o quê?
— Você vai ver!Depois de uns momentos de correria, o casal caiu desengonçado sobre a grama, estando Pran sobre Pat e ambos encarando a face ruborizada do outro.
— Me pegou! E agora? O que vai fazer, Covinhas?
Na verdade, Pran não tinha nada em mente. Apenas queria correr atrás de Pat. Portanto, quando ouviu essa pergunta, não conseguiu disfarçar a expressão de quem não fazia ideia do que faria.
— Ah, meu amor é tão forte! Me prendeu e me imobilizou! Não consigo sair e estou à mercê dele! O que será que ele fará comigo? — Pat bancou a vítima indefesa, numa tentativa de flerte, a qual foi ignorada por Pran que se levantou com desgosto.
— Agora vou ficar molhado até a gente chegar no lugar que você quer!
— Ou... você poderia tirar a camisa... — Sugeriu como quem não queria nada enquanto se sentava e ficava apoiado nos braços atrás das costas.
— Você me molhou só pra eu ter que tirar a camisa?
— Se eu disser que sim, você vai correr atrás de mim de novo, baby? — O de blusa clara de mangas longas e gola verde musgo, short curto preto e tênis allstar brancos perguntou em tom arteiro.
— Se era só por isso, era só me pedir!
— Como assim? — Se perdeu no sorriso sacana do que estava à sua frente, mas se encontrou quando viu o tronco desnudo de seu amado. Não tinha muitos músculos cultivados ou definidos, mas era o suficiente para que Pat se encantasse, assim como qualquer outra parte do corpo de Pran, como suas covinhas, por exemplo.
— Que foi, Olhos Ferozes? Nunca me viu sem camisa?
— Sim, mas sempre é como se fosse a primeira vez!"Droga! Ele é bom!", Pran pensou mas não deixou que o outro percebesse.
— Fecha a boca, do contrário vai entrar mosca, querido!
— Podia entrar outra coisa aqui, sabia?
— Ah, é, é?
— É... — O fitava ainda sentado e com olhos sacanas, totalmente opostos aos olhares de quando Pran estava reclamando do calor, há minutos atrás.
— Tipo o quê?
— Tipo... — Se levantou e caminhou até o namorado. Prendeu os olhos do outro nos seus completamente hipnotizantes de um modo que o mais baixo só percebeu quando o jogador de rugby o abraçou pela cintura e cheirou seu pescoço. — Tipo... o restinho do chá gelado que eu te dei! — Levou a garrafa aos lábios, despejou o restante do líquido em sua boca tomando goles generosos, limpou os lábios com as costas das mãos e sorriu vitorioso para Pran, que o olhava sem acreditar que Pat era realmente muito bom naquele joguinho.
— Pois fique você sabendo, que eu vou vestir a outra camisa que trouxe, seu filho da...Pran foi interrompido quando Pat arrotou em sua face.
— Ei, Pat!
E lá estavam eles novamente correndo um atrás do outro, brigando como cão e gato, mas se namorando como dois cisnes que, quando amam, escolhem o mesmo parceiro para toda a vida. Quem ganharia a aposta pouco importava para aqueles dois. Desde que competissem, não faria diferença se disputassem por um alfinete, e muito menos a recompensa. Contanto que estivessem juntos e aproveitando seu romance secreto, estariam satisfeitos e felizes.
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E se Pat e Pran passassem por...
FanfictionColeção de imagines PatPran para aquecer os corações dos fãs de 'Bad Buddy Series'! Cada capítulo narrará uma situação diferente do cotidiano dos nossos estudantes de engenharia e arquitetura favoritos, namorando daquele jeitinho que a gente mais go...