Estava sentado sobre minha adorada e confortavel poltrona observando a lenha da lareira estalar enquanto queimava, a manha fria não deixava ninguém parado, Antonieta a governanta adentrou em minha sala enquieta, seu olha demonstrava agitação, fora seguida logo pelo detetive inspetor Julis, o homem magro e alto com olhos cinzentos, cabelos e barba bem aparados.
— Senhor Edgar, venho pedir-lhe consultoria, sobre um crime hediondamente horrendo! - o homem falou com sua voz roca do frio enquanto parava em minha frente.
— Conte-me a respeito, senhor Julis! - perguntei intrigado e ja excitado por uma mudança em meu dia monótono e pacato, se havia algo que detestasse mais que monotonia eu desconhecia.
O homem sentou-se na poltrona em minha frente.
— Desconheço tamanha crueldade! - Falou estendendo em minha direção uma pasta.
Peguei a mesma rapidamente abrindo e me deparando com algumas fotos de mulheres, aparentemente em seus 20 anos, mais precisamente tres mulheres, decapitadas, seus corpos nao tinham nem uma mancha de sangue, parecia uma pintura de arte.
— Fascinante! - completei observando atentamente. — Onde esta?
— O que senhor? - indagou confuso.
— O quarto corpo?
— Ele ainda não havia lhe comentado sobre um quarto corpo... -falou o homem que só dei-me conta de sua existencia no local, nesse momento.
— Quem é você? - Indaguei olhando-o.
— Senhor Edgar, sou o detetive ajudante do senhor Julis! - respondeu estendendo a mão para um cumprimento que foi ignorado.
— De qualquer forma não me faz diferença! - Respondi me pondo em pé quase em um pulo, o que assustou os dois políciais. — Diga-me o endereço, sabe bem que não ando em carros policiais!
O homem olhou-me e bufou alcançando um papel que continha o endereço, desci pelas escadas parando antes de abrir a porta para vestir meu sobretudo, abri a posta sentindo o vento congelante tocar meu rosto e fui logo chamando um táxi, ao entrar entreguei o papel.
— Leve-me nesse endereço!*
Ja no local, desci do carro vendo a multidão de curiosos, pessoas adoravam tragédias tanto quanto eu adoro assassinatos, mas ao contrário desses inuteis eu admito meu gosto peculiar. Adentrei na multidão logo avisando a fita da polícia que mantinha o povo fora do alcance, passei por baixo e logo fui barrado por um policial comum.
— Senhor não posso permitir que entre!
— Acredite, sem mim esse crime nunca será solucionado! -retruquei de forma elegante.
O homem riu e deu-me um leve empurrão, eu ja ia responder de forma desagradavel afinal nao estava nos meus melhores dias quando senti uma mão tocar em meu ombro.
— Esse é meu auxiliar, senhor Charles! - Julis falou com um sorriso falso para com o homem. — Ja estava querendo comprar briga com a policia local! - Falou em um tom baixo para que somente eu ouvisse.
Adentramos em seguida no predio que mais parecia um lixão, estava abandonado a um bom tempo e os moradores das ruas viviam ali.
— Um dos moradores encontrou o corpo! - Falou Julis abrindo a porta de um quarto qualquer, onde me deparei com o corpo meticulosamente posto lá, não havia sangue algum, e nenhum sinal da cabeça.
Adentrei no quarto observando cada detalhe, mas não havia sequer uma pista.
— Acho que é o lugar mais limpo de todo esse predio! - Comentei me aproximando do corpo. — O que faz ser estranho...
— Como assim, senhor? - O ajudante de Julis se fez presente.
Bufei incrédulo ao ouvir sua pergunta, lançando um olhar rápido para os dois.
— Bem ao adentrar no predio vimos o quão podre todo o local é, mas especificamente nesse quarto esta tudo limpissimo! -respondi passando o dedo pelo assoalho mostrando para eles que havia sido encerrado. — Alguem limpou cada detalhe desse lugar, isso que dizer parte do crime ocorreu aqui!
— Parte?
— Por deus, ainda se chama de detetive? - Respondi irritado. — Olhe bem para ela... Esta pálida como se ja estivesse morta a um tempo, isso indica que ele a trouxe morta ate o local,mas observem aqui! - me levantei e apontei para um marca no chao, não muito longe de onde o corpo estava. — Esse lugar esta sempre com pessoas, ele entrou com o corpo pela janela que da a saida de incêndio, isso quer dizer que ele é bem forte, deitou ela aqui onde a decapitou, estao vendo essa marca, foi da lâmina que usou para arrancar sua cabeça!
Eles estavam surpresos com a riquesa nos detalhes que eu dei, mas para mim tudo estava tão óbvio, que o fato de não terem notado me deixava entristecido.
— Mas tem algo que nao entendo, ela esta completamente sem nenhuma gota de sangue...
— Se sua cabeça foi cortada aqui nao deveria esta completo de sangue? - Julis me interrompeu.
— De fato isso é intrigante, onde estao os outros corpos?
— Alison ira lhe acompanhar ate o necrotério! - respondeu Julis.
— Não há necessidade, posso ir sozinho!
— Não se preocupe eu tenho um carro normal! -respondeu o rapaz com um sorriso. — Não gosto de viaturas.
Cogitei a hipotese de sorrir, mas apenas o olhei incomodado.
— Bem se esse é o caso, aceito a carona! - respondi de bom grado andando ate a rua.
O homem veio logo atras de mim, ultrapassando-me e indo ate seu carro que estava estacionado do outro lado dos rua, entrei em seu carro em silencio e assim permaneci pelo resto da viajem.
*
Ao chegarmos no necrotério avistei o legista ja começando uma autopsia em provavelmente uma das vitimas pois não havia cabeça.
— É uma das vitimas? - indaguei vendo o homem pular quase subindo para cima da maca ao me ouvir.
— Por Deus Edgar, quer me matar de susto! - disse o homem tentando se acalmar. — Sabe que estou distraído trabalhando, não deve chegar a passos leves em um necrotério e assutar alguem assim!
— Sinto senhor Lúcio! - falei não dando muita importancia. — Então essa é uma das vítimas. - voltei minha atenção ao corpo que estava na minha frente.
Uma mulher de seus vinte anos, pele pálida e sem sequer uma gota de sangue, observando atentamente encontrei uma marca em seu braço.
— Drogas? - indaguei-me em voz alta o que fez os dois homens se olharem curiosos.
— Não pude fazer exames simples pois... O corpo esta sem nenhuma gota de sanguem! - Respondeu Lúcio.
— Sim, eu cheguei a essa conclusão, de qualquer forma, preciso ver se todas tem essa marca. - Falei indo ate as gavetas do necrotério e abrindo uma a uma das que estavam "individo sem nome".
Observando o braço de outra mulher percebi que havia a mesma marca, e em outra estava mais roxo apoei meu polegar em cima e entao adentrei em seu hematoma com uma agulha retirando menos de cinco mg de sangue, Lucio me olhou surpreso.
— Como? - Ele perguntou.
— Ela deve ter se debatito estourando a veia, então causando o hematoma, mas Henmatomas são nada menos que sangue coagulado, preciso que faça o possivel para um toxicológico, quero provar ao Detetive Julis que elas não sao viciadas e sim que o assasino fez essas marcas!
— Você acha que ele as furou? - Perguntou o garoto aprendiz do Julis, fazendo eu notar novamente sua presença.
— Aprenda o quanto antes garoto, eu não "acho" nada, tenho absoluta certeza dos fatos. - Falei voltando a ele.
Sai caminhando em direção a saida sem dar tempo de resposta fúteis.
— Senhor Edgar... - O garoto falou vindo atras de mim. — Onde esta indo?
— Estou indo para minha casa, ja terminei por enquanto! - Respondi saindo pela porta do necrotério e deixando um auxiliar de detetive confuso.
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O Mistério Do Vermelho Fogo
Mystery / ThrillerEdgar é um ajudante polícial, que entra numa investigação muito macabra e misteriosa, onde mulheres são sequestradas e mortas, elas sao encontradas sem nenhuma gota de sangue e sem suas cabeças. Ao decorrer desse mistério vamos descobrir o quão efi...