Capítulo Único

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O barulho metálico do registro da torneira do seu banheiro se abrindo foi a primeira coisa que escutou no dia, ela veio acompanhada do som de água corrente. James se olhou no espelho antes de lavar o rosto, não sabia muito bem como estava porque não usava seus óculos, mas imaginou que estava com a cara amassada e inchada - como acontecia com qualquer pessoa ao acordar. Secou o rosto e voltou a colocar os óculos. Pegou a escova e pasta de dente, e pouco antes de voltar a ligar a torneira ouviu o som das cobertas no seu quarto, como se alguém se levanta-se do colchão.

Que desastre. Foi tudo o que conseguiu pensar. A algumas semanas as coisas andavam assim, mais precisamente as coisas começaram a desandar quando saiu de Hogwarts. Ele conseguiu convencer os pais a deixa-lo morar em uma das propriedades da família Potter, a sua preferida Taigh Peverell - o nome era em Gaélico Escocês, mas o significado era bem ridículo: Casa Peverell, ou qualquer sinônimo, era versátil.

Uma casa grande e antiga, feita inteiramente de troncos de arvore. O lugar era bonito, mais afastado do vilarejo e perto de um bosque que passou a fazer parte da propriedade. Também era estratégico, assim poderiam levar Lupin até lá para ter suas transformações e leva-lo de volta a casa rapidamente na manhã seguinte. Uma boa vantagem em morar sem os pais e ter a Taigh Peverell em seu nome é que os Marotos vieram morar com ele. Pouco tempo mais tarde -praticamente duas semanas -, quando Lily dormia mais lá do que na casa dos pais, ela se mudou para a Taigh Peverell também.

Ele se lembrava daquele dia com perfeição:

- Mamãe! - Lily exclamou no meio do abraço.- Mãe, se acalme!

- Minhas duas filhas indo embora de uma só vez! Isso não é coisa que se faça! - A sra. Evans abraçava a filha ainda mais forte com lagrimas nos olhos.

James tentava não se ofender com aquele discurso, mas tinha a ligeira sensação de ser o culpado. De certa forma, ele era. Lily estava indo embora, basicamente, por causa dele. Ela iria morar na Taigh Peverell porque era a casa dele, do namorado dela.

- Vou vir te visitar, agora pare de chorar. - Lily dizia ainda consolando a mãe.

- Não é a mesma coisa. - Reclamou.

- Claro, já é mais do que quando eu só vinha passar as férias da escola. - A sra. Evans finalmente a soltou.- Eu volto para irmos juntas ao casamento.

Não conseguia se livrar do pensamento de que eles estavam indo rápido demais, ao mesmo tempo estava ansioso para esperar e Lily parecia assim também. Era muito estranho acordar todo dia e saber que não a veria na mesa do café da manhã, ou pior, que só a veria dali alguns dias. Para eles se tornou comum se verem todos os dias, muitas horas por dia.

- Não se atrase! - Advertiu a sra. Evans.

Eles não demoraram para chegar na Taigh Peverell onde Lily foi recebida com alegria por todos, até mesmo Peter que não tinha muito se empolgado com a ideia de Lily morar lá. James se lembrava de ter liberado espaço no seu quarto para as coisas da namorada, mas a verdade é que nem eles tinham organizado tudo no lugar ainda. Mesmo que a magia facilitasse, sempre aparecia algo que os distraia. Não demorou para que essa mesma distração parecesse atingir Lily que sempre foi muito organizada.

A ruiva não tinha se importado em desfazer as malas no dia que chegou, perdeu algumas horas conversando com ele e os outros Marotos, quando olhou o relógio estava na hora de se arrumar para o casamento da irmã. Ela subiu cedo para se arrumar, James subiu quando ela tinha liberado o banheiro - ou seja, meia hora antes da cerimonia. Acabaram não conseguindo ir para a igreja junto com a mãe de Lily, pois ela precisava ir mais cedo - foi onde tudo foi de mal a pior.

Os sogros não ficaram muito satisfeitos com os dois aquele dia, e tentavam disfarçar ao falar com Lily. Mas o sr. Evans parecia ter uma ideia bem formada - e poluída - do que tinha acontecido para que o atraso acontecesse. Para a infelicidade de James, nada do que o sogro imaginou tinha acontecido nem naquela tarde, nem naquela noite, ou nos dias seguintes, pois Lily não estava muito contente com ele. O casamento de Petúnia tinha sido um desastre, ele jurou reparar o erro do jantar que aconteceu no natal, mas foi impossível.

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