Prólogo

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Forks, Washington.

ㅤㅤ Ela nunca se considerara parte de um conto de fadas que prometesse o "para sempre"; sempre tivera plena consciência dessa realidade. Desde os primeiros anos de sua vida, fora envolta em amor e carinho, vindos de seus tios, de sua mãe, de seu irmão, de amigos, e até mesmo de desconhecidos. Contudo, havia uma figura que lhe privara, a ela e ao irmão, desse afeto: seu pai. Ele conhecera sua mãe em uma época sombria, quando a escravidão ainda lançava sua sombra nefasta sobre o mundo e as mulheres mal possuíam voz em uma sociedade impregnada por valores machistas e patriarcais. Embora, é claro, tais realidades tivessem se transformado consideravelmente desde então, o impacto dessa época não fora esquecido.

Ela lembrava-se com nitidez de sua infância e juventude, ainda que muitos anos houvessem transcorrido desde então. Embora tivesse crescido, seu corpo permanecia preso à aparência de uma jovem entre dezenove e vinte anos, o que a fazia parecer ainda mais jovem do que realmente era. Agora, tanto ela quanto seu irmão estavam prestes a recomeçar mais uma vez, com o peso do passado nas sombras, mas a esperança renovada diante do futuro incerto.

Por toda a sua existência, ela conhecera apenas o amor de seus tios e de sua mãe. Seus tios haviam sido, para todos os efeitos, como pais para ela, ainda que Niklaus, seu progenitor, jamais pudesse ser substituído. Ele, no entanto, nunca lhe oferecera o amor que tanto ansiava. Ao longo de sua imortalidade, recusara-se a dispensar-lhe qualquer tipo de atenção que não fosse fruto de seus próprios interesses ou barganhas. Assim, Morgana, sua mãe, tornara-se ao mesmo tempo pai e mãe. Ela sempre estivera presente, mesmo que seu trabalho frequente a mantivesse distante de casa por longos períodos.

Agora, mais uma vez, estavam recomeçando, longe do amor da vida de sua mãe, aquele que a rejeitara ao descobrir que seria pai. Ele, talvez, nunca tivesse desejado de fato a paternidade, ou, quem sabe, até os dias de hoje, não aceitasse plenamente a ideia de ter filhos. Essa ausência, embora dolorosa, não apagava a gratidão que sentia por Morgana, que, apesar das adversidades, jamais se ausentara por completo.

Na Península Olímpica, localizada no noroeste do estado de Washington, repousa uma cidadezinha chamada Forks, quase sempre coberta por nuvens densas. Nesse cenário modesto, a chuva é uma constante, mais frequente ali do que em qualquer outro lugar do país. Foi para esse canto esquecido do mundo que ela se dirigiu há quase cem anos, movida por um simples desejo de experimentar o cotidiano daquela cidade. Contudo, retornar a Forks, embora em aparência fosse a mesma, revelava-se uma experiência estranhamente distinta. As pessoas que um dia conhecera já repousavam sob a terra, eternizadas em suas lápides, e agora, provavelmente, seus netos e bisnetos povoavam a cidade.

Estavam a caminho de Forks mais uma vez, numa jornada de quatorze horas a partir de San Francisco, onde haviam residido nos últimos três a cinco anos. Ela jamais se preocupara com datas exatas. Henrik, seu companheiro de tantas eras, dormia em seu colo, como era de costume. A ligação entre os dois transcendera os limites do comum; ele era sua âncora, o ponto de estabilidade em meio às tribulações que enfrentavam. Henrik havia completado sua transição há séculos, embora tal mudança não fosse estritamente necessária, já que ambos haviam herdado uma forma peculiar de imortalidade de sua mãe. Esta, por ironia do destino, presenteou-os com essa eternidade antes mesmo de atingir seus duzentos anos, quando os trouxe ao mundo.

INCURABLE SCARS, Jacob BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora