capítulo único

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Maiara Carla POV's

14 de outubro de 2021.

{Toda vez que eu te vejo e você me fala "oi"

Na cabeça do meu coração, você fala bem mais

E o beijo no rosto que eu sei que vem depois

Se fosse um tantinho mais pra direita, seria bom demais}

Já se passava das seis quando Maraísa e eu ligamos para Marília pela terceira vez, estávamos atrasadas para a live de lançamento do nosso próximo álbum. Ela estava atrasada para variar. Eu estava quase descendo do carro e indo puxa-la pelos cabelos, fizemos o favor de ir buscá-la para que ela não precisasse pedir um uber e ela ainda dá a mancada de demorar.

— Anda, sua corna! – falei quando ela atendeu.

— Espera, sua apressada! – ela rebateu.

— Já esperei demais. Os produtores não param de ligar perguntando onde estamos. – revirei os olhos, mesmo que ela não pudesse ver. – Vou mandar ligarem pra você na próxima, você que é culpada.

— Tá, eu já tô indo.

Ela desligou antes que eu pudesse falar alguma coisa.

— Isso ainda vai dar casamento. – Maraísa comentou bufando impaciente.

— Tomara. – respondi rápido sem perceber. Nos olhamos por alguns segundos antes de cair na risada.

Só Maraísa sabia do meu surto. Do meu segredo mais obscuro, mais secreto, mais perigoso e mais sigiloso. Eu era apaixonada por Marília Mendonça, e não, não como metade do Brasil é, eu era realmente muito apaixonada por ela. Do tipo de querer casar e construir uma família. De implicar porque era mais gostoso quando batemos de frente. De cuidar dela quando ela estava bêbada e não deixar ninguém chegar perto. De pegar o celular escondido e apagar todos os contatinhos dela. Calma, isso já é demais, eu não sou tóxica a esse ponto.

Aquela paixão era antiga, eu amava Marília desde que a vi pela primeira vez. Eu a amava e seria capaz de mover céus e terras, cada centímetros de cada coisa existente no planeta terra, caso ela quisesse. Era torturante amá-la, vê-la se apaixonar dia após dia por pessoas aleatórias que não mereciam o mínimo de afeto vindo dela, ela se entregava para pessoas que não sabiam o quanto ela era fantástica, e não faziam questão de se importar em descobrir. E eu odiava isso, odiava como ela enxergava qualquer pessoa menos eu.

Doía e queimava a forma como o meu coração batia por Marília Mendonça, eu morria aos pouquinhos com todo esse sentimento explodindo dentro de mim. Saber que eu a amava e ela não me correspondia era extremamente agonizante. Cada abraço que ela me dava, cada beijo na bochecha, cada "eu te amo" contava pra mim, era a melhor coisa que acontecia no meu dia, era maravilhoso sentir borboletas no estômago, era delicioso tremer quando ela me olhava com aqueles olhinhos castanhos e sorria para mim com aquele sorriso mágico que faltava pouco me infartar. Eu gostava de como aquilo me machucava, gostava de como eu me auto sabotava interpretando da forma errada, a que eu queria. Era como tomar ácido e gostar de como corroía meus órgãos.

— Satisfeitas? – ela entrou no banco de trás, batendo a porta com força.

— Claro que não. Poderia ter chegado pelo menos trinta minutos mais cedo. – murmurei implicando.

— Cala a boca Maiara! – me deu um soco fraco no ombro. – Oi pra vocês!

— Oi amiga. – Maraísa respondeu. Me fiz de desentendida e não a respondi. Ela segurou meu rosto me fazendo virar para olhá-la.

Ai que vontade - MAIARA E MARÍLIAOnde histórias criam vida. Descubra agora