*mini conto*
Lá estava ele, o escravo a trabalhar, somente observando a vista mas sendo acusado de olhar; de olhar Sinhá, com mulher de patrão não se pode brincar. Jurava por deus que não estava á olhar! Mas o patrão não se convencia, sabia que o maldito cara com voz do pelourinho estava a te sacanear. O escravo gritava "Pra quê me pôr no tronco? Pra quê me aleijar? Por que talhar meu corpo? Meus olhos vai furar?" ele jurava por jesus e até por deuses que já não podia pronunciar. "Estava olhando para as árvores, pra que olhar Sinhá?" Se ela se despiu ele estava lá longe onde nem conseguiria olhar; assim continuou o homem a implorar pra que sua vida o outro não escolhesse tirar. Suas preces foram ouvidas e disso tinha algo a se orgulhar; fecundou uma nova vida, um herdeiro de sarará, senhor patrão iludido pensando que de pele branca o filho nascerá, golpe invertido, agora senhor não poderá me calar. Não importa o que diga, pra sempre vou contar, história de meu pai, o cara que conseguiu enfeitiçar Sinhá.
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Contos baseados em músicas
KurzgeschichtenMinha visão da música Sinhá do Chico Buarque