O sono pesou as pálpebras do pilar principal da Agência de Detetives Armados, quase o fazendo tombar a cabeça no travesseiro e ceder de uma vez, mesmo estando rodeado por pacotinhos de doces e batatas fritas, enquanto na televisão passava um filme muito estranho sugerido por [Nome]. Ele mal prestava atenção, e nem ela jazia no quarto para assisti-lo, o que só o lembrou que a namorada fora preparar algum alimento gostoso que sossegasse o paladar das doces jujubas pertencentes ao detetive. Oras, que rude! Ranpo a faria compartilhar o que quer que fosse. Guloseimas noturnas nunca são demais, ainda mais preparadas por ela.
O quarto que dividiam encontrava-se numa penumbra satisfatória. A luz da televisão e da pequena luminária no canto da parede, deixava tudo mais aconchegante, mergulhado na atmosfera preguiçosa do fim de semana. Ranpo poderia muito bem dormir devido esse cenário, visto que não conseguia pregar os olhos na escuridão total. Um ponto positivo com a namorada foi exatamente esse, o compartilhamento da luminária que não permitia que o quarto ficasse no completo escuro, o objeto em forma de abelha fora comprado por [Nome]. Nenhum dos dois a fim de não conseguir ver um palmo a frente quando fossem dormir, especialmente ela.
Mais luz vinha do corredor, a porta do quarto estava aberta, a qual fitava de minuto em minuto à espera da moça trazendo a comida que não sabia o que era, porém já queria comê-la. Por um segundo, a lâmpada no teto deu uma piscada duvidosa, coisa que deixou passar despercebido.
— [Nome], vai ficar quanto tempo aí? – questionou, mastigando um doce grudento e estranhando o piscar incomum na tela da televisão. É apenas impressão ou a imagem falhou?
Quase pendeu a cabeça para o lado, dando de ombros. Não deve ser nada de muito importante.
— Calma, está pr...! – A voz da moça veio alta e calou-se no exato momento em que todas as luzes se apagaram, fazendo o apartamento imediatamente ser consumido pela escuridão. O coração de Ranpo acelerou um pouco, não pela repentina queda de energia, e sim pelo estrondo de vidro espatifando no chão, seguido de um grito aterrorizado.
Droga. Por que logo agora? Logo à noite.
Os olhos verdes arregalaram, e não pestanejou ao saltar da cama, batendo a mão na mesa de cabeceira atrás do celular de [Nome], pois lembrava que ela havia o colocado ali, e correr pelo corredor escuro na direção da cozinha. A luz fraca da tela do aparelho iluminava o caminho. Quanto mais os passos no assoalho o aproximavam da cozinha, mais a preocupação crescia no peito.
É um problema. Um problema realmente incômodo que, às vezes, não conseguia lidar muito bem. Claro que pelos anos de relacionamento, estava mais que acostumado com alguns medos da namorada. Contudo, lidar com aquilo sem dúvidas ainda o deixava meio avesso. Talvez por não saber muito bem o que fazer na situação.
Se Ranpo que era Ranpo possuía um pequeno problema em relação a escuridão, o de [Nome] era uma completa bola de neve.
Grunhidos e sons de vidro tilintando no chão o fez irromper de forma barulhenta na cozinha, arrancando um grito da mulher aterrorizada. A sorte é que havia uma pequena janela no recinto, que estava aberta e deixava feixes de luz da lua circular por ali.
— [Nome]! — Ao descartar o celular e pegar uma pequena lanterninha que ficava pendurada na porta - junto com um par de pantufas jogadas de qualquer jeito do lado de fora da cozinha - Edogawa iluminou o recinto, tendo a certeza de que ela se machucou feio.
A visão era de fato um pouco assustadora a quem olhasse de fora. Parecia a cena de um crime, e ela não ajudava estando praticamente encolhida aos pés da mesa, com os braços ao lado do rosto medroso. Havia cacos de vidro para todos os lados, pontiagudos e perigosos, além de uma trilha falha avermelhada, que seguia até os pés descalços da namorada encolhida, o que apenas a constatação dos ferimentos o deixou irritado. Odiava quando ela se machucava, ainda mais com ele por perto. O medo dela não era bobo, e algumas vezes trazia cicatrizes realmente sérias.
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Sob a mesa da cozinha
FanfictionRanpo não conseguia dormir na completa escuridão, e por isso agradecia o fato de a companheira sempre manter uma luminária acesa no quarto, mas ao contrário do pequeno problema que tinha com o escuro, o de [Nome] era uma verdadeira bola de neve. [Pr...