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Um garoto loiro com um olho coberto pela franja e de sobrancelhas enroladas preparava o almoço, enquanto fitava o relógio pendido na parede da cozinha. Logo seria 14:00 horas e Sanji imaginava que Zeff, seu tio, já estaria chegando da rodoviária acompanhado pelo seu amigo de infância, Roronoa Zoro.

Havia muito tempo que não via Zoro. A última vez foi aos seus 14 anos de idade, quando precisou deixar aquela cidadezinha bucólica com o seu tio para morar na capital. Nunca imaginou que o veria novamente, mas Zoro estudaria na universidade e como Zeff era amigo de sua família, os pais pediram para que o filho ficasse hospedado na sua casa até que achasse um apartamento.

Sanji deu mais uma olhada no relógio, já havia arrumado a mesa e a comida estava pronta. Contudo, pensou como seria a aparência do Zoro de agora e se ele se lembraria da amizade que tiveram, o garoto costumava lamber suas feridas quando se machucava. Riu por se lembrar que era bem chorão no passado, parecia que Zoro também veria outro Sanji diante de seus olhos.

Foi uma surpresa ver o Zoro de agora. Era um rapaz forte com três brincos de ouro na orelha esquerda, o que dava um aspecto despojado, mas Sanji se surpreendeu mesmo foi com o cabelo tingido de verde. Não esperava por isso. Antes de almoçarem, Zeff pediu para que levasse Zoro até o quarto que ficaria alojado, subiram as escadas num silêncio. Sanji o ajudava a carregar as malas e percebeu que Zoro não parava de observar ao seu redor, antes do loiro abrir a porta do quarto, ele comentara que o assoalho era bonito. Sanji estreitou os olhos com esse elogio, mas imaginou que devia ser grandes coisas para ele.

Ao entrarem no quarto, colocaram as malas num canto e Zoro foi para o centro com as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta, observou tudo ao redor e depois foi até a sacada.

— Meu quarto é ao lado, qualquer coisa pode me chamar. - Sanji comentou e Zoro saiu da sacada, um pouco intrigado por ouvir sua voz dizendo uma frase mais extensa.

— Senhor Zeff me disse que você cozinha.

— Ah! Sim! - Coçou a cabeça sem graça. - O almoço de agora fui eu que fiz.

— Pelo visto realizou seu sonho. - Disse e o loiro enrugou o cenho, confuso. - Ele me disse que vai fazer gastronomia na universidade que farei parte.

Sanji piscou os olhos várias vezes por saber que Zoro ainda se lembrava de seu sonho.

— Sim, começarei junto com você. Fará educação física, certo?

— Senhor Zeff te disse?

— Claro! Afinal, você era o meu melhor amigo! - As mãos alvas foram para o quadril. - É natural que ele me dissesse.

Zoro abriu um sorriso com o que ouviu. - Que bom que se lembra!

Nesse momento, Sanji tivera a sensação de que se dariam muito bem. Percebeu que sentia falta desse sorriso mais do que esperava.

Os dias foram passando e os dois não se falavam muito, até porque Zoro ficava dormindo boa parte do dia. De princípio, isso assustou Sanji e Zeff, pois pensaram que o garoto podia estar sentindo saudades de casa e se isso poderia se tornar numa depressão, mas logo se acostumaram e entenderam que era o seu jeito.

Sanji estava na sacada de seu quarto fumando, quando Zoro apareceu na sacada ao lado.

— Sobrancelha enrolada, será que pode me levar no calçadão?

Grunhiu ao ouvir o esverdeado lhe chamando com aquele apelido novamente. - Já te mostrei o caminho.

Zoro coçou a cabeça e suspirou, ele não se lembrava do caminho, ainda que Sanji já tivesse o levado três vezes até a praia. Teve uma ideia.

Amigo do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora