4 - No momento, só você.

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WonWoo p.o.v

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Eu não estava tão bêbado quanto parecia que não poderia sentar no banco do passageiro ou passar o cinto sozinho, no entanto perceber o cuidado e olhar do Hong sobre mim, me impediram de contrariá-lo.

Por um instante curto, eu disse para mim mesmo que o deixaria me ajudar porque seria a única atenção que receberia dele naquela (ou em qualquer outra) noite.

Mesmo que eu não fizesse ideia do porquê ele deixou SeokMin para vir me ajudar; ou como ele soube que eu estava indo para casa; por que disse que era meu amigo ou como sabia onde eu morava, eu permiti.

Permiti que ele desse a volta, entrasse no meu carro e desse partida nele, levando-me para onde quer que fosse.

Fosse para minha casa ou não.

Embora eu soubesse que ele jamais se aproveitaria de mim (ou de qualquer outra pessoa) naquelas condições.

Eram muitas perguntas e poucas respostas rondando a minha mente. Mas naquele momento, eu não queria forçar a minha cabeça a funcionar para tentar respondê-las e muito menos queria iniciar uma conversa com ele.

Tudo o que eu queria era chegar em casa logo.

Joshua, no entanto, não parecia pensar do mesmo modo que eu.

- Por que você bebeu tanto assim, em, WonWoo? Alguém poderia muito bem ter se aproveitado do seu estado e te machucado. Ainda bem que eu não sou de beber e estava de olho em você todo o tempo.

De olho em mim? Por quê?

Eu escorei a cabeça no vidro e fiquei a olhar para fora. Era mais uma pergunta que ficaria sem resposta.

- Mas ninguém fez. E o MinGyu estava comigo. Ele não bebeu.

- Ele não bebeu porque achou que ia te levar para casa. Você o conhece o suficiente para confiar nele?

- Não. Mas se formos ver, eu também mal conheço você, Joshua, e ainda assim eu estou aqui com você. Permitindo que me leve para casa.

Ele se calou por um segundo e eu pensei que talvez pudesse ter sido muito rude com ele. Embora não tenha mentido.

E, pela primeira vez, desde que pusera os olhos nele, eu me perguntava o que eu sabia a respeito dele.

- Seus amigos me conhecem. Não é como se eu fosse me aproveitar de você.

- Eu sei disso.

E sabia mesmo.

Como?

Eu sentia.

Joshua estava sempre rindo com os amigos. Ajudando-os. Cuidando deles. Ouvindo as besteiras que eles falavam e sempre aconselhando quando necessário.

Além de que, sua voz raramente se alterava e ele quase nunca se exaltava com ninguém.

Pessoas assim eram tesouros para quem estava ao lado e era muito difícil imaginá-las fazendo algo que prejudicaria as demais.

Porém, contrariando meus pensamentos acerca dele, Joshua voltou a falar um pouco mais alto que o usual comigo.

- E então? E se eu não tivesse aparecido? Deixaria ele te levar para casa? Droga, WonWoo! Você bebeu demais que eu vi e não seria difícil para ele te convencer. Você teria conseguido dizer "não" a ele se fosse necessário? Você seria forte o suficiente para resistir aos encantos dele? Você não poderia dirigir! Como chegaria em casa sem ajuda, droga!

- Por que você está tão exaltado comigo? Você não é assim, Joshua! Ou você está falando comigo assim simplesmente porque não pôde continuar na festa?

- Não tem nada a ver. Eu vim até você porque quis. Eu só... só... aish! Eu não sei, WonWoo! Ver você assim, nesse estado, com ele, me deixou...

- Preocupado comigo, Hong?

Eu ri sem vontade.

- Não deveria! Você não estava acompanhado? Você não tinha alguém para cuidar?

Dizer aquilo doeu. Mas era uma constatação óbvia. SeokMin não deveria ter gostado nada, nada de vê-lo sair, deixando-o lá, para unicamente me levar para casa porque eu havia bebido umas a mais do que o normal.

Não era a primeira vez que isso acontecia, mas também não acontecia sempre. E as únicas vezes em que aconteceu, JeongHan estava lá comigo. Para me ajudar e me cuidar.

Sorte que eu olhava pela janela, então ele perdeu de ver meu olhar triste.

Ouvi-o suspirar.

- No momento, só você.

Falou naquele tom suave, baixo, quase rouco. Era demais para mim aquilo.

Por que ele faz tudo isso? Céus, ele não vê o quanto isso me machuca?

- Pare com isso!

Eu fechei meus olhos indignado, quase revoltado, e ficando ainda mais triste.

Meus sentimentos por ele ficavam cada vez mais difíceis de esconder. Ainda mais quando ele estava sendo todo atencioso comigo. Falando daquele modo todo calmo.

Tão diferente do começo.

E a bebida subindo à minha cabeça só piorava aquilo. Assim como estar sozinho com ele em um lugar fechado e apertado.

O perfume dele me envolvia por inteiro, embriagando-me mais do que as bebidas que tomei.

Joshua não podia, ele não tinha o direito de ser gentil comigo. Não naquele meu estado.

Já era ruim quando eu estava sóbrio, mas com meus sentidos alterados era pior ainda.

- Com o que?

Ele se fez de desentendido e eu senti o carro parando, logo em seguida o motor ser desligado.

Eu abri os olhos e virei o rosto na direção dele, sério, porém sentindo-me um pouco machucado.

Você se faz de inocente e tapado? Por quê?

- Não precisa ser gentil quando você sequer se importa comigo ou com o que eu sinto.

Soltei aquilo rápido demais. Eu não deveria. Porém já tinha dito.

- O que quer dizer? É claro que eu me importo.

- Não! Você não se importa! Não vou cair nessa. Eu estou bêbado, mas não fiquei idiota, Joshua! Ainda não, pelo menos.

- Do que você está falando?

- De você. De mim. Disso. Do que eu sinto por você.

Arregalei os olhos alarmado.

Eu disse isso mesmo?

- E o que você sente por mim?

Ele perguntou sem se alterar ou demonstrar qualquer efeito que eu tenha causado nele.

Irritado por aquela atitude dele, eu engoli em seco, soltei meu cinto e inclinei o corpo na direção dele, dando uma olhada nada disfarçada ou rápida nos lábios dele, enquanto umedecia os meus, e num ímpeto de coragem, desviando o olhar para encontrar com o dele, disse.

- No momento? Vontade de beijar você.




Atitude ↬ WonShuaOnde histórias criam vida. Descubra agora