i'm a sucker for a liar in a red dress

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Tom observava a mansão Beauffort, parado à frente do portão, enquanto pensava se deveria seguir esse ímpeto ou apenas esquecer e seguir em frente.

Obviamente, como se tratava de Clair, ele foi em frente e tocou a campainha.

O bartender se surpreendeu quando o porteiro confirmou que ele poderia entrar. Realmente não esperava que Clair quisesse vê-lo, não depois de tudo o que havia acontecido.

Não quando ele havia literalmente acabado de ser liberado da prisão, sem nem ter tomado um banho ou trocado de roupas.

Quando a encontrou, não pôde deixar de notar como ela ainda parecia a mesma de seus bons tempos, mesmo que cinco anos houvessem se passado. Os longos cabelos loiros ainda desciam em cascata por suas costas, reluzindo à luz do enorme lustre da entrada da mansão, e ela ainda tinha o costume irritante de usar roupas que destacassem seu corpo de maneira estonteante.

Era difícil estar bravo com ela desse jeito.

Depois de anos remoendo os acontecimentos daquela fatídica manhã, Tom chegou à conclusão de que deveria estar furioso com a mulher. E, por um tempo, realmente ficou. Mas tanto tempo longe dela o desacostumara ao quão inebriante sua mera presença física poderia ser.

- Clair... – ele murmurou, a barba mal feita e o cabelo desalinhado destoando da organização impecável do ambiente.

- Oh, docinho, bom vê-lo! – Clair respondeu, abrindo um sorriso. – Fiquei sabendo do que houve... Ninguém sente mais pelo que aconteceu do que eu, te garanto.

- Então por que não me ajudou a sair de lá? – a injustiça da situação o acometeu novamente, espantando momentaneamente o cheiro dela de seus pensamentos. – Te esperei por todos esses cinco anos, Clair! Mas nada! Não foi nem ao menos me visitar, enquanto pensei em você por todo esse tempo.

Ao contrário de tudo o que ele esperava que ela fizesse após ouvir as palavras que ficaram por tanto tempo entaladas em sua garganta, ela riu. E ele definitivamente não deveria ter apreciado o som de sua gargalhada melodiosa.

- Querido... – a mulher começou, se aproximando dele. – Quando disse que sinto algo por você ter ficado naquela espelunca por tanto tempo, não disse que era pena – seus dedos longos apertaram as bochechas de Tom, as unhas enormes e bem pintadas fazendo pressão em sua pele. – Afinal, por que eu iria ter pena de algo que eu executei e tão brilhantemente? O que sinto é orgulho.

O mundo dele parou. Todos aqueles anos e ele pensara que ela iria se desculpar, ou ao menos dizer que não tinha nada que pudesse fazer... Ele não esperava que fosse ela a responsável por colocá-lo atrás das grades. E aquilo o quebrou.

- Você... – Tom estava tão atordoado que nem sabia o que dizer, o que fez Clair rir.

- Você realmente esperou que eu fosse me desculpar, Tomzinho? – a loira o soltou, se afastando um pouco, o sorriso ainda brincando em seus lábios. – Não achei que fosse tão ingênuo assim! Não me conhece?

O bartender ficou sem reação, apenas a encarou com um olhar morto. As cores haviam se desvanecido de seu mundo, e um abismo se abriu no lugar onde deveria estar seu coração. Ele nunca achou que se sentiria pior do que no dia em que fora preso, mas ali estava Clair, sempre se superando, mesmo que fosse em fazê-lo sofrer. Ao ver isso, a mulher apenas riu novamente.

- Mas eu estava aguardando a sua volta, querido – ela passou as costas da mão pela bochecha dele, e Tom se viu inclinando na direção dela, pedindo por mais, mesmo que contra sua vontade. – Afinal, o que é meu sempre volta para mim.

E ele aceitou. Afinal, ele era Tom e ela era Clair, o escravizando com seus jogos.

E ele era um otário, se atraindo por uma mulher em um vestido vermelho.

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