O livro foi esquecido na melhor parte, jogado em meio as folhas secas.
No chão ele se mistura, sente-se tão dispensável quanto a celulose, tão fraco quanto um sol da noite. E tudo por que? Ninguém sabe.
"Não sou de interessante leitura?" Ele pensa. "Mas... as minhas histórias são as mais abomináveis de todas! Olhe! Vejam! Eu fui escrito com letras sangrentas que ainda sangram".
Não, ninguém irá folhear os seus cabelos, tampouco acompanhar suas entrelinhas.
Está tudo bem, o livro continua entre as folhas e logo se mistura ao ambiente; ao todo. Se entende, se conhece e se aceita, porque dali veio e para lá voltará. Sempre sozinho porque dizem que foi assim que nasceu.
Onde estará o escritor?
Todo livro nasce intocado, em branco, desconhecido. Aos poucos é rabiscado, amassado, apagado e reescrito. Pisoteado, beijado, amado e também vilipendiado, a forma de tratamento só depende da sensibilidade de quem o lê.
E lendo a si mesmo, o livro chora; chora porque reconhece a beleza de todas as suas páginas. Talvez ele nunca consiga compartilhar as emoções com nenhum ávido leitor, mas jamais perderá a esperança de ser reconhecido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livro esquecido
PoetryQuando abrimos a primeira página, esperamos um mundo diferente, talvez mágico, ímpar. Mas e quando encontramos nossos próprios monstros rebuscados em doces palavras? Talvez o livro jamais seja esquecido, mas pode ser que seja e deveria estar tudo b...